A produtividade dos recursos naturais como pilar das cidades sustentáveis


A análise do metabolismo urbano permite identificar oportunidades para a promoção de novas actividades económicas que conjugam méritos ambientais e sociais.


O desenvolvimento sustentável assenta em promover o desenvolvimento económico com respeito pelo ambiente e pela equidade social. Actualmente, a sua promoção trava-se essencialmente nas cidades, onde já vive mais de metade da população mundial, sendo a tendência para os níveis de urbanização aumentarem para perto de 70% em 2050.
A conjugação do crescimento económico com a preservação do ambiente está muito associada a fazer mais com menos recursos naturais, ou seja, a aumentar a produtividade dos recursos, medida como o rácio entre o produto interno bruto (PIB) e os materiais usados na economia (€/kg).

Em Portugal, na primeira década do século xxi, o valor da produtividade dos recursos tem oscilado em torno de 0,9 a 1,0 €/kg, tendo aumentado para 1,1 €/kg em 2011. Este valor compara com um valor médio na UE, de cerca de 2€/kg, com cerca de 0,6 €/kg na Polónia ou 2,1€/kg na Alemanha.

A produtividade dos recursos depende da estrutura da economia, podendo caracterizar-se por valores da ordem dos 0,2€/kg para o sector agrícola, 2€/kg para o comércio ou de 20€/kg para o sector financeiro, o que não é surpreendente tendo em conta a natureza das actividades económicas.


© Manuel Vicente

A quantificação dos fluxos de materiais ao nível urbano e a sua correlação com as actividades económicas que os motivam, designada metabolismo urbano, é assim a chave da compreensão das interacções ambiente-economia e tem vindo a ser desenvolvida no IST/IN+ a nível nacional e internacional.

Os resultados obtidos sugerem, por exemplo, que quatro grandes sectores representam a maior fatia de consumo na área metropolitana de Lisboa – o sector secundário (31%), o consumo final (25%), o sector terciário (18%) e a acumulação de stock (17%). Enquanto a grande fatia de materiais pertencentes ao grupo da biomassa alimenta o consumo final (52%), os minerais não metálicos têm como destino final o sector secundário (41%) e o stock (30%). As exportações da área metropolitana são essencialmente compostas por minerais não metálicos (58%) e biomassa (30%).

A análise do metabolismo urbano permite identificar oportunidades para a promoção de novas actividades económicas que conjugam méritos ambientais e sociais. Entre estas destacam-se a reabilitação urbana, com significativo impacto na eficiência energética e na dinamização do tecido social das cidades, ou a promoção de novas formas de mobilidade sustentável.

Neste contexto, a arquitectura bioclimática, a integração de energias renováveis, a produção de alimentos por hidroponia no topo dos edifícios, a microgeração de energia, as vias cicláveis ou a utilização de combustíveis alternativos nos transportes, são outros exemplos destas novas actividades.

Na base destes desenvolvimentos está a criatividade alicerçada em actividades de I&D, promovendo redes inteligentes e integradas de energia, transportes e até de agricultura urbana por hidroponia integrada nos edifícios, para viabilizar o tão sublinhado objectivo dos edifícios/bairros de balanço energético nulo.

As oportunidades que se abrem no âmbito da economia verde ao nível urbano são enormes e o desafio consiste em unir a as universidades, as empresas e a administração autárquica no desenvolvimento e na implementação de novas soluções para que se demonstrem no terreno, para que sejam credíveis a nível internacional e para que se possa assim apoiar a dinamização de sectores de actividade com capacidade de exportação.

Cidades sustentáveis serão aquelas nas quais os líderes assumam uma visão de futuro, de sustentabilidade, que, alicerçada numa cidadania informada e participada, estimule o conhecimento, a multidisciplinaridade e a criatividade para inovar e criar novos processos e produtos com elevado valor acrescentado, inclusivos e amigos do ambiente.

Esta é a maior esperança para que globalmente caminhemos para um desenvolvimento sustentável, pois é nas cidades que está a chave deste difícil desafio.

A produtividade dos recursos naturais como pilar das cidades sustentáveis


A análise do metabolismo urbano permite identificar oportunidades para a promoção de novas actividades económicas que conjugam méritos ambientais e sociais.


O desenvolvimento sustentável assenta em promover o desenvolvimento económico com respeito pelo ambiente e pela equidade social. Actualmente, a sua promoção trava-se essencialmente nas cidades, onde já vive mais de metade da população mundial, sendo a tendência para os níveis de urbanização aumentarem para perto de 70% em 2050.
A conjugação do crescimento económico com a preservação do ambiente está muito associada a fazer mais com menos recursos naturais, ou seja, a aumentar a produtividade dos recursos, medida como o rácio entre o produto interno bruto (PIB) e os materiais usados na economia (€/kg).

Em Portugal, na primeira década do século xxi, o valor da produtividade dos recursos tem oscilado em torno de 0,9 a 1,0 €/kg, tendo aumentado para 1,1 €/kg em 2011. Este valor compara com um valor médio na UE, de cerca de 2€/kg, com cerca de 0,6 €/kg na Polónia ou 2,1€/kg na Alemanha.

A produtividade dos recursos depende da estrutura da economia, podendo caracterizar-se por valores da ordem dos 0,2€/kg para o sector agrícola, 2€/kg para o comércio ou de 20€/kg para o sector financeiro, o que não é surpreendente tendo em conta a natureza das actividades económicas.


© Manuel Vicente

A quantificação dos fluxos de materiais ao nível urbano e a sua correlação com as actividades económicas que os motivam, designada metabolismo urbano, é assim a chave da compreensão das interacções ambiente-economia e tem vindo a ser desenvolvida no IST/IN+ a nível nacional e internacional.

Os resultados obtidos sugerem, por exemplo, que quatro grandes sectores representam a maior fatia de consumo na área metropolitana de Lisboa – o sector secundário (31%), o consumo final (25%), o sector terciário (18%) e a acumulação de stock (17%). Enquanto a grande fatia de materiais pertencentes ao grupo da biomassa alimenta o consumo final (52%), os minerais não metálicos têm como destino final o sector secundário (41%) e o stock (30%). As exportações da área metropolitana são essencialmente compostas por minerais não metálicos (58%) e biomassa (30%).

A análise do metabolismo urbano permite identificar oportunidades para a promoção de novas actividades económicas que conjugam méritos ambientais e sociais. Entre estas destacam-se a reabilitação urbana, com significativo impacto na eficiência energética e na dinamização do tecido social das cidades, ou a promoção de novas formas de mobilidade sustentável.

Neste contexto, a arquitectura bioclimática, a integração de energias renováveis, a produção de alimentos por hidroponia no topo dos edifícios, a microgeração de energia, as vias cicláveis ou a utilização de combustíveis alternativos nos transportes, são outros exemplos destas novas actividades.

Na base destes desenvolvimentos está a criatividade alicerçada em actividades de I&D, promovendo redes inteligentes e integradas de energia, transportes e até de agricultura urbana por hidroponia integrada nos edifícios, para viabilizar o tão sublinhado objectivo dos edifícios/bairros de balanço energético nulo.

As oportunidades que se abrem no âmbito da economia verde ao nível urbano são enormes e o desafio consiste em unir a as universidades, as empresas e a administração autárquica no desenvolvimento e na implementação de novas soluções para que se demonstrem no terreno, para que sejam credíveis a nível internacional e para que se possa assim apoiar a dinamização de sectores de actividade com capacidade de exportação.

Cidades sustentáveis serão aquelas nas quais os líderes assumam uma visão de futuro, de sustentabilidade, que, alicerçada numa cidadania informada e participada, estimule o conhecimento, a multidisciplinaridade e a criatividade para inovar e criar novos processos e produtos com elevado valor acrescentado, inclusivos e amigos do ambiente.

Esta é a maior esperança para que globalmente caminhemos para um desenvolvimento sustentável, pois é nas cidades que está a chave deste difícil desafio.