Brexit. Sturgeon desafia Corbyn a apresentar moção de censura contra May

Brexit. Sturgeon desafia Corbyn a apresentar moção de censura contra May


A primeira-ministra escocesa mostrou-se disponível para apoiar uma moção de censura para derrubar o governo conservador


A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, desafiou hoje o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, a apresentar uma moção de censura na Câmara dos Comuns para mandar abaixo o governo conservador de Theresa May. Além do desafio, Sturgeon anunciou que o Partido Nacional Escocês, que lidera, apoiará a moção se esta for apresentada pelo principal partido da oposição britânica. 

Corbyn ainda não respondeu ao desafio.

"Então Jeremy Corbyn – se o Labour, como líder da oposição, apresentar uma moção de censura contra este governo incompetente amanhã, o SNP [sigla em inglês) irá apoiá-la e podemos trabalhar em conjunto para dar ao povo uma oportunidade de travar o Brexit noutro referendo. Esta desordem não pode continuar – que diz?", escreveu Sturgeon na rede social Twitter. 

Corbyn, explica o "Guardian", sabe que esta oferta de apoio pode ser um presente enveneado. O Partido Trabalhista deseja eleições antecipadas, onde o mais provável é sair como vencedor, mas, por outro lado, sabe que se as ganhar precisará de vencer uma moção de confiança. Num paronama político tão fragmentado, e com a data para a saída do Reino Unido da União Europeia a pouco menos de cinco meses, assumir o governo britânico pode ser uma jogada deveras arriscada. 

Entretanto, a liderança trabalhista vê-se pressionada pelas suas próprias fileiras. Numa carta enviada ao "Guardian", 40 militantes do partido defenderam que "o partido deve lutar nos meses que se aproximam, incluindo em campanha para eleições antecipadas, para travar o desastre anti-classe trabalhadora que o Brexit é". E como primeiro passo para travar o desastre, continuam, o Partido Trabalhista deve votar contra o acordo na Câmara dos Comuns, cuja votação poderá ser adiada pela primeira-ministra. Todavia, e segundo o "Guardian", May terá mesmo decidido adiar a votação ao perceber que não tinha quaisquer hipóteses de o fazer passar no parlamento, cujo anúncio oficial poderá ser feito hoje, às 15h30, perante os deputados. 

"A votação foi retirada porque [o acordo] seria esmagadoramente derrotado", afirmou o deputado do Partido Unionista Democrático (DUP), Nigel Dodds. "Poucas pessoas aceitaram que o acordo disponível e as ações de hoje da primeira-ministra provam-no". 

Recorde-se que o DUP é o parceiro de coligação minoritário no governo de May e opõe-se ao acordo por causa do estatuto aduaneiro especial que a Irlanda do Norte terá se o acordo avançar, dividindo a região do resto do Reino Unido em termos aduaneiros. 

Se a votação for adiada esta semana, o acordo poderá ser votado na próxima ou até em janeiro. Todavia, a votação nunca poderá ultrapassar o dia 21 de janeiro. Este atraso dificulta a implementação da legislação necessária para a realidade pós-Brexit, mas também aperta o prazo para a realização de eleições antecipadas ou até mesmo de um segundo referendo no caso do governo de May cair ou voltar atrás com a palvra dita – a líder britânica sempre recusou a realização de um segundo referendo.