“Mundial da vergonha”. Isabel Moreira explica voto contra ida de Marcelo ao Qatar

“Mundial da vergonha”. Isabel Moreira explica voto contra ida de Marcelo ao Qatar


“Se a única coisa que posso fazer é votar conta a deslocalização do PR a assistir a jogos de futebol à conta do que é este horror corrupto e desumano, pois faço-o”, escreveu no Facebook.


Isabel Moreira foi uma das deputadas do Partido Socialista que votou contra a deslocação do Presidente da República ao Qatar, para assistir ao primeiro jogo da seleção nacional, na quinta-feira.

Pouco depois, a deputada veio justificar o seu voto nas redes sociais. “Se a única coisa que posso fazer é votar conta a deslocalização do PR a assistir a jogos de futebol à conta do que é este horror corrupto e desumano, pois faço-o”, resumiu.

Isabel Moreira começa por dizer que reconhece que o voto contra é “inédito”, pois a “AR não tem de fazer juízos sobre as deslocações ao estrangeiro do PR”, no entanto, considera que nesta situação votar a favor seria dar “assentimento” a “um absurdo caucionamento de um mundial organizado de forma corrupta pela FIFA num país onde há trabalho escravo – desde logo para construir estádios onde os não havia, porque ali inexiste tradição de tal desporto. Gente morta para que possa haver estes tempos de futebol corrupto, tudo num país bárbaro em termos de direitos humanos”.

Para a deputada do PS, a escolha do Qatar “para organizar o já chamado ‘mundial da vergonha’ traduz o pior de um mundo vergonhosamente impune dentro do qual os direitos humanos e a legalidade desportiva estão à venda”.

Reconhece, no entanto, que esta não é a primeira vez que um evento desta natureza acontece num país em que o regime não é democrático, mas defende que, em 2022 tem de haver mais exigência e mais experiência.

“A própria FIFA dá-nos razões, todos os dias, para emitirmos o sinal possível contra a presença dos nossos titulares de órgãos de soberania no Catar onde a religião é a lei que faz das mulheres e dos homossexuais não-pessoas. Os efeitos da conivência com esta opressão sentem-se fora do catar (veja-se a proibição, cá, de entrada num estádio de futebol com camisolas da amnistia internacional)”, acrescentou, antes de resumir a sua posição.

“Se a única coisa que posso fazer é votar conta a deslocalização do PR a assistir a jogos de futebol à conta do que é este horror corrupto e desumano, pois faço-o”, concluiu, acrescentando a hashtag #mundialdavergonha à publicação.

Sublinhe-se que o projeto de resolução para a deslocação ao Qatar do chefe de Estado foi aprovado com votos a favor das bancadas do PS, PSD e PCP, a abstenção do Chega e os votos contra de IL, BE, PAN e Livre.

Na bancada do PS, além de Isabel Moreira, também Alexandra Leitão, Carla Miranda e Pedro Delgado Alves votaram contra. Os deputados do PSD Hugo Carneiro, António Topa Gomes e Fátima Ramos e os socialistas Maria João Castro, Miguel Rodrigues e Eduardo Alves abstiveram-se.