A coordenadora do Bloco de Esquerda apelou, esta terça-feira, a uma maioria de esquerda para "virar a página" em várias políticas, como a da Habitação.
"É preciso virar a página, é preciso uma política para a habitação, para a forma como ocupamos e pensamos o território, completamente diferente daquela que existe atualmente. Virar a página significa outra política de habitação, não só face àquilo que a direita fez, mas também face àquilo que a maioria absoluta do PS fez", afirmou Mariana Mortágua.
Para a líder bloquista é necessário "proteger as cidades das rendas especulativas", através da criação de tetos às rendas, tabelados de acordo com os rendimentos. Mariana Mórtagua defende também que é preciso limitar o alojamento local e criar "um regime de proteção do pouco património cultural" que resta.
"É preciso utilizar mais edifícios públicos que ainda existem, para que possam manter-se nos centros das cidades. Ninguém compreende que escolas que ontem foram importantes – como a Escola Superior de Teatro, de Música – tenham sido deslocadas para outras zonas periféricas da cidade para depois os edifícios serem vendidos para serem criados hotéis", criticou.
As declarações da coordenadora do BE foram feitas na Academia de Amadores de Música, no Chiado, em Lisboa, que está em risco de expulsão das suas instalações, onde está desde 1957, porque a sua renda vai aumentar de 542 para 3.728 euros.
Mariana Mortágua culpa a ‘Lei Cristas’, aprovada durante o Governo PSD/CDS, mas sublinha que situações como esta mantiveram-se devido ao PS, considerando que "há responsabilidades divididas".
Interrogada se sobre se o BE, como elemento da gerigonça, também não partilha responsabilidades nesta matéria, Mariana Mortágua respondeu que "o BE esteve sempre do lado das medidas para baixar o preço das casas", referindo que o partido sempre lutou por acabar com os vistos 'gold', com o regime dos residentes não habituais ou com a lei Cristas.
"A crise da habitação tem responsáveis e os seus responsáveis têm os seus votos registados em cada momento. (…) É essa página que nós queremos virar e é precisamente para virar essa página que queremos maiorias e compromissos", afirmou.
