O ministro da Defesa de Moçambique, Cristóvão Chume, afirmou que os grupos terroristas que atuam na província de Cabo Delgado têm estado a recrutar crianças, sobretudo em aldeias onde há fraca presença das forças policiais, para engrossar as suas fileiras, ao mesmo tempo que cometeram atos de extrema violência com a decapitação de cidadãos indefesos.
«O que está a acontecer em Cabo Delgado são episódios que ferem a sensibilidade das pessoas. Com o apoio dos nossos parceiros no terreno vamos continuar a combater o terrorismo até que ele represente o mínimo risco para a integridade física das pessoas que vivem naquela região», disse o ministro.
A UNICEF mostrou-se igualmente preocupada com o recrutamento de crianças para esses grupos armados e pede à comunidade internacional uma maior proteção dos menores em qualquer circunstância.
As crianças são um dos grupos mais vulneráveis em cenários de conflito e a sua integração em grupos armados é de extrema violência e pode ter impactos na sua saúde e bem-estar. A situação em Cabo Delgado não é única, já que existem outros países em África onde as crianças são recrutadas por grupos terroristas, mas também pelas forças armadas, surgindo a República Democrática do Congo, Mali, Somália e Sudão nessa lista negra.
«Os gritos das crianças ecoam nas zonas de conflito, mas o mundo permanece em silêncio. A sua dor é uma mancha na nossa consciência coletiva», denunciou o representante especial das Nações Unidas para as crianças no final do ano passado.
Desde 2017 que se registam confrontos entre as forças do governo e os grupos armados na província de Cabo Delgado, no norte do país, mas a situação escalou nos últimos meses com novos ataques e desaparecimentos de figuras ligadas à política.
Os terroristas aproveitaram as eleições gerais para se reagruparem e reposicionarem em locais onde haviam sido desmantelados pelas Forças de Defesa e Segurança de Moçambique.