Chicago Cubs. Um regresso ao passado infeliz

Chicago Cubs. Um regresso ao passado infeliz


Equipa foi eliminada na final da Liga Nacional no dia em que o filme de 1985 previa o título.


O basebol é um desporto de probabilidades. Em cada momento do jogo, o lançador está obrigado a fazer a opção de arremesso que mais garantias lhe oferece frente a um batedor que se sente mais à vontade com uns do que com outros. É um jogo de xadrez vivido com bolas a voar a velocidades médias de 144 quilómetros por hora e em que cada acção pode desencadear um futuro completamente diferente.

Qual era a probabilidade de os Chicago Cubs serem eliminados na final da Liga Nacional, que não atingiam desde 2003, no preciso dia em que o filme “Regresso ao Futuro II” previa, em 1989, que a equipa conquistaria o primeiro título desde 1908? Ninguém fez as contas, mas não há quem arrisque negar que era uma hipótese muito remota. 
A profecia não se cumpriu – os New York Mets venceram os primeiros quatro jogos da final e despacharam a série –, mas gerou muito burburinho entre os protagonistas da trilogia. “É uma eliminatória dura. Sou nova-iorquino e adorava ver os Mets a terem sucesso. Mas ia gostar imenso se o filme tivesse razão. Por isso, estou muito dividido”, afirmou Michael J. Fox, o Marty McFly, numa exibição do filme na quarta-feira, ainda antes de o derradeiro jogo chegar ao fim. Christopher Lloyd, o Emmett “Doc” Brown, estava a torcer pelo sucesso da equipa de Chicago. “Espero que ganhem este jogo e que consigam ir até ao fim. Essa seria a derradeira previsão”, afirmou. 

Não conseguiram. Depois de uma série a roçar o brilhantismo contra os St. Louis Cardinals (20 pontos marcados em quatro jogos), a equipa de Chicago vacilou frente à rotação de lançadores dos Mets, com derrotas por 2-4, 1-4, 2-5 e 3-8. A despedida, que teve pouco de dramática, uma vez que os Mets venciam por 6-0 após o segundo inning, deu-se em Chicago, perante 42 227 espectadores que alimentavam o sonho de assistir ao início de uma reviravolta histórica que abrisse caminho para um título que três gerações inteiras nunca tinham visto. A probabilidade era mínima: só por uma vez uma equipa de basebol virara um 0-3 para 4-3. Mas quando aconteceu (Red Sox contra Yankees em 2004) abriu caminho para o fim de um jejum de 86 anos. Theo Epstein, director-geral dos Cubs, desempenhava essa mesma função em Boston, mas não replicou o feito.

“Nunca nos deram qualquer possibilidade”, lamentou o treinador Joe Maddon. Os Mets estiveram sempre em vantagem nos quatro jogos e vão à World Series pela primeira vez desde 2000 – o título escapa desde 1986. Para os Cubs, será um regresso ao passado da lógica “para o ano é que é”.