Sabia que há uma cidade perdida em Tavira que terá sido a maior da Lusitânia? Uma aldeia da pré-história em Portimão? E que existem 51 espécies de libelinhas na região? Eis alguns tesouros e histórias do Algarve para descobrir este verão.
Em busca de Balsa
As ruínas da que terá sido uma das maiores cidades romanas da Lusitânia, maior que Olissipo (hoje Lisboa) e Ossónoba (Faro), foram descobertas em 1866 na Quinta Torre de Aires, um terreno particular em Luz deTavira. Depois de décadas de abandono, a investigação ganhou fôlego nos últimos anos e o projeto Balsa – Em busca das Origens do Algarve fez uma campanha de escavações no ano passado, que ajudou a delimitar o perímetro do povoado. As sondagens ao terreno e ruínas encontradas parecem confirmar que Balsa terá sido destruída algures no século II, quando os investigadores acreditam que a costa foi dizimada por um tsunami. Neste momento não há visitas organizadas ao recinto, mas pode acompanhar o projeto em balsa.cvtavira.pt
O poço do Vaz Varela
Consta que à saída de Tavira, na velha estrada para Vila Real de Santo António, junto à cerca do antigo convento dos frades do Carmo, há um poço com uma moura encantada, Fátima. Reza a lenda que pede ajuda a quem passa para quebrar o feitiço, mas mal veem o seu dragão fogem. Teriam de se deixar engolir para a salvar. Fátima não prende ninguém, mas os que não contam o que viram têm uma vida longa. Os que não sabem guardar segredo não duram muito. A história é contada em Lendas Portuguesas, de Fernanda Frazão. Fátima seria filha do governador de Tavira, Abdalad. Na reconquista da região em 1249, o homem teme pela vida e traça um plano de fuga. Fátima recusa-se a partir. Para evitar a sua morte, o pai enfeitiça-a por mil e um anos. O certo é que ainda não passaram…
Algarve, 1922 “Todo o Algarve é um pomar cultivado com esmero. A gente do Alentejo, quando vê um bocado de terra bem tratada, diz: — É um pedacinho do Algarve. — Mas não se lembra que o Algarve está retalhado, pulverizado, três pés de oliveira, dois pés de amendoeira, e as almas rancorosas divididas como a terra. Um palmo de campo faz uma diferença extraordinária e um marco disputa-se a tiro entre irmãos. Regímen de salário deficiente, um orçamento estreito, tornaram o homem preocupado e subtil. De raça é moiro, de condição eterno explorado".
Raul Brandão,
Os Pescadores, 1923
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