Aplicação ‘Eu vi um lobo’ recolhe fotos para mapear e proteger a espécie

Aplicação ‘Eu vi um lobo’ recolhe fotos para mapear e proteger a espécie


O objetivo da plataforma é reunir informação científica e juntar a informação que existe, mas está dispersa, sobre o lobo em Portugal.


Desenvolvida pela plataforma Lobo Ibérico, a aplicação “Eu vi um lobo” procura envolver a comunidade na recolha de informação sobre a espécie protegida, dando a possibilidade aos cidadãos de partilhar anonimamente fotografias georreferenciadas do animal, indícios da sua presença e de potenciais ameaças.

“A ideia é criar um laço maior entre os cidadãos e a conservação da natureza” disse Luis Bruno Arrojado, um dos promotores da plataforma, à agência Lusa.

A aplicação para telemóveis é gratuita e os contributos são anónimos. Através da app, os cidadãos podem enviar fotografias georreferenciadas de lobos, indícios de presença desta espécie e também de potenciais ameaças.

“Para nós o mais importante é o registo em si”, aponta Luís Bruno Arrojado, acrescentando que o projeto tem “uma vertente que não toca só no lobo, mas em toda a natureza”.

Os dados introduzidos na app serão disponibilizados, de forma anónima, às autoridades e aos investigadores, que os utilizarão para mapear a ocorrência do lobo e das suas presas. Além do mais, a informação recolhida também permitirá, sempre que for possível e relevante, identificar e denunciar possíveis ameaças à espécie e ao seu ecossistema, como, por exemplo, a presença de laços ou iscos/carcaças envenenados.

A aplicação já foi lançada há cerca de seis meses e a plataforma junta os biólogos Francisco Álvares, Lemuel Silva e Sílvia Ribeiro e o informático Bruno Arrojado.

O objetivo da plataforma é reunir informação científica e juntar a informação que existe, mas está dispersa, sobre o lobo em Portugal.

Para além de ser um local de envio de dados a própria plataforma online disponibiliza informação relativamente ao lobo ibérico, nomeadamente mapas da evolução da espécie ao longo do séc. XX, das alcateias confirmadas e prováveis em Portugal entre 2002 e 2019 e há até mesmo fojos visitáveis onde se pode ver antigas armadilhas usadas para capturar o animal, além do mais, ainda se pode recolher informação sobre a sua alimentação ou ameaças.

O responsável defende ainda que “a ideia é criar um espaço de informação correta à volta do animal, sem mitos”.

Para além disso, a plataforma, segundo Luís Bruno Arrojado, apoia ações de conservação , doando parte dos lucros da venda de produtos da sua loja online a projetos que promovem a coexistência como, por exemplo, os que apoiam os produtores pecuários a melhorar a proteção do gado.

A app possui também uma loja com artigos exclusivos e alusivos ao lobo e ao seu ecossistema, produtos oriundos de regiões onde a espécie está presente a ainda dá prioridade a artistas nacionais e a produtores que adoptem boas práticas de coexistência com o lobo.

De acordo com o último censo nacional, realizado em 2002/2003, estima-se que existam cerca de 300 lobos em Portugal, distribuídos por um total de 63 alcateias e ocupando uma área de aproximadamente 20.400 quilómetros quadrados.

Os resultados do censo nacional realizado recentemente, que foi coordenado pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), ainda não são conhecidos.

A norte do rio Douro, o lobo encontra condições de sobrevivência mais favoráveis, com os principais redutos da espécie situados nas serras do Alto Minho e de Trás-os-Montes, em particular as abrangidas pelo Parque Nacional da Peneda-Gerês e pelos parques naturais de Montesinho e do Alvão.