Antes que o Mundial de Futebol termine é tempo de escrever que a nossa seleção está de parabéns. O esforço e empenho desta equipa devem ser reconhecidos, não obstante o resultado final. Já estamos apurados para os oitavos de final desta competição e, só este feito, já tem muito de meritório.
Estamos entre as trinta e duas seleções que disputam passar à fase seguinte e num grupo que conta com a seleção do Uruguai, a mesma que nos eliminou, no Mundial de 2018, nos oitavos de final, e à qual vencemos, na passada segunda-feira, com dois golos de Bruno Fernandes (o último foi “bafejado” com a magia de Cristiano). A postura de Bruno Fernandes foi exemplar quando questionado se o golo era seu ou do Ronaldo, ao revelar humildade e abnegação a favor de um todo, na resposta clara e sincera que deu. O selecionador do Gana também não nos facilitou a vida, assumindo muita garra ao defender a presença de uma seleção africana no mundial, continente que considera sub-representado na competição mundial.
Não são favas contadas, mas a verdade é que nos basta um empate para passarmos em primeiro lugar do nosso grupo à fase seguinte. E aqui é que está o nosso feito, o motivo da congratulação por estarmos a meio do caminho. Tal como um maratonista não deve ser reconhecido somente quando cruza a meta em primeiro lugar, também à seleção portuguesa não deve ser negado o reconhecimento do seu percurso e das vitórias que tem alcançado. Há todo um trabalho, envolvimento e ambição que deve ser enaltecido, incentivado e, até mesmo, acarinhado, independentemente do resultado.
O Mundial de Futebol, que teve a sua primeira edição em 1930, conta com vinte e duas edições, nas quais Portugal participou em oito, a contar com esta que decorre. O que é relevante nesta jornada é a evolução consistente da equipa das quinas, ainda que não tenha conquistado nenhum título.
Mas atente-se nestes factos: é a sexta participação consecutiva da nossa seleção no Mundial de Futebol e, em 2006, estivemos a disputar o terceiro lugar com a seleção alemã.
Há um brilho no trajeto da nossa seleção que se tem vindo a intensificar. Fase houve em que a ambição nacional era a qualificação de Portugal para estar presente no Mundial de Futebol. Hoje, não ambicionamos menos do que estar nas finais desta competição, disputando os primeiros lugares com seleções de renome e com um histórico de vitórias que não nos intimidam em nada, como é o caso da seleção francesa, a quem já vencemos o europeu, em 2016.
Portugal está com a seleção, não só por que temos equipa com potencial, mas também porque estamos a colher os frutos de um trabalho sistémico e orgânico que começou lá atrás e que se tem vindo a consolidar com o valor dos nossos jogadores e a visão ambiciosa dos selecionadores. Nem parecemos portugueses, ao ambicionar estar na final do Mundial de Futebol. Só espero que, caso fiquemos a meio caminho, os portugueses sejam gratos à seleção e que não sejam mais exigentes com a seleção do que são com o resto do país.
Os problemas do país não se resolvem dentro das quatro linhas, nem a crise deixa de existir no dia seguinte à vitória. O orgulho nacional, esse sentimento tão esquecido, deve perdurar, para além dos jogos. Chegámos longe e, por isso, aqui fica já o meu agradecimento aos jogadores que marcam os golos, aos que os assistem, aos que distribuem o jogo, aos que defendem, aos que se agigantam na baliza, aos que correm como se não houvesse amanhã junto às linhas brancas, aos que estão no banco a apoiar e sempre prontos para entrar, à equipa técnica, ao Fernando Santos e à Federação Portuguesa de Futebol.
Escreve quinzenalmente