Foi quase noutra vida, quando ainda nem tinha 20 anos e cantava com as Destiny’s Child, que Beyoncé conquistou o primeiro Grammy da sua carreira. 2001 estava no início, e ‘Say My Name’, da girls band formada por Beyoncé, Kelly Rowland e Michelle Williams, bateu a concorrência na categoria de melhor canção de R&B.
Mais de duas décadas depois, a cantora, modelo e empresária natural de Houston, Texas, fez história ao arrecadar quatro prémios e tornar-se a artista mais premiada de sempre: soma agora 32 estatuetas do gramofone – mais do dobro de Michael Jackson, com 13 –, tendo superado o maestro húngaro-britânico Georg Solti, falecido em 1997, que detinha o recorde de 31 prémios. Seguem-se na lista dos mais ‘Grammiados’ de sempre Quincy Jones, com 28, e Alison Krauss e Chick Corea, o lendário pianista que morreu em 2021, à beira de completar 80 anos – ambos com 27 distinções.
Na noite de domingo, Beyoncé venceu nas categorias de Melhor Álbum de Dança/Eletrónica (Renaissance), Melhor Gravação de Dança/Eletrónica (Break My Soul), Melhor Performance R&B Tradicional (Plastic Off the Sofa) e Melhor Canção R&B (Cuff It).
No palco, a artista agradeceu a Deus e à família. “Estou a tentar não me emocionar”, começou. “Quero agradecer a Deus por me proteger. Obrigada, Deus”.
Apesar do triunfo, ainda não foi desta (à quarta nomeação) que levou para casa o cobiçado prémio para o Álbum do Ano: esse foi para Harry’s House, de Harry Styles. “Isto não acontece muitas vez a pessoas como eu, por isso é agradável. Muito obrigado”, disse o músico britânico, que usou um vestido feito com 250 mil cristais Swarovski. A frase incendiou as redes sociais, com muitos a verem-na como uma alusão ao facto de os Grammys serem dominados por artistas negros e mulheres.
Lizzo, que ganhou o Grammy para a Gravação do Ano com “About Damn Time”, dedicou a vitória a Prince. Já Adele, outra habituée destas andanças, venceu a categoria Performance Pop a Solo com a música “Easy on me”, que dedicou ao filho Angelo. Willie Nelson, o histórico da música country, com 89 anos, e o canadiano Michael Bubblé também estiveram entre os premiados.
Honrar a vida, a alegria e até os traumas Mas haveria lugar na noite para mais uma entronização, a de Viola Davis. Com a atribuição do Grammy de Melhor Audiolivro à sua autobiografia – Finding Me –, a atriz norte-americana entrou para o clube muito restrito dos EGOT, um estranho acrónimo que designa todos aqueles que fizeram o pleno dos principais prémios do mundo do espetáculo: Emmy, Grammy, Óscar e Tony.
“Escrevi este livro para homenagear a Viola de seis anos, honrá-la, honrar a sua vida, a sua alegria, os seus traumas, tudo”, declarou a atriz de 56 anos. Viola Davis, que venceu o Óscar de Melhor Atriz Secundária por Fences – Um limite entre nós, em 2016, tornou-se o 18.º membro do clube, juntando-se a nomes como Audrey Hepburn, Mel Brooks, Andrew Lloyd Weber e John Legend.
Existe, porém, um lote ainda mais restrito: o dos PEGOT, que é composto apenas por duas figuras, Richard Rodgers e Marvin Hamlisch. Ao Emmy, Grammy, Óscar e Tony, juntam ainda o Pulitzer, a prestigiada distinção que premia a excelência no jornalismo, na literatura e na composição musical.