A pá de uma escavadeira descobriu acidentalmente uma caverna funerária egípcia numa praia em Israel com quase 100 utensílios de cerâmica e artefatos de bronze intactos que datam cerca de 3.300 anos atrás, quando o faraó Ramsés II controlava a área do Oriente Médio, conhecida como Canaã, anunciou o jornal espanhol El País na segunda-feira.
Apesar do anúncio ter sido feito no princípio da semana, os objetos foram encontrados na quarta-feira passada, 14 de setembro, em Palmachim, no sul de Tel Aviv, segundo as autoridades israelenses de Antiguidades e Natureza e Parques em um comunicado. “Sabíamos que estávamos numa zona arqueológica, mas uma descoberta como essa só é feita uma vez por geração”, explicou Diego Barkán, chefe da Autoridade de Antiguidades do distrito em que a caverna está localizada (Tel Aviv).
Os objetos de cerâmica em questão incluem tigelas (algumas pintadas de vermelho), taças, utensílios de cozinha, potes de armazenamento e ainda lamparinas a óleo. Além disso, segundo o jornal espanhol, há também pontas de flechas e pontas de lanças de bronze.
Recorde-se que no Antigo Egito, a morte era considerada apenas “uma separação temporária do corpo e da alma”, e não como “o fim da vida”. Por isso, supunha-se que os objetos serviriam àqueles que foram enterrados após a morte.
Pelo menos um esqueleto quase intacto também foi encontrado em duas parcelas retangulares no canto da caverna.
"A caverna pode fornecer uma imagem completa dos costumes funerários da Idade do Bronze tardia", disse Eli Yannai, especialista da Idade do Bronze da IAA (Autoridade de Antiguidades de Israel). É uma "extremamente rara descoberta, única na vida", acrescentou Yannai, apontando para a “sorte extra da caverna ter permanecido selada até à sua recente descoberta”.
A escavadora fazia trabalhos de manutenção na praia quando descobriu o acesso à gruta, escavada em forma de quadrado e com um pilar no meio. Os arqueólogos deslocados desceram à gruta usando uma escada.
Os artefatos serão agora analisados para aprofundar a nossa compreensão dos costumes funerários da Idade do Bronze: “Já sabíamos como as pessoas eram enterradas naquela época, mas normalmente essas cavernas eram roubadas na Idade Antiga. É como entrar num laboratório”, esclareceu Barkán.
De acordo com o El País, a identidade dos corpos ainda é desconhecida. E, embora estejam muito deteriorados, serão realizados testes de ADN e analisados os dentes.