Paulo Marcos.  “A nomeação do governador do BdP devia ter um maior grau de escrutínio”

Paulo Marcos. “A nomeação do governador do BdP devia ter um maior grau de escrutínio”


Para o presidente do Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários, o processo de seleção devia ser idêntico ao que é feito na escolha de reitores.


Ainda esta semana, Paulo Marcos condenou o processo de reestruturação do Banco Montepio que vai levar ao encerramento de 31 balcões. No seu entender, não é correto as instituições financeiras aproveitarem esta fase da pandemia para reestruturarem a sua atividade, lembrando que a grande maioria dos bancários passou por uma espécie de “terramoto”, tendo deixado de conseguir distinguir entre a vida profissional e a vida pessoal. Uma fatura que será paga a médio e a longo prazo. Em relação aos pedidos de moratórias, o presidente do Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) estava à espera desta corrida, mas garante que isso não irá causar impacto nos resultados dos bancos, uma vez que estes créditos continuam a produzir juros e não vão causar perdas de capital. O responsável tem ainda uma palavra a dizer em relação à ida de Mário Centeno para o Banco de Portugal, considerando que devia haver um concurso público e internacional para “tirar as teimas” se é ou não o mais competente para esse cargo.

O Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários fez agora um inquérito e concluiu que a pandemia causou um “terramoto” na vida dos bancários. O que se passou?
Fizemos um inquérito aos nossos associados, uma vez que os bancários pela natureza do serviço que prestam no serviço público estiveram sempre na linha da frente – embora, por vezes, sem o reconhecimento devido, já que grande parte dos bancários esteve presente nos seus locais de atendimento, com as condições sanitárias que foram melhorando ao longo do tempo, apesar de uma parte muito significativa ter ficado em teletrabalho. O sindicato há quase três anos que tem vindo a insistir na contratação coletiva para que estas matérias do teletrabalho mereçam atenção regulamentar e, por isso, resolvemos agora fazer um inquérito para perceber em que é que se podia traduzir aquilo que nos estava a chegar. Sentíamos que havia uma complexidade nova e resolvemos colocar isto numa matriz. A maioria dos bancários diz que houve alterações profundas, no que diz respeito ao espaço físico de trabalho. E aqui surgem questões como os desafios de trabalhar a partir de casa, em teletrabalho, a conciliação e também temas como o mobiliário, secretárias, mesas e iluminação. Uma outra parte significativa veio dizer que se tornaram mais difíceis as diferenças entre a vida profissional e a vida pessoal, que foram grandemente esbatidas. Passou a existir uma jornada incontínua. E a grande maioria dos trabalhadores bancários veio dizer que têm ou tiveram mais trabalho durante a fase mais evolutiva da pandemia. E quer os que estão em funções de atendimento – a preparar e a montar as moratórias – quer os que estiveram em teletrabalho, na maior parte dos profissionais registou um acréscimo da jornada de trabalho. Isso era um ponto a ressalvar, ao contrário do que muitos possam pensar.

A maior parte dos trabalhadores em teletrabalho queixa-se de não conseguirem separar a hora de trabalho da hora de lazer…

Sim. O facto de não haver uma experiência, um treino prévio ou uma formação prévia fez com que muita gente empenhada, séria e conscienciosa acabasse por trabalhar mais horas. Poupando tempo de deslocação, esse passou a ser também tempo de trabalho. Não raros os dias, as jornadas começavam às 8h da manhã e prolongavam-se até às 20h, 21h, 22h ou 23h. É um novo normal que não é nada salutar. 

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