Natal. Um ano diferente para  o bem de todos

Natal. Um ano diferente para o bem de todos


A família reunida à volta de uma grande mesa a saborear o bacalhau e a couve é a imagem mais representativa do Natal português. Conversas, gargalhadas, sonhos e rabanadas fazem parte, adoçam a boca e o espírito. Este ano, a época festiva tem um sabor mais amargo, mas é assim que tem de ser, para…


Quando falamos de Natal há muitas coisas que vêm à cabeça da maioria de nós: a azáfama do dia 24, em que a família prepara os mais variados doces de Natal, a reunião com os que mais amamos, a troca de presentes, a alegria das crianças, as mesas recheadas e, para muitos, até a Missa do Galo. O Natal é tempo de partilha, de amor, de presença. Mas este ano será diferente para muitos. A culpa é da pandemia mas, neste caso, estar longe é considerado um ato de amor. O i procurou alguns testemunhos de pessoas e famílias que este ano vão contar com este sacrifício na esperança de que, em 2021, tudo volte ao normal.

Rosa tem 68 anos e nunca imaginou passar um Natal assim. É casada há mais de 40, tem três filhos e seis netos. Todos os anos, por isso, o Natal é recheado de alegria, com toda a família reunida em sua casa. “É tradição”, diz. Na zona de Viseu, onde moram, o Natal é frio e a lareira aquece a casa, mas o coração, esse, aquece com a presença dos que mais ama. Diz-nos que tem uma idade avançada, o marido tem alguns problemas de saúde e, por isso, vão passar o Natal cada um em sua casa, o que a entristece, apesar de perceber que essa é a melhor opção. “Não somos novos, sabe Deus se para o ano cá estaremos. E estes momentos com a nossa família são muito importantes”, lamenta. Em tempos de adaptação, também o Natal será adaptado e “abençoadas sejam as novas tecnologias” que nos permitem estar perto mesmo não estando. “Já combinámos e, à meia-noite, estaremos em videochamada para poder ver os meus netos a abrir os presentes que eu e o meu marido comprámos”. Já não são crianças mas, para os avós, serão sempre. “Para o ano, logo vemos”, diz Rosa ao i.

Há muitos anos que Ana Pimenta não mora com a mãe. Mas o Natal é época de presença e, todos os anos, o plano era o mesmo: jantar em casa da mãe e passar tempo com a família. A azáfama do dia-a-dia nem sempre lhes permitia estarem juntas, mas esta época era sagrada. O amor continua lá, mas segurança também é amor. E por isso, este ano, não vai haver jantar de Natal. “Tenho receio que haja algum infetado e assintomático”, diz Ana ao i. “Como há alguns doentes de risco na família, incluindo eu, preferimos não nos juntarmos”, confessa.

Ana vive com a namorada que, tomando todas as precauções, decidiu ir passar o Natal com os pais. Por isso, este vai ser um Natal que Ana nunca pensou viver. Mas não estará sozinha: a acompanhá-la terá os seus quatro amores de quatro patas. E, para si, esta época também é isto.

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