O presidente executivo da Ryanair considerou esta quarta-feira que a intenção da ANA de aumentar taxas na Portela para pagar a construção do aeroporto em Alcochete, que não deverá estar pronto nos próximos 15 anos, é “uma fraude”.
“[A ANA alegar] que precisa de aumentar os preços na Portela agora para construir Alcochete é uma fraude”, acusou Michael O’Leary em conferência de imprensa, em Lisboa. O CEO da companhia aérea irlandesa falava durante o anúncio de quatro novas rotas em Portugal e mais dois aviões, no verão.
Michael O’Leary defendeu que “os passageiros que usam a Portela não devem pagar por Alcochete”, que “só deverá abrir em 2040”.
“Se tivermos de esperar por Alcochete em 2040, ou 2050, é demasiado tarde, façam o [aeroporto no] Montijo já”, realçou o CEO, segundo o qual Portugal tem “enorme potencial de crescimento” no transporte aéreo, mas está a ser travado por “restrições artificiais” no Aeroporto Humberto Delgado, para proteger a TAP, para a privatizar.
Quanto à decisão para a localização do novo aeroporto, “a opção que demora mais tempo”, conforme salientou, O’Leary classificou-a de “estupidez típica de um Governo desenhada para fazer de conta que estão a fazer alguma coisa”. O presidente executivo, de 63 anos, vincou: “Eu não vou ver Alcochete no meu tempo de vida”.
A Ryanair anunciou quatro novas rotas em Portugal no verão, uma do Porto para Roma e três da Madeira para Milão (Itália), Shannon (Irlanda) e Bournemouth (Reino Unido), fazendo aumentar para um total de 169. Anunciou ainda dois novos aviões, um baseado na Madeira e outro em Faro, um crescimento que, conforme vincou, será apenas a nível regional.
A Ryanair pediu, assim, mais capacidade no aeroporto de Lisboa com urgência, onde pretende também crescer, mas diz não conseguir, e considerou que “o monopólio da ANA prejudica o turismo e o crescimento de empregos em Portugal”.
Caso a capacidade em Lisboa seja aumentada, a companhia comprometeu-se a “duplicar o tráfego em Portugal de 13 milhões para 27 milhões de passageiros por ano até 2030”, “criar 500 novos empregos para pilotos, tripulação de cabine e engenheiros” também até 2030 e “basear 16 novas aeronaves” nos seis aeroportos onde está presente no país.