Morreu o antigo jogador do Benfica Jaime Graça


 


 

O ex-futebolista português Jaime Graça faleceu hoje, vítima de doença prolongada, no Hospital dos Lusíadas, em Lisboa, revelou à Agência Lusa fonte próxima da família.

Antigo futebolista do Benfica e Vitória de Setúbal, Jaime Graça, internado há cerca de uma semana, vestiu por 36 vezes a camisola da seleção, entre 1965 e 1972.

Pelo Benfica, Jaime Graça conquistou sete títulos nacionais e cinco taças de Portugal.

Em 1986, foi um dos adjuntos de José Torres, também já falecido, no Mundial do México de 1986.

 

Jaime Graça, o "magriço" que marcou numa final dos Campeões

 

Médio do Benfica, pelo qual marcou um golo na final da Taça dos Campeões de 1967/68, e do Vitória do Setúbal, Jaime Graça foi um dos “magriços” que conquistou o terceiro lugar no Mundial de futebol de 1966.

Jaime da Silva Graça nasceu a 10 de janeiro de 1942, em Setúbal, iniciando-se nos pontapés na bola nos juniores do Palmelense, clube pelo qual se sagrou campeão distrital de Setúbal, com 17 anos.

Transferiu-se, depois, mais precisamente em 1959/60, para o Vitória de Setúbal, já depois de o seu irmão, 11 anos mais velho, Emídio Graça, conceituado médio do clube sadino, ter rumado a Espanha.

Os irmãos Graça chegaram a representar ambos o Vitória, e Jaime, em 1961/62, foi titular da equipa finalista na Taça de Portugal, que perdeu 3-0 para o Benfica, formação que iria representar quatro anos mais tarde.

Na década de 60, afirmou-se como um dos melhores futebolistas nacionais, chegando a internacional, tendo representado a seleção das “quinas” por 36 vezes.

Apenas com 23 anos, foi selecionado para aquela que ficou conhecida como a equipa dos “Magriços”, que em 1966 conquistou o terceiro lugar no Mundial de Inglaterra.

Foi no Mundial que teve a alegria de se tornar jogador do “Glorioso”, conquistando com o Benfica sete campeonatos nacionais (1966/67, 1967/68, 1968/69, 1970/71, 1971/72, 1972/73 e 1974/75) e a Taça de Portugal em três ocasiões (1968/69, 1969/70 e 1971/72).

Pelos “encarnados”, esteve também perto de conquistar uma Taça dos Campeões Europeus, mas, em Wembley, o Benfica acabou por perder por 4-1, após prolongamento, face ao Manchester United. Jaime Graça marcou, mas não chegou.

Ao serviço do clube da Luz, também viveu momentos dramáticos e terá salvo a vida a Eusébio, como contou numa recente entrevista ao jornal i.

Tudo aconteceu em dezembro de 1996, quando vários jogadores estavam em banhos e massagens e aconteceu um curto-circuito: “Fui eletricista em Setúbal durante alguns anos. Fui rápido e decidido. Desliguei o quadro”.

“Aqueles que estavam no fundo do tanque foram os que mais sofreram, como o Carmo Pais e o Malta da Silva”, disse, então, acrescentando: “O Eusébio também estava no tanque. Quando aconteceu, ele até ficou branco. Nem falava, tal era o susto”.

Nesse acidente, morreu Luciano, “um miúdo”, que “tinha vindo da província”: “A corrente passou e matou o Luciano. Foi uma desgraça. O Benfica parou, o país parou”.

Jaime Graça estreou-se pela equipa da Luz a 16 de agosto de 1966, num jogo frente aos ingleses do Tottenham, e não lhe foi difícil integrar a equipa titular dos “encarnados”, pois o treinador Fernando Riera contava com o sexteto mais ofensivo da seleção nacional.

Ao seu lado no Benfica estavam Coluna, José Augusto, Eusébio, José Torres e Simões, colegas na equipa nacional.

Jogou o seu último encontro com a camisola das “quinas” a 09 de julho de 1972, na final da Minicopa, organizada pelo Brasil, no âmbito do Sesquicentenário da Independência do país, na qual Portugal terminou em segundo.

No entanto, a sua ligação à seleção nacional não ficaria por ali, já que o amigo José Torres o chamou para seu adjunto como treinador na campanha para o Mundial do México, em 1986.

Quando deixou o Benfica, regressou ao Vitória de Setúbal, clube em que permaneceu por duas épocas 1975/1977, antes de rumar a São Miguel, nos Açores, para treinar, além de jogar, o CF Os Oliveirenses.

Entre outras equipas nacionais, Jaime Graça orientou ainda o Operário, onde lançou o antigo internacional português Pauleta, melhor marcador da história da seleção lusa, com 47 golos, contra 41 do “rei” Eusébio.

Nos últimos anos, Jaime Graça fazia parte da estrutura de formação do Benfica, clube que já manifestou o seu pesar, no seu site oficial, “por este momento de dor” enviando as condolências à família e amigos do antigo jogador.

O ex-futebolista português Jaime Graça faleceu hoje, vítima de doença prolongada, no Hospital dos Lusíadas, em Lisboa, revelou à Agência Lusa fonte próxima da família.