Escutas começam a ser reveladas esta quinta-feira. “Arranjo maneira de chegar ao próprio Costa”

Escutas começam a ser reveladas esta quinta-feira. “Arranjo maneira de chegar ao próprio Costa”


Cinco dos arguidos foram ouvidos no Campus de Justiça, em Lisboa. As escutas mostram a influência de Lacerda Machado nas negociações.


A CNN Portugal teve acesso a escutas relacionadas com o ex-primeiro-ministro António Costa, que renunciou ao cargo recentemente. As gravações revelam o "melhor amigo" de Costa, Diogo Lacerda Machado, a ridicularizar um membro do Governo e a mostrar como se movimentava no processo que levou à demissão de Costa.

De acordo com o canal televisivo, Afonso Salema, administrador da Start Campus e arguido, procurou Lacerda Machado para obter influência junto da União Europeia na alteração dos códigos de atividade económica para 'data centers'. Lacerda Machado ofereceu-se para falar não só com membros do Governo, mas também com o próprio Costa, conhecido por mais de 40 anos.

"Está bem. Eu vou decifrar essa, se é Economia ou Finanças. Vou começar por aí e depois logo lembro como tomamos a iniciativa de suscitar e sugerir”, terá dito. “Se for Finanças, eu falo logo com o Medina ou com o António Mendes, que é o secretário de Estado. Se for Economia, arranjo maneira depois de chegar ao próprio António Costa".

Num segundo pedido de ajuda, Salema falou sobre dificuldades em obter vistos de residência para funcionários estrangeiros. Lacerda Machado ridicularizou um membro do Executivo e sugeriu que iria "chatear o vizinho", referindo-se ao secretário de Estado da Cooperação. "É uma lástima este secretário de Estado da internacionalização. Não serve para nada. Não serve para nada, não tem nenhuma capacidade política nenhuma, nem nada. Uma coisa horrível”, afirmou. “Às tantas eu ainda falo com o [Vítor] Escária”, disse. A demissão de Vítor Escária, chefe de gabinete do primeiro-ministro, também é mencionada nas gravações.

Cinco dos arguidos foram ouvidos no Campus de Justiça, em Lisboa. As escutas mostram a influência de Lacerda Machado nas negociações. O dinheiro apreendido no escritório de Vítor Escária, relacionado com atividade profissional anterior, é considerado irrelevante para o processo do lítio e hidrogénio. O ex-primeiro-ministro António Costa está sob investigação autónoma do Ministério Público.