Estar do lado certo, ainda conta alguma coisa?


A Europa não está preparada para ficar entregue a si mesma, depois de décadas de configuração para a paz e a estabilidade como dados adquiridos.


As sociedades modernas, enfunadas pelos interesses particulares, por vezes, ao nível dos umbigos, pela volatilização das realidades, pelas redes sociais, por media que se desleixaram na função de filtro e equidistância, pelas disfunções do funcionamento do estado e das comunidades; pelas fragilidades das lideranças e do compromisso com os valores e o bem comum, transformaram-se numa espécie de ceifeiras debulhadoras das personalidades e das instituições, em que tudo é facilmente esquecido, relativizado e triturado. Tudo é descartável.

A retirada forçada da recandidatura presidencial de Joe Biden, sendo em parte mais um exemplo da falta de lucidez para a escolha do momento da saída de funções, com inúmeros exemplos em Portugal, na Europa e no Mundo, volta a colocar a questão se ainda faz sentido estar do lado certo da diversidade das coisas relevantes? A facilidade com que tudo é triturado sem critério, com que as debulhadoras digitais abocanham sem impulso de alternativa para fazer mais e melhor ou os acervos afirmativos para as pessoas, as empresas e as comunidades são vergastados, é medonha. Estar do lado certo, é cada vez mais irrelevante se outros valores se levantarem ou as circunstâncias se sobrepuserem ao que é estrutural e perene, ou devia de ser.

Joe Biden apresenta resultados sociais e económicos positivos nos Estados Unidos da América, afirmou uma visão progressista q.b., esteve do lado certo na Ucrânia, na relação transatlântica, no posicionamento asiático perante os avanços hegemónicos e na reversão de uma visão isolacionista da administração Trump que negava e nega evidências como as alterações climáticas, a importância da vacinação, a transição energética e outros pontos de reequilíbrio que se impõem no Mundo. Estar do lado certo, de níveis médios de multilateralismo para assegurar mínimos, não serviu de grande coisa. Volatilizado o lado certo, com visão e resultados, está-se à mercê do vale tudo, como já aconteceu em tantas longitudes e latitudes do mundo, com os fins a inspirarem todos os meios para a glorificação pessoal, mesmo que contraditória, com resultados frágeis e danos substanciais no cimento dos compromissos individuais e comunitários. Só um milagre, para os crentes, impedirá a rota de êxito de Donald Trump e os que exultam com a saída de cena de Biden, em especial, no espaço europeu, ainda vão ter muitas saudades dele, quando e se voltar a prevalecer a falta de senso, o egocentrismo e o populismo tribal do nomeado republicano.

A Europa não está preparada para ficar entregue a si mesma, depois de décadas de configuração para a paz e a estabilidade como dados adquiridos.

A Europa, que se lançou num enfrentamento com a China, também por indução dos Estados Unidos, não está preparada para ficar no território de ninguém, entre uns Estados Unidos virados para si próprios e uma China tocada pelas medidas comunitárias contra as suas produções.

A Europa não teve visão, não soube ou não quis estar do lado certo em relação ao futuro, além das proclamações de sustentabilidade, de combate às alterações climáticas e de transições, que, no imediato, ainda introduzem mais constrangimentos às realidades concretas das pessoas, das empresas, dos territórios e das comunidades nacionais. Ficará sem rede, exposta aos egoísmos, populismos e extremismos, porque estar do lado certo, de forma linear, coerente e inteligível já conta muito pouco nas sociedades atuais.

O trabalhador em Portugal que cumpre, com os horários, os desempenhos e os desafios tem a adequada remuneração?

O empresário em Portugal que cumpre, cria emprego, gera rendimentos e paga impostos, numa lógica proativa, é reconhecido pelo Estado e pela sociedade?

O contribuinte que paga diligentemente os impostos têm a adequada resposta do Estado na prestação das funções de soberania, da defesa à segurança, e nos serviços públicos fundamentais, da educação à saúde?

Estar do lado certo é cada vez mais um imperativo de valores e princípios individualizados, remunerados pela consciência individual, sem relevância para o estado ou a comunidades nas suas diversas expressões reais e digitais.

Estar do lado certo vale cada vez menos, pela sujeição a abocanhamentos vários, sem pingo de memória pelo percurso, pelo acervo e pelos resultados obtidos. É assim com Biden como com muitas outras realidades nacionais e internacionais.

O drama é que, se estar do que se convenciona ser “lado certo”, depende sobretudo do que perfaz a individualidade, sem contributo de formação pela comunidade e sem valoração positiva por esta, a tendência é para a sua progressiva degradação, como acontece com diversas tradições, regras e normas básica de convivência social, institucional e política. Se depender de cada um sem filtro e valorização social, será a selva. É isso que queremos?

NOS AÇORES, PSD E CHEGA CONVERGEM EM MISERÁVEL DISCRIMINAÇÃO. O PSD, que governa na Madeira e nos Açores com o apoio do Chega, alheio às linhas vermelhas de Luís Montenegro, acha bem nas Ilhas de Bruma que as crianças sejam discriminadas no acesso às creches devido aos seus pais estarem desempregados. Para Bolieiro, a creche é pouco mais do que um logradouro, onde se despejam crianças. Com os pais desempregados, que se reproduza o ciclo de desqualificação e de pobreza. Pobre mesmo é o humanismo desta gente!

TELEVISÃO PÚBLICA, O QUÊ. A RTP que também é paga com os meus impostos, que já não transmite touradas por imposição de gosto de alguns, não achou relevante transmitir a final do Europeu Sub-20 de andebol, em que participava Portugal, ou o jogo de rugby dos Lobos com a campeã do mundo África do Sul. Se a diversidade da programação é de geometria variável, em função de alguns, ao invés da soma de todas as partes, é do domínio da lata quererem mais comparticipações do Estado.

GRANDES, ALÉM DA BOLA. Foi um fim de semana rico em bons resultados, com uma excecional prestação do João Almeida, ciclista de A-do-Francos, nas Caldas da Rainha, na Volta à França e do tenista Nuno Borges frente a Rafa Nadal, mas também de mais uma prestação olhos nos olhos no andebol jovem com outras nações que investem a sério na atividade física e desportiva.

Estar do lado certo, ainda conta alguma coisa?


A Europa não está preparada para ficar entregue a si mesma, depois de décadas de configuração para a paz e a estabilidade como dados adquiridos.


As sociedades modernas, enfunadas pelos interesses particulares, por vezes, ao nível dos umbigos, pela volatilização das realidades, pelas redes sociais, por media que se desleixaram na função de filtro e equidistância, pelas disfunções do funcionamento do estado e das comunidades; pelas fragilidades das lideranças e do compromisso com os valores e o bem comum, transformaram-se numa espécie de ceifeiras debulhadoras das personalidades e das instituições, em que tudo é facilmente esquecido, relativizado e triturado. Tudo é descartável.

A retirada forçada da recandidatura presidencial de Joe Biden, sendo em parte mais um exemplo da falta de lucidez para a escolha do momento da saída de funções, com inúmeros exemplos em Portugal, na Europa e no Mundo, volta a colocar a questão se ainda faz sentido estar do lado certo da diversidade das coisas relevantes? A facilidade com que tudo é triturado sem critério, com que as debulhadoras digitais abocanham sem impulso de alternativa para fazer mais e melhor ou os acervos afirmativos para as pessoas, as empresas e as comunidades são vergastados, é medonha. Estar do lado certo, é cada vez mais irrelevante se outros valores se levantarem ou as circunstâncias se sobrepuserem ao que é estrutural e perene, ou devia de ser.

Joe Biden apresenta resultados sociais e económicos positivos nos Estados Unidos da América, afirmou uma visão progressista q.b., esteve do lado certo na Ucrânia, na relação transatlântica, no posicionamento asiático perante os avanços hegemónicos e na reversão de uma visão isolacionista da administração Trump que negava e nega evidências como as alterações climáticas, a importância da vacinação, a transição energética e outros pontos de reequilíbrio que se impõem no Mundo. Estar do lado certo, de níveis médios de multilateralismo para assegurar mínimos, não serviu de grande coisa. Volatilizado o lado certo, com visão e resultados, está-se à mercê do vale tudo, como já aconteceu em tantas longitudes e latitudes do mundo, com os fins a inspirarem todos os meios para a glorificação pessoal, mesmo que contraditória, com resultados frágeis e danos substanciais no cimento dos compromissos individuais e comunitários. Só um milagre, para os crentes, impedirá a rota de êxito de Donald Trump e os que exultam com a saída de cena de Biden, em especial, no espaço europeu, ainda vão ter muitas saudades dele, quando e se voltar a prevalecer a falta de senso, o egocentrismo e o populismo tribal do nomeado republicano.

A Europa não está preparada para ficar entregue a si mesma, depois de décadas de configuração para a paz e a estabilidade como dados adquiridos.

A Europa, que se lançou num enfrentamento com a China, também por indução dos Estados Unidos, não está preparada para ficar no território de ninguém, entre uns Estados Unidos virados para si próprios e uma China tocada pelas medidas comunitárias contra as suas produções.

A Europa não teve visão, não soube ou não quis estar do lado certo em relação ao futuro, além das proclamações de sustentabilidade, de combate às alterações climáticas e de transições, que, no imediato, ainda introduzem mais constrangimentos às realidades concretas das pessoas, das empresas, dos territórios e das comunidades nacionais. Ficará sem rede, exposta aos egoísmos, populismos e extremismos, porque estar do lado certo, de forma linear, coerente e inteligível já conta muito pouco nas sociedades atuais.

O trabalhador em Portugal que cumpre, com os horários, os desempenhos e os desafios tem a adequada remuneração?

O empresário em Portugal que cumpre, cria emprego, gera rendimentos e paga impostos, numa lógica proativa, é reconhecido pelo Estado e pela sociedade?

O contribuinte que paga diligentemente os impostos têm a adequada resposta do Estado na prestação das funções de soberania, da defesa à segurança, e nos serviços públicos fundamentais, da educação à saúde?

Estar do lado certo é cada vez mais um imperativo de valores e princípios individualizados, remunerados pela consciência individual, sem relevância para o estado ou a comunidades nas suas diversas expressões reais e digitais.

Estar do lado certo vale cada vez menos, pela sujeição a abocanhamentos vários, sem pingo de memória pelo percurso, pelo acervo e pelos resultados obtidos. É assim com Biden como com muitas outras realidades nacionais e internacionais.

O drama é que, se estar do que se convenciona ser “lado certo”, depende sobretudo do que perfaz a individualidade, sem contributo de formação pela comunidade e sem valoração positiva por esta, a tendência é para a sua progressiva degradação, como acontece com diversas tradições, regras e normas básica de convivência social, institucional e política. Se depender de cada um sem filtro e valorização social, será a selva. É isso que queremos?

NOS AÇORES, PSD E CHEGA CONVERGEM EM MISERÁVEL DISCRIMINAÇÃO. O PSD, que governa na Madeira e nos Açores com o apoio do Chega, alheio às linhas vermelhas de Luís Montenegro, acha bem nas Ilhas de Bruma que as crianças sejam discriminadas no acesso às creches devido aos seus pais estarem desempregados. Para Bolieiro, a creche é pouco mais do que um logradouro, onde se despejam crianças. Com os pais desempregados, que se reproduza o ciclo de desqualificação e de pobreza. Pobre mesmo é o humanismo desta gente!

TELEVISÃO PÚBLICA, O QUÊ. A RTP que também é paga com os meus impostos, que já não transmite touradas por imposição de gosto de alguns, não achou relevante transmitir a final do Europeu Sub-20 de andebol, em que participava Portugal, ou o jogo de rugby dos Lobos com a campeã do mundo África do Sul. Se a diversidade da programação é de geometria variável, em função de alguns, ao invés da soma de todas as partes, é do domínio da lata quererem mais comparticipações do Estado.

GRANDES, ALÉM DA BOLA. Foi um fim de semana rico em bons resultados, com uma excecional prestação do João Almeida, ciclista de A-do-Francos, nas Caldas da Rainha, na Volta à França e do tenista Nuno Borges frente a Rafa Nadal, mas também de mais uma prestação olhos nos olhos no andebol jovem com outras nações que investem a sério na atividade física e desportiva.