Quando o futebol sai da sua zona de conforto

Quando o futebol sai da sua zona de conforto


O conflito entre Israel e o Hamas atingiu o futebol. Jogadores de origem muçulmana, como Benzema, defendem os palestinianos, e há políticos a pedir consequências.


A guerra de palavras começou com Karim Benzema, que não escondeu a sua origem muçulmana, e escreveu: «Todas as nossas preces vão para os habitantes de Gaza, que voltaram a ser vítimas destes bombardeamentos injustos, que não pouparam mulheres e crianças». A mensagem não passou despercebida ao antigo guarda-redes israelita, David Aouate, que, em cinco línguas diferentes, insultou Benzema por este apoiar a Palestina: «És um grande filho da p…» A situação escalou com as acusações do ministro do Interior francês, Gérald Darmanin. «O senhor Benzema tem ligações evidentes ao grupo Irmandade Muçulmana», disse o governante à televisão francesa CNews. Em alguns países, nomeadamente França, a Irmandade Muçulmana é considerada uma organização terrorista. O advogado de Karim Benzema já afirmou que o jogador vai apresentará queixa contra Gérald Darmanin. O caso não ficou por aqui. A senadora do Partido Republicano Valérie Boyer pediu que fosse retirada a nacionalidade francesa ao Bola de Ouro de 2022. Ainda em França, o jogador Youcef Atal, do Nice, publicou nas redes sociais uma mensagem de apoio à Palestina e partilhou um vídeo de Mahmoud al-Hasanat a desejar um dia negro aos judeus. As consequências não demoraram. O presidente da Câmara de Nice, Christian Estrosi, exigiu um pedido de desculpas ao argelino. Mais tarde, seria o clube a suspender o jogador. Já Manor Solomon acusou a Palestina na sequência da explosão num hospital de Gaza. «Mata o próprio povo e culpa Israel», escreveu o jogador do Tottenham.

Os responsáveis do Bayern de Munique têm entre mãos uma verdadeira ‘bomba’, com o regresso do guarda-redes israelita Daniel Peretz e do defesa marroquino Noussair Mazraoui. O israelita solidarizou-se com o seu país depois dos ataques do grupo terrorista Hamas: «O meu coração está com todas as pessoas. Mantenham-se fortes e cuidem-se. Vamos superar isto», escreveu Peretz nas redes sociais, enquanto Mazraoui usou o Instagram, onde tem mais de 2,4 milhões de seguidores, para dizer que o ataque terrorista a Israel foi «uma vitória dos irmãos oprimidos da Palestina». O Bayern de Munique tomou posição e, em comunicado, afirmou: «Expressámos publicamente uma declaração após o ataque terrorista contra Israel. Preocupamo-nos com os nossos amigos de Israel, e desejamos uma coexistência pacífica entre todos os povos do Médio Oriente». A declaração de Mazraoui levou o deputado do Partido Democrata Cristão CDU, Johannes Steineiger, a pedir a sua expulsão do clube e do país: «Caros responsáveis do Bayern, por favor, despeçam-no imediatamente. O Estado deve usar as possibilidades que tem para o expulsar da Alemanha». O neerlandês de origem marroquina Anwar El Ghazi, que joga no Mainz 05, foi suspenso após publicar nas redes sociais uma frase usada por membros do Hamas: «Do rio ao mar, a Palestina será livre».