Nem o PAN de André Silva nem ninguém podiam aceitar este prémio. Não tem defesa. Depois de mais um ano de domínio total no ténis, Serena Williams foi finalmente reconhecida pela Sports Illustrated, et voilà eis a Sportsperson of the Year. Mas quem ganhou a votação dos leitores foi um cavalo. E que cavalo.
A revolta das chibatadas comecou aqui. Quando os fãs das corridas de cavalos, que estavam à espera que o vencedor fosse o American Pharoah, um cavalo de corridas puro-sangue americano que ganhou a famosa Triple Crown em 2015, a “coisa” virou. E o prémio, graças à intervenção dos editores, foi parar à melhor mão direita do ténis mundial – não tenha dúvidas o leitor, senão vejamos: venceu o Open da Austrália, Roland Garros e Wimbledon este ano e está perto de destronar essa lenda chamada Steffi. Jogou 56 jogos em 2015 e perdeu apenas três. Conquistou o dobro dos pontos da sua adversária mais próxima, a número dois mundial, e ficou a dois jogos de fazer o Grand Slam.
E há a acrescentar a decisão política. Segundo Christian Stone, editor da revista, foi uma “escolha decisiva”. A tenista, de 34 anos, regressou corajosamente a Indian Wells depois de um interregno de 14 anos, quando ali foi insultada com apupos racistas em 2001.
A história começara a complicar-se na votação. Tal como nos tinha contado Rui Pedro Silva, aqui neste mesmo jornal que foi (e será sempre) dele. 2015 é o ponto alto também de Victor (primeiro nome) Espinoza (apelido de uma família que marcou as corridas), ao tornar-se o primeiro jóquei em 37 anos a conseguir vencer a Triple Crown, que é uma conta de somar de vitórias nas três corridas mais importantes: Kentucky Derby, Preakness Stakes e Belmont Stakes. Conta-nos
Rui que foi o primeiro latino a conseguir a proeza e também o mais velho de sempre, com 43 anos.
MESSI NA CORRIDA Só que a história dá mais uma volta. E de quem se fala aqui – aqui na votação da Sports Illustrated – não é do jockey mas sim do cavalo. E que cavalo. Do American Pharoah, que começou a ser montado por Victor, uma figura de 157 centímetros, no Outono de 2014. No Kentucky Derby venceu, mas não escapou às críticas de ter chibatado o cavalo 32 vezes durante os dois quilómetros da prova. Indiferente a isso, ganhou três semanas depois o Preakness States e entrou em Belmont para fazer história. E fez mesmo.
Na votação no site da Sports Illustrated, que dizem os editores, não influencia a escolha final da revista, o Faraó 47 por cento dos votos, contra apenas … 1 por cento da tenista. Uma olhadela na origem dos votos consegue perceber-se de onde vêm: a maioria da América (Estados Unidos) e do Japão, dois países obcecados por corridas de cavalos. Bom, segundo o mapa também podemos ver que de Portugal o voto também saiu directo para o cavalo.
Aqui pode haver uma explicação: o resto da Europa, quase toda a Ásia e América do Sul, votaram em peso um futebolista: Messi.