A angústia entrou às escâncaras na casa da família Peugeot proprietária da famosa marca de automóveis do mesmo nome. O pequeno Eric, membro mais jovem da família e filho de um dos vice-presidentes da empresa, Roland, foi raptado e uma carta ameaçadora foi enviada aos pais dizendo algo como isto – “O vosso filho está vivo e encontra-se bem. Queremos 50 milhões de francos para o devolver. Não falem com a Polícia e mantenham-se em silêncio absoluto”. Ora, como se tal fosse possível? Estamos a falar de uma daquelas famílias que, em França, andava quotidianamente nas bocas do mundo. Não tardou que mais de três mil gendarmes andassem à caça dos raptores embora, tal como ficara estabelecido, a família tenha entregue o dinheiro do resgate de uma forma tão discreta que sobre isso nada se soube. Possuíam uma autorização extraordinária assinada por um juiz para poder deter e levar para a esquadra quem quer que fosse sem mandato de captura. Peugeot era um nome com um enorme peso social. Eric desapareceu da vista dos seus pais enquanto brincava num parque infantil de um campo de golfe do qual o seu avô e presidente da marca era sócio. O aviso das autoridades foi forte: “Se qualquer coisa acontecer ao pequeno Eric os responsáveis serão condenados à morte por guilhotina!” Pois, a guilhotina ainda assustava os franceses e muito. E, apesar de Roland se ter recusado a apresentar uma queixa formal contra os raptores com receio das consequências, a polícia lançou-se numa caçada furiosa pronta a não deixar pedra sobre pedra até que Eric fosse encontrado.
No dia 14 de Março, um hoteleiro de Semaïle, uma pequena vila perto de Alençon, na Normadia, avisou a polícia local que tinham almoçado no seu estabelecimento dois homens com cerca de trinta anos acompanhados por um menino de quatro anos, tendo desconfiado que acabara de servir os raptores. Referiu também a marca e a matrícula do veículo no qual se faziam transportar. Com o dinheiro do resgate na mão, os meliantes trataram de deixar a criança no sítio antecipadamente combinado com Roland para alívio dos Peugeot. Mas não se deixaram apanhar com facilidade. Só no final de 11 meses de investigações é que Pierre-Marie Larcher e Robert Rolland foram sujeitos a condenação. Não apenas eles mas também os seus cúmplices: Ingelise Bodin, Rolande Niemezyk e Jean-Simon Rothman. Entretanto já tinham gasto uma boa quantia dos 50 milhões de francos com que se abotoaram.