Todos os anos a história repete-se. Há sempre um ou dois temas que nos acompanham, seja nos finais de tarde a beber um cocktail com amigos, numa esplanada, deitado na toalha de praia ou num churrasco junto a uma qualquer piscina. Embora não seja de fácil explicação ou que se explique de forma linear, a verdade é que existem sons que nos remetem para uma atmosfera carregada de frescura, leve e divertida, feliz, que transmita boa disposição. Porque o calor nos traz isso mesmo, essa sensação de liberdade, a vontade de estar na rua até mais tarde ou de partilhar certos momentos com as pessoas de quem mais gostamos. Quando puxamos a ‘cassete’ para trás e nos vêm à memória todas essas recordações, normalmente são acompanhadas de uma banda sonora especial. Aquela música que estava a dar quando demos aquele beijo ou quando trocámos aquele olhar, que passava enquanto fechávamos os olhos e sentíamos a brisa do mar ou saía do rádio naquela viagem inesquecível.
Essa música depende obviamente de pessoa para pessoa, do círculo social onde nos inserimos mas acima de tudo dos nossos gostos pessoais ou dos nossos amigos que não vivem sem a levar para todo o lado. E ela fica como marca de água seja nos stories do Instagram ou nos vídeos que enviamos para aquela pessoa especial percorrendo os nossos sonhos e encontrando abrigo numa espécie de caixinha que temos cá dentro. Nos Estados Unidos por exemplo a chamada ‘música de Verão’ é já um fenómeno cultural e é definida pela sensação inexplicável de um mergulho no mar ou de umas horas passadas deitado numa toalha de praia. E não é de agora. Já no principio dos anos 1900 milhares de partituras eram publicadas por ano e especialistas reuniam-se formando uma espécie de júri que deliberava qual emergiria como a ‘música do verão’.
Pois bem, o prémio da música de Verão 2024 vai para ‘Espresso’ da cantora americana Sabrina Carpenter. O jornalista especializado, escritor e produtor Charlie Harding catalogou-a como «uma nostalgia dos verões passados que irá ecoar em várias gerações de ouvintes. A sua bateria orgânica sampleada lembra o hip-hop dos anos 2000; o baixo sintetizado vem direto do R&B dos anos 1990, os sintetizadores levam-nos de volta aos anos 1980 e as partes de guitarra ao melhor estilo Nile Rodgers são tão brilhantes quanto uma bola de espelhos tão característica das discotecas dos anos 1970». Eu não diria melhor. Parece-me a definição perfeita para um tema que rasgou autenticamente as tabelas dos tops um pouco por todo o Mundo. Desafio-o por isso a ver o videoclip que nos remete para um imaginário de praia, onde os barcos, os chapéus de sol, as toalhas de praia e as pranchas de surf não podem faltar. O cenário ideal para aproveitarmos os últimos dias de férias ou para começarmos já a programar as do próximo ano!