Palácio Chiado. Um cenário real para ir beber um copo e comer qualquer coisa

Palácio Chiado. Um cenário real para ir beber um copo e comer qualquer coisa


O novo Palácio Chiado ocupa o antigo Palácio Quintela, um espaço onde os frescos na parede servem agora de cenário de fundo para sete distintos espaços gastronómicos, e que promete ser o novo ponto de encontro de Lisboa


Não é todos os dias – nem toda a gente – que se decide investir num palácio no centro de Lisboa. Mas a ideia, peregrina para alguns, fez sentido para António e Gustavo Paulo Duarte e Duarte Cardoso Pinto. Foi este último que desafiou os dois irmãos, e seus amigos, a aventurarem-se em áreas distintas daquelas que tinham sido sempre as suas profissões – António e Gustavo trabalharam sempre na empresa da família, a Paulo Duarte Transportes, uma das maiores da área, tendo recentemente tido a primeira aventura fora desta área, com o restaurante Charcutaria; já Duarte era diretor de arte da Partners.

Com vontade de conhecerem outros universos empresariais, não resistiram ao apelo da movida que o aumento turístico tem trazido a Lisboa. O que nunca imaginaram é que seriam necessários dois anos entre o momento em que encontraram o espaço certo e definiram o seu projeto, o licenciamento, as obras e, finalmente, a abertura de portas. Mas assim foi. “Arrendámos este palácio inicialmente ainda sem termos a ideia bem definida do que queríamos fazer, mas com a vontade de darmos este espaço a conhecer às pessoas que vivem em Lisboa e também às que nos visitam”, explicam. Depressa concluíram que “uma das coisas que as pessoas mais gostam de fazer é de se juntarem enquanto bebem um copo e comem qualquer coisa”. Estava definido o que seria a nova vida de um palácio que foi mandado erigir pelo barão Luís Rebelo de Quintela, passando, décadas mais tarde, para as mãos de um descendente do Marquês de Pombal, e pertencendo à família ainda hoje – apesar de, nos últimos anos, ter servido como uma das casas do IADE.

A longa história deste Palácio Quintela – e agora Palácio Chiado – foi, de resto, o que determinou que, só para o processo de licenciamento, fosse necessário um ano e meio, e cumprir com “uma série de exigências por parte da Direção Geral do Património Cultural” para que nada fosse comprometido na estrutura e na herança artística do edifício. Ultrapassadas estas formalidades, foram ainda necessários seis meses de obras, que incluíram um extenso trabalho de restauro, realizado por uma equipa de cerca de 35 pessoas lideradas por Elvira Barbosa.

Depois destes longos dois anos, e mais cerca de duas semanas no chamado sistema de soft opening, este Palácio Chiado está finalmente pronto para se assumir como “um espaço de restauração, entretenimento e cultura, que no rés-do-chão tem uma área mais de self service e no primeiro ano funciona mais como restaurante”.

Assim, logo à entrada há um bar e uma espécie de gigantesca sala de estar que permite espreitar, ao fundo, para uma cozinha. Aqui era, de resto, a cozinha do palácio original, agora transformada numa espécie de micro food court, com quatro propostas gastronómicas “mais rápidas”. Subindo ao primeiro andar, através da faustosa escadaria e com vista para o brasão do barão de Quintela – não vá esquecermo-nos que estamos mesmo num palácio – descobre-se uma outra respiração para este projeto: três espaços de restauração – a Espumantaria do Mar by Espumantaria do Cais, o Delisbon by Charcutaria Lisboa e o Sushic Chiado by Sushic – convivem aqui como se de três espaços de restauração se tratassem.

No total são cerca de 1200 m2, onde passado e presente convivem como se nunca outra coisa tivesse feito ali sentido. Para os três sócios, o peso dos dois anos que foram necessários para levantar este projeto estão já para trás. Agora, a vida é toda para diante: “Arrendámos este palácio por 20 anos e fizemos um investimento que é totalmente privado, por isso não estamos aqui para sermos uma moda, mas um espaço onde as pessoas querem vir porque se sentem confortáveis e que, por isso, possa fazer parte da cidade a longo prazo.”