Dia 27 será tarde demais


É um lugar-comum afirmar-se que o debate europeu em Portugal é pobre ou que não existem temas europeus que empolguem os portugueses em apaixonantes discussões.


É um lugar-comum afirmar-se – veja-se as últimas semanas – que a campanha eleitoral em curso não permite a discussão da Europa, porque a política doméstica domina diariamente a agenda mediática e política.

Como todos os lugares comuns, estes têm a capacidade de simplificar uma certa realidade (e servir de crítica a tudo e a todos), mas também a incapacidade de ir além de uma frase feita para tentar compreender a realidade.

Estas frases feitas encontram respaldo na habitual elevada abstenção nas Eleições Europeias, na reduzida informação diária sobre as políticas e decisões europeias ou no facto de Portugal passar relativamente ao lado de temas europeus que noutros países têm sido amplamente discutidos: a segurança, como lidar com a crescente ameaça terrorista, o acolhimento de refugiados ou o enfraquecimento dos políticos e dos partidos moderados.

Nesta visão, Portugal é como um oásis europeu que, com a sua dimensão e do extremo ocidental, observa o velho continente sem grandes preocupações ou paixões, que se dá ao luxo de não participar nas escolhas europeias (66% dos portugueses não votaram nas Europeias 2014) e que só levanta a sua atenção quando “a Europa” exige apertar o cinto, reduz fundos ou pede mais rigor nas contas públicas.

Não é fácil fugir aos lugares comuns que estão na base do raciocínio acima. Mas temos mesmo de os superar.

Recentemente, a juventude partidária a que pertenço – a JSD – conduziu um inquérito que tinha como objetivo perceber o que jovens da minha geração sabem sobre a União Europeia. O dado mais relevante do estudo é o de que 93% dos jovens defendem a continuação de Portugal no projeto europeu.

Ora, 9 em cada 10 jovens da minha geração são europeístas, mas estranhamente, 4 em cada 5 jovens portugueses não foram votar nas últimas Eleições para o Parlamento Europeu. Os dados apontam para cerca de 81% de abstenção jovem nas últimas eleições.

Acredito que quem participa ativamente na política, com responsabilidades e visibilidade pública, deve ser alvo da nossa maior exigência, mas também nós enquanto parte de uma comunidade devemos ser exigentes connosco próprios. Votar é a primeira exigência connosco próprios.

Essa exigência começa – mas não se esgota, necessariamente – no voto e na capacidade de escolher, já no próximo dia 26 de maio. Se queremos a continuidade do projeto europeu e a permanência de Portugal no mesmo, como pode a minha geração – que não conheceu câmbios, que não experienciou guerras, que vive, estuda, trabalha em qualquer país europeu, que tem amigos e familiares espalhados por esse mercado único de 500 milhões de cidadãos – não participar numa eleição que muito influenciará a Europa nos próximos 10, 20 anos?

Foi a minha geração – em particular, nas redes sociais – que se indignou na manhã de 24 de Junho de 2016. Lembram-se? Inundaram a internet com imagens, frases, declarações apaixonadas com o desfecho do referendo ao Brexit realizado no dia anterior no Reino Unido, a 23 de Junho de 2016.

Embora vinda de um não europeu, ficou célebre a mensagem do Presidente John Kennedy quando apelou aos americanos “ask not what your country can do for you—ask what you can do for your country”.

Está na hora de nos perguntarmos a nós próprios o que queremos da presença de Portugal na Europa, qual o futuro deste bloco unido num mundo com emergentes e afirmativas potências, quais as áreas em que queremos ser líderes mundiais, quais as prioridades para a economia da era digital, circular e da inteligência artificial, como preservar a liberdade e a segurança num tempo marcado por radicalismos e terrorismo, como garantir que o projeto europeu permite a todos igualdade de oportunidades, o direito à felicidade e à construção do projeto de vida de cada um.

Para a minha geração, estas questões e outras de igual relevância devem despertar em nós o sentimento do que podemos fazer efetivamente pela Europa. A primeira resposta é votar este domingo, dia 26 de Maio, nas Eleições Europeias. Dia 27 será tarde demais.

Alexandre Poço
Vice-Presidente da JSD, Presidente da Distrital de Lisboa da JSD


Dia 27 será tarde demais


É um lugar-comum afirmar-se que o debate europeu em Portugal é pobre ou que não existem temas europeus que empolguem os portugueses em apaixonantes discussões.


É um lugar-comum afirmar-se – veja-se as últimas semanas – que a campanha eleitoral em curso não permite a discussão da Europa, porque a política doméstica domina diariamente a agenda mediática e política.

Como todos os lugares comuns, estes têm a capacidade de simplificar uma certa realidade (e servir de crítica a tudo e a todos), mas também a incapacidade de ir além de uma frase feita para tentar compreender a realidade.

Estas frases feitas encontram respaldo na habitual elevada abstenção nas Eleições Europeias, na reduzida informação diária sobre as políticas e decisões europeias ou no facto de Portugal passar relativamente ao lado de temas europeus que noutros países têm sido amplamente discutidos: a segurança, como lidar com a crescente ameaça terrorista, o acolhimento de refugiados ou o enfraquecimento dos políticos e dos partidos moderados.

Nesta visão, Portugal é como um oásis europeu que, com a sua dimensão e do extremo ocidental, observa o velho continente sem grandes preocupações ou paixões, que se dá ao luxo de não participar nas escolhas europeias (66% dos portugueses não votaram nas Europeias 2014) e que só levanta a sua atenção quando “a Europa” exige apertar o cinto, reduz fundos ou pede mais rigor nas contas públicas.

Não é fácil fugir aos lugares comuns que estão na base do raciocínio acima. Mas temos mesmo de os superar.

Recentemente, a juventude partidária a que pertenço – a JSD – conduziu um inquérito que tinha como objetivo perceber o que jovens da minha geração sabem sobre a União Europeia. O dado mais relevante do estudo é o de que 93% dos jovens defendem a continuação de Portugal no projeto europeu.

Ora, 9 em cada 10 jovens da minha geração são europeístas, mas estranhamente, 4 em cada 5 jovens portugueses não foram votar nas últimas Eleições para o Parlamento Europeu. Os dados apontam para cerca de 81% de abstenção jovem nas últimas eleições.

Acredito que quem participa ativamente na política, com responsabilidades e visibilidade pública, deve ser alvo da nossa maior exigência, mas também nós enquanto parte de uma comunidade devemos ser exigentes connosco próprios. Votar é a primeira exigência connosco próprios.

Essa exigência começa – mas não se esgota, necessariamente – no voto e na capacidade de escolher, já no próximo dia 26 de maio. Se queremos a continuidade do projeto europeu e a permanência de Portugal no mesmo, como pode a minha geração – que não conheceu câmbios, que não experienciou guerras, que vive, estuda, trabalha em qualquer país europeu, que tem amigos e familiares espalhados por esse mercado único de 500 milhões de cidadãos – não participar numa eleição que muito influenciará a Europa nos próximos 10, 20 anos?

Foi a minha geração – em particular, nas redes sociais – que se indignou na manhã de 24 de Junho de 2016. Lembram-se? Inundaram a internet com imagens, frases, declarações apaixonadas com o desfecho do referendo ao Brexit realizado no dia anterior no Reino Unido, a 23 de Junho de 2016.

Embora vinda de um não europeu, ficou célebre a mensagem do Presidente John Kennedy quando apelou aos americanos “ask not what your country can do for you—ask what you can do for your country”.

Está na hora de nos perguntarmos a nós próprios o que queremos da presença de Portugal na Europa, qual o futuro deste bloco unido num mundo com emergentes e afirmativas potências, quais as áreas em que queremos ser líderes mundiais, quais as prioridades para a economia da era digital, circular e da inteligência artificial, como preservar a liberdade e a segurança num tempo marcado por radicalismos e terrorismo, como garantir que o projeto europeu permite a todos igualdade de oportunidades, o direito à felicidade e à construção do projeto de vida de cada um.

Para a minha geração, estas questões e outras de igual relevância devem despertar em nós o sentimento do que podemos fazer efetivamente pela Europa. A primeira resposta é votar este domingo, dia 26 de Maio, nas Eleições Europeias. Dia 27 será tarde demais.

Alexandre Poço
Vice-Presidente da JSD, Presidente da Distrital de Lisboa da JSD