Stereolab no Lux. A revolução francesa faz-se de sintetizador na mão

Stereolab no Lux. A revolução francesa faz-se de sintetizador na mão


A icónica e influente banda dos anos 1990, Stereolab, esteve no Lux, em Lisboa, na primeira de duas atuações em Portugal. Esta sexta-feira seguem para o Hard Club, Porto.


Quem estivesse à porta da discoteca Lux, em Lisboa, esta quinta-feira, dia 3 de novembro, devia pensar que um dos mais famosos DJs do momento deveria estar a atuar numa das suas salas devido ao tamanho da fila que se formava desde a entrada até grande parte da largura do seu parque de estacionamento, mas nada disso.

Quem estava a juntar toda esta legião de fãs, que aguardavam para entrar na sala era uma das mais singulares bandas dos anos 1990, os Stereolab, que estão de regresso a Portugal pela primeira vez desde 2019, ano em que atuaram no NOS Primavera Sound.

A música deste grupo anglo-francês nunca foi fácil de descrever, rock alternativo fica à quem, electrónica não chega para descrever o trabalho que os sintetizadores fazem em criar as texturas das suas músicas, sem esquecer as inúmeras influências internacionais que ajudam a pintar todo o seu som, desde a influência alemã do Krautrock, à música brasileira, o funk ou o disco, específicamente na faixa Miss Modular, que recebeu um novo arranjo digno de uma das pistas de dança mais famosas de Portugal (e que foi elogiado pela vocalista, Læetitia Sadier, como "a fine club").

Os Stereolab tão pouco têm canções orelhudos que os seus fãs possam cantar a pulmões cheios, em vez disso tem longas músicas de 15 minutos (celebrada pelos fãs depois da vocalista anunciar a sua duração), tem hinos anarquistas que os seus fãs elogiam de punhos no ar (mas com cuidado, não vão entornar o gin da pessoa que está ao seu lado) ou odes às (alegrias do materialismo, tal como descreveu ironicamente a cantora, guitarrista e teclista.

Com um alinhamento alternando entre músicas menos conhecidas da discografia dos Stereolab, nomeadamente b-sides ou raridades editadas recentemente, como Harmonium, e algumas das mais icónicas faixas do grupo, French Disko ou Pack Yr Romantic Mind, estes foram bastante bem recebidos pelos fãs que ora dançavam ao ritmo mecânico do grupo ou contemplavam as paisagens sonoras que os músicos criavam com os seus exóticos efeitos.

Apesar de por vezes a mistura de som na sala não fazer justiça ao peculiar som que a banda criou em estúdio, foi uma noite em que todos saíram satisfeitos do Lux e que terá uma segunda dose em salas portuguesas, esta sexta-feira, no Hard Club, no Porto.

A primeira parte do concerto ficou à responsabilidade do cantautor Alberto Montero, apenas munido de uma guitarra acústica e de uma poderosa e intimista voz espanhola.