Paulo Rodrigues. “Os polícias não são robôs para fazerem de braço armado do governo”


Paulo Rodrigues é presidente da direcção nacional da ASP, o maior sindicato da polícia, com mais de 11 mil sócios. Aos 38 anos, este agente principal da PSP, natural do distrito de Bragança, divide a sua vida entre o sindicato e o trabalho no Corpo de Intervenção. Na entrevista ao i não esconde que a…


Paulo Rodrigues é presidente da direcção nacional da ASP, o maior sindicato da polícia, com mais de 11 mil sócios. Aos 38 anos, este agente principal da PSP, natural do distrito de Bragança, divide a sua vida entre o sindicato e o trabalho no Corpo de Intervenção. Na entrevista ao i não esconde que a crise o preocupa, mas acha que os polícias não podem ser uma espécie de braço armado da troika.

Como é q ue o Paulo Rodrigues chegou à polícia?

Após o 12.o ano tirei o curso de Administração Autárquica e fui colocado na Câmara de Torres Vedras. Cedo percebi que aquilo não era o meu trabalho. Não me revia naquela actividade excessivamente administrativa. Um primo meu concorreu a uma força de segurança o que me motivou a tentar ir para a polícia. Estranhamente não tinha a certeza que queria ser polícia. Se me tivessem perguntado dois anos antes se pensava ser polícia eu teria respondido “tudo menos isso”. Acabei por entrar. Disse a mim mesmo que se não gostasse me ia embora. Na escola prática aprendi a gostar disto e hoje não trocava a minha profissão por nenhuma outra.

E aderiu logo ao sindicato?

Quando saí da escola prática fui parar a uma esquadra e como estava habituado a ver os sindicatos na Câmara de Torres Vedras, em que as relações entre trabalhadores e chefias eram normais, cheguei à PSP e senti que tinha regredido uma série de anos. Uma pessoa para falar até com o guarda principal era uma coisa dos diabos. A hierarquia estava muito marcada e sobrepunha-se a quase tudo. As pessoas não podiam pensar, se o fizessem era quase tomado como uma afronta aos superiores. Lembro-me que na primeira reunião a que assisti na esquadra, minutos antes, o pessoal estava todo a criticar uma situação que existia, e eu pensei para mim: “A reunião vai ser conflituosa.” Nunca tinha assistido a nenhuma e era o mais novo dos presentes. Entretanto começa a reunião e o comandante falou meia hora e no final disse: “Meus senhores, alguém tem alguma coisa a dizer?” Eu olhava para todos lados, a pensar: “Agora é que vai ser.” Ninguém dizia nada e eu aventurei-me e disse: “Eu!” O homem olhou para mim e nem me respondeu. E eu sem perceber. O pessoal todo a dizer-me: “Estás lixado, não vais aguentar muito tempo.” Passadas duas horas o comandante manda-me chamar ao gabinete e diz-me: “Você ousa pedir para falar? Você a mim não me questiona!” E eu a medo, “mas foi o senhor que perguntou…” O homem olhou para mim e respondeu-me: “Mas isso é só um pró-forma.” E explicou-me: “Quando você quiser falar comigo pede-me, diz-me qual é a questão e eu decido se o mando chamar ou não. Mas nunca à frente das outras pessoas.” Passados oito dias, o homem chama-me e diz-me: “No outro dia fui um pouco ríspido consigo. Por um lado fiquei chateado, mas por outro fiquei satisfeito: os seus colegas são uma cambada, falam por trás e quando chega à altura de falar ninguém fala. Pelo menos você levantou o dedo.”

E como tomou conhecimento do sindicato?

Um delegado de uma associação foi ter comigo e disse-me: “Tu davas um bom delegado.” Curiosamente, era do SPP, na altura APP. Estávamos em 1999, a lei que permite os sindicatos na polícia data de 2002. Nesse dia houve um colega que me disse “cuidado que há várias associações”, e eu então disse, “espera aí, deixa–me pensar”. Quando me explicaram o que cada uma representava percebi que a ser associado tinha de ser da ASP, por todas as razões, juntamente por ter sido o grande impulsionador do sindicalismo na PSP. A partir do momento que fui delegado comecei a associar toda a gente na esquadra. As pessoas estavam habituadas a ver um delegado com muita idade e o facto de eu ser novo facilitou: os colegas reviam-se porque o pessoal que trabalhava na Amadora era todo muito jovem. E eu vivia lá nas camaratas, de modo que tinha muita facilidade de falar com as pessoas. Muitos não se tinham associado porque não sabiam, alguns julgavam que as associações ainda eram perseguidas. Tinham receio. Passado um tempo sou convidado pelo Alberto Torres para a direcção. E a partir daí dediquei-me a isso e cá estou.

Você é de Bragança. Quando aterra na Amadora o choque é muito grande?

Eu tive uma classificação que me permitia escolher o sítio para onde ir, só que grande parte do pessoal que eu conhecia de Bragança estava na Amadora. E a questão era económica. Se eu fosse para um sítio onde estava o pessoal de Bragança podíamos dividir transportes e ir mais vezes a casa.

O que se lhe deparou na Amadora?

Como lhe disse, aprendi a gostar da polícia na escola prática. E tinha uma ideia da polícia mais avançada do que realmente era na altura. Quando cheguei à Amadora foi um choque. A escola prática preparou-nos num contexto quase futurista. Ao desempenhar a profissão percebemos que aquilo não correspondia. Começamos logo por não ter condições mínimas de trabalho. Cheguei ao administrativo da esquadra e perguntei-lhe onde ia arrumar a minha farda e ele olhou-me surpreendido: “Estás em vigésimo oitavo para teres direito a um armário.” “Então e faço o quê? Onde é que vou uniformizar-me?”, digo-lhe eu. “Tens de te desenrascar”, termina ele a conversa. E era tudo assim. Fui despejado numa camarata em que estavam 80 pessoas juntas, um autêntico armazém em que as pessoas estão permanentemente a entrar e a sair por causa dos turnos, e não se conseguia descansar devidamente. Isto para não falar da hierarquia, que estava muito afastada do trabalho da base e quase não dialogava.

Isso era dentro da esquadra, mas como era a sensação fora da esquadra, uma espécie de forte apache?

Era um pouco isso. Partia-se do princípio de que a Amadora era problemática. Na Damaia, como era uma esquadra rodeada por vários bairros sociais com várias comunidades, achava-se que os polícias tinham de utilizar a repressão para impor a autoridade e que a população eram só criminosos. A todo o pessoal novo que vinha era incutida esta ideia. Chegava-se depois à conclusão que muitos dos problemas que existiam se deviam a essa atitude: a população reagia à presença policial considerando que não estávamos ali para nos preocuparmos com eles. Sentiam que éramos uma espécie de força de ocupação. Resultado: tínhamos os polícias contra os cidadãos daqueles bairros e aqueles contra os polícias. Para dar um exemplo, nós fazíamos remunerados na Edifer nas ruas das Fontainhas, e o serviço era feito com uma shotgun, e isso porquê? Porque apesar de haver seguranças e cães os miúdos dos bairros tinham como passatempo tentar acertar nos polícias, nos cães ou nos seguranças com tiros de pressão de ar. E o polícia estava de shotgun para dificultar o jogo [risos]. Na altura não percebia como é que se acabava com isso. Se calhar se deixássemos a shotgun e tivéssemos uma relação diferente esta escalada acabava. Mas não havia um policiamento de proximidade que acabasse com isto.

Isso era devido à falta de pessoas qualificadas para isso, ou a razão era não ser pedido este tipo de atitude à polícia?

Era um pouco de tudo. Não havia políticas governamentais nem habitantes que estimulassem e exigissem isso à polícia. E a polícia não estava motivada para de-senvolver uma forma de policiamento que se considerava que fragilizava a força. Havia quem defendesse que se exigia uma postura mais agressiva mostrando que éramos capazes e que “não tínhamos medo deles”. Para essas pessoas a proximidade era uma fraqueza. Lembro–me de uma altura em que a SIC faz uma reportagem em que afirmava que a polícia tinha medo de entrar nas Fontainhas. Três dias depois houve uma operação enorme nas Fontainhas em que se partiu aquilo tudo. A polícia tinha de mostrar que não tinha medo de nada e aquilo que a SIC tinha dito era mentira. Era esta a mentalidade.

E estas operações não tinham o efeito contrário?

Sim, estas operações não resolviam nada. Quando fazíamos uma operação, na semana seguinte os carros-patrulha que entravam no bairro eram recebidos à pedrada. Era este tipo de resultados que se conseguia. Era este o ambiente em que se vivia.

E isso alterou-se?

Alterou. Não está perfeito. O policiamento de proximidade não é uma realidade, mas mudaram os polícias. Há noção que se conseguirmos resolver as questões sem ser pela força toda a gente fica a ganhar. As autarquias e as associações de moderadores exigem à polícia uma intervenção mais inteligente. Uma polícia não é uma organização de apoio social, tem as suas funções determinadas. Mas nada impede que as exerça de uma forma mais eficiente e com a colaboração das populações.

Com esta oposição à violência como forma de intervenção policial, como é que vai parar à polícia de intervenção?

O Corpo de Intervenção não é exactamente o que as pessoas pensam. E vou–lhe dar um exemplo. Fizemos uma série de formações e a directora do curso manifestou inicialmente uma certa preocupação por ter turmas compostas apenas por pessoas do Corpo de Intervenção. No final estava surpreendida, disse-me que eram de longe as turmas com as pessoas mais interessadas, afáveis e com uma maior sensibilidade aos problemas sociais. O que não me surpreendeu. As pessoas que o integram têm capacidades físicas, mentais e técnicas para conseguir fazer um bom trabalho. Têm a preparação psicológica e o arcaboiço para estar numa determinada manifestação ou situação e aguentar até ao limite. Se o corpo de intervenção estiver numa determinada manifestação, as pessoas podem insultar que esses polícias não reagem. Ao contrário dos profissionais da esquadra, que não têm formação para este trabalho.

Quem vê as manifestações fica com a ideia que os polícias se sentem frustrados se não houver pancada.

Se falar com um elemento do Corpo de Intervenção perceberá que ele sabe que a intervenção numa manifestação é completamente diferente, por exemplo, da intervenção no futebol. Repare naquela manifestação de 24 Novembro. O Corpo de Intervenção teve uma postura de contenção. E tenho a consciência que muitos gostariam é de estar no outro lado, na manifestação, como naquela publicidade, tirar o capacete e manifestarem- -se: “Agora fiquem com isso, e venha o ministro Miguel Macedo resolver o problema que eu vou para aquele lado.” Não é por acaso que os directores nacionais insistem em falar na disciplina. Eles sabem que as pessoas não querem legitimar políticas e medidas que sentem que são prejudiciais. Os próprios oficiais têm consciência que os polícias não são robôs para fazerem de braço armado do governo. Hoje em dia as pessoas questionam, têm massa crítica.

Mas não têm de cumprir ordens? Se houver uma acréscimo de contestação social à grega, com tumultos e manifestações menos pacíficas, a polícia não vai reprimir?

Vão ter de cumprir ordens e vão cumpri–las. Mas há várias formas de o fazer. Enquanto antigamente se dissessem que era preciso limpar uma praça, mesmo que houvesse crianças, velhos e mulheres, a polícia carregava à bruta, hoje há a percepção da necessidade de cumprir a ordem sem ser a todo o custo.

A polícia está em crise?

O argumento do governo perante os polícias é que não há dinheiro. Se no passado tivéssemos visto os governos a resolverem os problemas dos polícias, talvez fosse mais fácil aceitar a crise actual. Só que na polícia, pelo menos desde 1999, estamos sempre a ouvir que não há dinheiro. Não há muito mais para cortar. Em 2009, o então director nacional elaborou um documento em que garantia que era possível cortar para contribuir para o esforço nacional, e o documento parecia quase cómico: aproveitar a água da chuva para lavar os carros. Nos sítios onde há duas lâmpadas, ficar só uma. As esquadras só terem a televisão ligada durante a hora do telejornal. Isto eram as grandes medidas. Para perceber melhor a crise, em 2009 os polícias deixaram de ter os passes da CP porque a PSP não pagava à empresa. A Skoda tinha dezenas de carros prontos para serem levantados, mas não deixava levantá-los porque a polícia não tinha pago a dívida da manutenção. Em 2010 foi ainda mais bicudo, chegou a Agosto e a polícia já não tinha dinheiro. E então das duas uma: ou a polícia não pagava os vencimentos ou tinha de haver um orçamento rectificativo. Foi preciso uma série de rectificativos e uma grande ginástica para resolver o problema. Para 2011, nós detectámos logo em Novembro um défice de 89 milhões de euros. A PSP começa o ano já com um buraco de quase 90 milhões de euros. O efeito é que se conseguiu pagar os vencimentos depois de Outubro, mas foi preciso parar as viaturas. Tivemos centenas de viaturas imobilizadas, e com algumas bastavam cem euros para resolver o problema. Chegámos a uma altura dramática. Tudo isto acabou por trazer uma série de complicações. Houve um reforço de meios da Unidade Especial de Polícia, mas desinvestiu-se muito no resto.

E essa escolha de investimentos tem implicações no tipo de trabalho?

Sim, orientações como o policiamento de proximidade tornam-se praticamente impossíveis. Dou-lhe um exemplo. Em 2006 a ASP fez um seminário com um especialista francês na matéria, Sebastian Roucher. O colóquio teve toda a gente presente, do comando a elementos do governo. Este especialista veio dizer que os tumultos nos subúrbios franceses estiveram directamente ligados aos cortes orçamentais e ao abandono do policiamento de proximidade.

Perante a tempestade social que se avizinha o aumento da insegurança e do crime já é visível?

É uma preocupação de quase todos os polícias. Mesmo o pessoal da esquadra começa a tentar dar resposta às situações que ultrapassam as suas capacidades e missões. Há pessoas que batem à porta das esquadras a perguntar aos polícias o que têm de fazer para sobreviverem. Temos um país que está a caminhar para uma situação dramática. Os polícias estão no fio da navalha: por um lado, têm consciência de que não há medidas policiais que resolvam estes problemas sociais, mas por outro lado são chamados a fazer o seu trabalho. Aquilo que pensamos é que há tendência para o aumento da criminalidade, sobretudo da pequena criminalidade. Verifica-se que as pessoas, em situações de carência, são mais permeáveis a ser recrutadas por empresas menos legais. As pessoas que não têm dinheiro para pôr na mesa comida para os filhos não querem cometer crimes, mas estão fragilizadas e podem aceitar um trabalho que pode ser ilegal. Acabam por cair sem se aperceberem disso. Trabalho feito em casa, contrafacção, etc.

Numa reunião recente com o governo os empresários da construção afirmaram que o aumento do desemprego nas obras podia obrigar os trabalhadores não qualificados a recorrer ao crime para alimentar as famílias Não acha isso possível?

Eu não acho que o furto e o roubo dependam apenas da crise. É uma escolha moral. Vão aumentar os trabalhos ilegais e os pequenos expedientes que estão na barreira da criminalidade. Os criminosos podem aproveitar-se dessa situação para aliciar pessoas. No entanto, a questão moral pesa muito. Só em última instância é que muita gente vai enveredar por aí.

Perante o aumento da contestação social a polícia não teme ser transformada numa espécie de braço armado da troika?

Espero que não. Todos nós temos a noção de que a polícia estará sempre no fio da navalha. Uma coisa posso garantir: hoje os polícias não estão disponíveis para fazer um trabalho de braço armado do governo. Fazem o seu trabalho, mas têm uma consciência crítica. O governo precisa da polícia mas não queremos ser usados para defender medidas que sabemos que prejudicam os próprios cidadãos. Se houver uma estratégia do governo para reprimir quem está a protestar, tenho dúvidas que os polícias aceitem esse papel. Os polícias sabem que as pessoas estão a protestar porque não têm alternativa.

No entanto, em manifestações recentes houve queixas sobre o comportamento da polícia, nomeadamente o uso de elementos infiltrados.

Tive a oportunidade, no seguimento das imagens que vi de apresentar a questão ao então director nacional, e ele aquilo que me disse é que não houve nenhuma orientação do governo, nem da direcção nacional da polícia, para alguns comportamentos e que houve a abertura de processos disciplinares. Mas é claro que aquelas imagens não nos beneficiam e transparece uma imagem contrária a tudo aquilo que eu defendo. Aquelas situações são o oposto do que deve ser, mas no meu entender são pontuais. Devem ser investigadas. Se houve comportamentos menos adequados, devem ser esclarecidos, mas não se pode ficar pelo agente que executou, é necessário saber se houve a ordem para aquilo acontecer.

Há pessoas que denunciaram em blogues e redes sociais infiltrações de elementos de extrema-direita em sindicatos da polícia e na PSP. Tem algum conhecimento disso?

Não estranho. Já não é a primeira vez que temos situações complicadas. Em 2007, numa manifestação da coordenadora que reúne os sindicatos das várias forças de segurança apareceu a convite de alguém o pessoal da extrema-direita. Estiveram presentes e quiseram participar, a ponto de termos de ter entrar em diálogo com eles para saírem.

Com a crise não aumenta a popularidade na polícia de um discurso mais radical contra a democracia e que identifica os imigrantes com a criminalidade?

Aumenta, e estamos a sentir isso. A exigência às vezes irreflectida de que a ASP seja mais radical contra determinadas situações, que a associação se pronuncie quando há operações em que são detidos imigrantes, para que denuncie determinadas etnias como criminosas, isso tem crescido. Nós não entramos em radicalismos, mas nota-se por parte de alguns polícias que há uma certa tendência para a radicalização. Querem que o governo tema os polícias, que tenha medo de nós. Que se pense que se os polícias quiserem podem lançar o país no caos. Nos últimos três ou quatro anos é este discurso que provoca em alguns sindicatos a tentação de embarcar nele. Isso preocupa-nos, porque não é isso que vai resolver os problemas. No entanto, verifica- -se que aquele que tiver o discurso mais radical é o dirigente sindical mais acarinhado, e isso é preocupante.

Não pode levar a um discurso contra a democracia e os partidos?

Penso que já existe. Se formos às redes sociais, em que os polícias falam mais livremente sem saber quem está a ler, acabam por depositar aí a revolta. Estão pessimistas. Na polícia este discurso é preocupante, até porque é alimentado pela forma injusta como os polícias são tratados. Veja-se o caso do novo estatuto, em que o tempo de serviço das pessoas não foi considerado, os mais antigos foram mal tratados. Esta injustiça faz com que as pessoas se revoltem. E muitas vezes contra tudo: os ciganos, os imigrantes de Leste, os políticos e até os sindicatos. Este discurso derrotista de termos de ser contra todos não leva a nada, mas é difícil ser optimista se cada vez que vemos o telejornal assistimos medidas cada vez piores.