CUF e Fundação Amélia de Mello atribuem 100 mil euros aparadespiste de doença coronária com recurso a inteligência artificial

CUF e Fundação Amélia de Mello atribuem 100 mil euros aparadespiste de doença coronária com recurso a inteligência artificial


Objetivo do projeto liderado por Jennifer Mancio é desenvolver uma estratégia de diagnóstico mais segura para o doente e com ganhos em eficiência para os hospitais.


A investigadora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Jennifer Mancio recebe, esta terça-feira, a bolsa CUF D. Manuel de Mello, maior prémio nacional de incentivo à investigação para jovens médicos, no valor de 100 mil euros.

A bolsa, promovida pela CUF e pela Fundação Amélia de Mello, destina-se ao desenvolvimento de projeto que, através de um algoritmo de inteligência artificial, despista em segundos a presença de doença coronária.

Jennifer Mancio, a quem foi atribuído o prémio de 100 mil euros, está a desenvolver o projeto de investigação “SAFE-CT: exclusão de doença coronária utilizando inteligência artificial na Tomografia Computadorizada sem contraste”, que tem como objetivo melhorar a resposta aos doentes com suspeita de doença coronária.

A doença coronária é a principal causa de morte no mundo, sendo a dor torácica um dos motivos mais comuns de admissão nos serviços de urgência. Em caso de suspeita de doença coronária, está recomendada a realização de uma angiografia coronária por tomografia computadorizada (Angio TC), um exame diferenciado que requer profissionais treinados e acreditados, que implica a administração de contraste iodado e dose acrescida de radiação ionizante.

Na amostra analisada pela investigadora, mais de 35% dos 929 doentes submetidos a Angio TC não apresentaram qualquer doença coronária e, portanto, não beneficiaram da realização deste exame. “É fundamental encontrar uma estratégia personalizada para selecionar os doentes que efetivamente necessitam deste tipo de exame, evitando assim uma exposição desnecessária à radiação ionizante e ao contraste – e, simultaneamente, a sobrecarga do sistema de saúde”, defende a investigadora.

O objetivo do projeto liderado por Jennifer Mancio é desenvolver uma estratégia de diagnóstico mais segura para o doente e com ganhos em eficiência para os hospitais.

Nos doentes que apresentem dor torácica pode ser possível, através deste projeto, excluir em segundos, com recurso a inteligência artificial, a presença de doença coronária através da realização de uma Tomografia Computorizada (TC) com baixa radiação e sem contraste, um equipamento médico disponível na maioria dos hospitais portugueses, o que não acontece com a Angio TC.

“O algoritmo irá indicar o risco individual de doença coronária e ajudará a decidir se o encaminhamento do doente para um hospital central, com Angio TC, é realmente necessário”, explica Jennifer Mancio.

Esta tecnologia contribui, deste modo, para uma melhoria da prática clínica, com efetivos ganhos para o doente e uma maior eficiência dos recursos em saúde, nomeadamente, no aumento da capacidade de resposta dos hospitais para casos que efetivamente necessitem de investigação por Angio TC por outras razões.

O Júri da Bolsa atribui ainda, nesta edição 2023/2024, uma Menção Honrosa ao projeto de João Lobo, investigador no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto e médico de Anatomia Patológica no IPO do Porto, que pretende investigar novos biomarcadores em tumores testiculares.

Rui Diniz, Presidente da Comissão Executiva da CUF, considera a Bolsa CUF D. Manuel de Mello “fundamental para a promoção da investigação clínica no nosso país, contribuindo para o desenvolvimento da Medicina, por forma a garantir aos doentes os melhores cuidados de saúde e o acesso a inovações clínicas. Este investimento reflete o compromisso da CUF com o progresso científico, que privilegia uma estreita cooperação com as universidades e a aposta contínua em tecnologia, inovação e investigação”.

Vasco de Mello, Presidente da Fundação Amélia de Mello, sublinha que “a Fundação Amélia de Mello considera crucial o incremento do conhecimento científico por parte dos médicos que se dedicam à investigação, valorizando-se a transferência para os doentes do resultado desse trabalho. Pela nossa parte, faz sentido a aposta no aprofundamento da investigação pelos médicos e, nesse contexto, temos vindo a aumentar o contributo desta bolsa na área da saúde, o que induz um efeito positivo para todos os profissionais integrados neste setor.”

A Bolsa CUF D. Manuel de Mello é uma bolsa de investigação bienal instituída, em 2007, pela Fundação Amélia de Mello e pela CUF, destinada a premiar jovens médicos, doutorados e afiliados a unidades de investigação de Faculdades de Medicina portuguesas, através do financiamento para os seus projetos. Com 16 anos de história, a Bolsa CUF D. Manuel de Mello já distinguiu projetos de investigação dedicados a doenças como Lúpus, Alzheimer, Esquizofrenia e Tuberculose.

A cerimónia de atribuição da Bolsa CUF D. Manuel de Mello, decorre hoje, pelas 11 horas, no Auditório do Hospital CUF Porto.

O evento será presidido pela Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato.