A Ciência Não Tem Género


O caminho para uma carreira científica pode ser diferente para homens e mulheres, especialmente quando se trata de ocupar cargos de liderança e decisão.


A ciência sempre foi um espaço de descoberta, de inovação, resiliência e de superação. No entanto, para muitas mulheres, esse caminho é ainda marcado por desafios adicionais. Ao longo da história, os avanços científicos contaram com o talento e a dedicação de inúmeras mulheres, mas o reconhecimento nem sempre veio na mesma medida. Basta olhar para os Prémios Nobel, onde, desde a sua criação, menos de 4% das distinções científicas foram atribuídas a mulheres. Este dado reflete uma realidade mais ampla: ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar uma verdadeira igualdade de género na ciência.

Ser mulher na ciência é um desafio, mas também uma grande oportunidade. Para mim, significa cultivar a curiosidade, explorar a imaginação e, nunca deixar de questionar. A curiosidade é o que nos leva a procurar respostas, a desenvolver novas soluções e a melhorar o mundo em que vivemos. Mas também significa superar obstáculos, desafiar estereótipos e provar diariamente o nosso valor. A ciência não tem género, mas o caminho para uma carreira científica pode ser diferente para homens e mulheres, especialmente quando se trata de ocupar cargos de liderança e decisão.

Os desafios começam cedo. Muitas meninas demonstram interesse por áreas científicas, mas, ao longo do percurso académico, enfrentam barreiras visíveis e invisíveis que as desencorajam a seguir carreiras na investigação. Foi por isso que considerei um passo importante quando as Nações Unidas incluíram a Igualdade de Género como um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Sem mulheres na ciência, não há inovação plena, criatividade, nem progresso real.

Nos últimos anos, tenho tido o privilégio de trabalhar em projetos inovadores e disruptivos, onde a imaginação me levou mais longe, como a eletrónica transparente e o papel eletrónico, sempre com a convicção de que a ciência deve estar ao serviço das pessoas e do planeta, para o conforto e bem estar dos cidadãos. Mas sei que o exemplo é tão importante quanto a investigação. Cada vez que uma mulher lídera um laboratório, coordena uma equipa, apresenta o seu trabalho ou ganha um prémio, está a dizer a milhares de meninas: “Tu também consegues! Precisamos de ti!”

Mas ser cientista é também ser um pouco artista. Tal como um pintor nunca considera uma obra realmente acabada/concluída, um cientista nunca está plenamente satisfeito com o resultado. A ciência é um desafio constante que colocamos a nós próprias, na busca incessante por respostas mais completas e por soluções mais eficazes. Esse inconformismo é o que nos faz avançar.

Outro dos desafios da carreira científica para as mulheres passa pela conciliação com a vida pessoal e familiar. Apesar dos avanços, ainda se verifica uma divisão desigual de responsabilidades, especialmente no que diz respeito à maternidade. Para mitigar este impacto, a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) criou o programa RESTART, que apoia investigadoras a retomar as suas carreiras após períodos de licença parental. Medidas como esta são essenciais para que a escolha entre ser mãe e ser cientista não tenha de ser um dilema, mas são precisas mais políticas públicas!

Apesar de todas as barreiras, o orgulho em ser mulher na ciência é imenso. Orgulho por poder contribuir para um mundo mais justo e sustentável, com iguais oportunidades para todos. Orgulho por poder inspirar outras mulheres a seguir este caminho. Orgulho por ajudar a construir uma ciência mais aberta, diversa e inclusiva – uma ciência de todos e para todos.

Porque, afinal, a ciência não tem género, tem talento, tem paixão, tem curiosidade – e precisa de TODAS e de TODOS.

Professora Catedrática NOVA FCT

Laboratório Associado i3N

A Ciência Não Tem Género


O caminho para uma carreira científica pode ser diferente para homens e mulheres, especialmente quando se trata de ocupar cargos de liderança e decisão.


A ciência sempre foi um espaço de descoberta, de inovação, resiliência e de superação. No entanto, para muitas mulheres, esse caminho é ainda marcado por desafios adicionais. Ao longo da história, os avanços científicos contaram com o talento e a dedicação de inúmeras mulheres, mas o reconhecimento nem sempre veio na mesma medida. Basta olhar para os Prémios Nobel, onde, desde a sua criação, menos de 4% das distinções científicas foram atribuídas a mulheres. Este dado reflete uma realidade mais ampla: ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar uma verdadeira igualdade de género na ciência.

Ser mulher na ciência é um desafio, mas também uma grande oportunidade. Para mim, significa cultivar a curiosidade, explorar a imaginação e, nunca deixar de questionar. A curiosidade é o que nos leva a procurar respostas, a desenvolver novas soluções e a melhorar o mundo em que vivemos. Mas também significa superar obstáculos, desafiar estereótipos e provar diariamente o nosso valor. A ciência não tem género, mas o caminho para uma carreira científica pode ser diferente para homens e mulheres, especialmente quando se trata de ocupar cargos de liderança e decisão.

Os desafios começam cedo. Muitas meninas demonstram interesse por áreas científicas, mas, ao longo do percurso académico, enfrentam barreiras visíveis e invisíveis que as desencorajam a seguir carreiras na investigação. Foi por isso que considerei um passo importante quando as Nações Unidas incluíram a Igualdade de Género como um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Sem mulheres na ciência, não há inovação plena, criatividade, nem progresso real.

Nos últimos anos, tenho tido o privilégio de trabalhar em projetos inovadores e disruptivos, onde a imaginação me levou mais longe, como a eletrónica transparente e o papel eletrónico, sempre com a convicção de que a ciência deve estar ao serviço das pessoas e do planeta, para o conforto e bem estar dos cidadãos. Mas sei que o exemplo é tão importante quanto a investigação. Cada vez que uma mulher lídera um laboratório, coordena uma equipa, apresenta o seu trabalho ou ganha um prémio, está a dizer a milhares de meninas: “Tu também consegues! Precisamos de ti!”

Mas ser cientista é também ser um pouco artista. Tal como um pintor nunca considera uma obra realmente acabada/concluída, um cientista nunca está plenamente satisfeito com o resultado. A ciência é um desafio constante que colocamos a nós próprias, na busca incessante por respostas mais completas e por soluções mais eficazes. Esse inconformismo é o que nos faz avançar.

Outro dos desafios da carreira científica para as mulheres passa pela conciliação com a vida pessoal e familiar. Apesar dos avanços, ainda se verifica uma divisão desigual de responsabilidades, especialmente no que diz respeito à maternidade. Para mitigar este impacto, a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) criou o programa RESTART, que apoia investigadoras a retomar as suas carreiras após períodos de licença parental. Medidas como esta são essenciais para que a escolha entre ser mãe e ser cientista não tenha de ser um dilema, mas são precisas mais políticas públicas!

Apesar de todas as barreiras, o orgulho em ser mulher na ciência é imenso. Orgulho por poder contribuir para um mundo mais justo e sustentável, com iguais oportunidades para todos. Orgulho por poder inspirar outras mulheres a seguir este caminho. Orgulho por ajudar a construir uma ciência mais aberta, diversa e inclusiva – uma ciência de todos e para todos.

Porque, afinal, a ciência não tem género, tem talento, tem paixão, tem curiosidade – e precisa de TODAS e de TODOS.

Professora Catedrática NOVA FCT

Laboratório Associado i3N