Bruxelas afasta críticas do Tribunal de Contas Europeu sobre aplicação de fundos

Bruxelas afasta críticas do Tribunal de Contas Europeu sobre aplicação de fundos


Em causa estão os controlos das despesas dos fundos de coesão por parte da Comissão Europeia e dos próprios Estados-membros que o TCE diz serem “fracos”


A Comissão Europeia revelou esta segunda-feira que “providencia garantias razoáveis nos seus relatórios anuais em linha com os requerimentos legais para a maioria dos programas”, reagindo assim às conclusões divulgas pelo Tribunal de Contas Europeu em relação à aplicação dos fundos de coesão.

“Quando o nível de erro é significativo, a Comissão realiza controlos e correções plurianuais para reduzir a taxa de erro abaixo de 2% no momento do encerrar os programas, com base nos requisitos regulamentares para a aplicação de correções financeiras. Assim, a taxa de erro final comunicada para todos os programas de coesão está, aproximadamente, entre 1,2% e 1,3%”, afirmou.

E acenou com o “seu próprio trabalho de auditoria” que aponta para o facto de “os sistemas de gestão e controlo funcionarem bem para 93% dos 441 programas da política de coesão”.

Em causa está o relatório divulgado pelo TCE e concluiu que os controlos das despesas dos fundos de coesão por parte da Comissão Europeia e dos próprios Estados-membros “são fracos”.

De acordo com o relatório, “continuam a existir grandes erros nas despesas da política de coesão, cujo objetivo é reduzir as diferenças sociais e económicas” nos países da União Europeia (UE).

Na ótica do TCE o sistema de controlo dos fundos de coesão, que entre 2014 e 2020 foram mais de um terço do orçamento da UE (409 mil milhões de euros), “são fracos”.

“Por um lado, as autoridades dos Estados-membros podem detetar mais erros, e mesmo evitá-los. Por outro, a Comissão [Europeia] avalia por baixo a quantidade de erros nas despesas e não usa devidamente os meios que tem para encorajar os Estados-membros a melhorarem a sua gestão e os seus sistemas”, afirma o TCE.

O tribunal considerou que, “desde há muito”, a política de coesão é das principais áreas do bloco comunitário e também “a que tem mais erros”, já que “não mede a fraude, a falta de eficiência ou o desperdício”.

“É antes uma estimativa do dinheiro que não foi usado segundo as regras nacionais e da UE. Olhando para os períodos orçamentais de 2007-2013 e 2014-2020, vemos que na coesão este nível baixou de 6% para 4,8%, mas manteve-se sempre acima dos 2% definidos pelas regras, com um pico de 6,7% em 2022”, acrescentou o Tribunal de Contas Europeu.