EDP. Salários de administradores causam mau estar a sindicatos

EDP. Salários de administradores causam mau estar a sindicatos


Sindicato está a negociar desde janeiro aumentos salariais, a última proposta está nos 2,5% mas empresa continua a não ser aceitar.


Continua o braço-de-ferro entra e a administração da EDP e os vários sindicatos em relação aos aumentos salariais para este ano. A Fiequimetal propôs inicialmente uma subida de 4%, mas perante as recusas da elétrica baixou para 2,5%. No entanto, a empresa propõe 0,75%.

As negociações arrastam-se desde 26 de janeiro e os encontros têm sido semanais. O próximo está agendado para segunda-feira, mas o dirigente do sindicato, contactado pelo i, afasta para já a hipótese de chegar a acordo. “Muito dificilmente será possível a EDP aceitar o aumento salarial de 2,5% que estamos a pedir”, refere Joaquim Gervásio, membro do Secretariado da Direção Nacional da Fiequimetal.

Uma situação que está a provocar algum desconforto junto do sindicato depois de ter sido revelado que o presidente executivo (CEO) da EDP, António Mexia, ganhou 2,1 milhões de euros de salário em 2015, cerca de um milhão de euros a mais em relação aos 1,1 milhões de euros auferidos no ano anterior e que dá uma média de quase seis mil euros por dia.

O montante que o CEO da EDP recebeu em 2015 engloba remunerações fixas relativas a este ano e também variáveis e bónus de 2012 a 2014. Como remuneração fixa, o presidente da EDP recebeu 786 931 euros, ou seja, 2156 euros por dia.

Mas as criticas do dirigente sindical não ficam por aqui. Joaquim Gervásio lembra também que, no ano passado, o conselho de administração executivo da EDP recebeu 10 milhões de euros, contra 6,29 milhões em 2014, um aumento de 59%. A somar a este valor é preciso ainda contar com mais 1,67 milhões de euros que foram pagos ao Conselho Geral e de Supervisão.

Todos estes valores fazem, no entender do dirigente, “cair por terra” os argumentos que têm sido usados pela empresa para não aceitar os aumentos salariais propostos pelos sindicatos. Uma das justificações que têm sido dadas diz respeito à quebra de resultados de 12% em 2015 para 913 milhões de euros. “Os lucros continuam a ser elevados e além disso se há dinheiro para pagar prémios aos administradores também tem de existir dinheiro para regularizar a tabela salarial dos colaboradores”, acrescentando ainda que “não faz sentido a empresa ter trabalhadores especializados a receber pouco mais do que o ordenado mínimo”.

 “Nos últimos cinco anos, os resultados líquidos ultrapassaram a fasquia dos mil milhões de euros por ano, obtidos à custa dos trabalhadores, cujo número é cada vez mais reduzido, à custa da condenável externalização e concentração de serviços, com a consequente deterioração dos mesmos, e da tarifa elétrica, que sobrecarrega os consumidores”, acrescenta.