Num país que foge das reformas como o diabo foge da cruz, uma das transformações mais marcantes e visíveis que, nem mesmo o exacerbado criticismo próprio de épocas de crise consegue iludir, é a mudança verificada em tantas das nossas Cidades e mesmo no tecido urbano da ruralidade.
Por toda a parte se espalharam infraestruturas básicas, se cuidou do espaço urbano, se criaram polos que mudaram a face cosmopolita de zonas que chegaram bastante esclerosadas à segunda metade do século passado.
Braga, Maia, Porto-Gaia, Aveiro, Viseu, Évora, Loulé, Covilhã, Lisboa-Oeiras-Cascais, estas serão cidades imparáveis no seu desenvolvimento e afirmação internacional por via de uma certa consolidação urbana, aposta em modernidade gestionária e opção pelo carácter central da actividade económica.
Braga
A cada passo surpreende pela captação de investimento, lançamento de iniciativas no campo da I & D, incomparável externalização da universidade com o mundo empresarial. Direcção política municipal cujo dinamismo explica muito do sucesso alcançado.
Maia
O crescimento espantoso de grandes empresas e o aparecimento de startups significativas de capacidade competitiva, com uma realidade urbana de qualidade, conjugada com a integração do aeroporto e área portuária na sua zona de influência, fizeram da Maia um caso de presença citadina autónoma junto ao Porto.
Desde Vieira de Carvalho, uma direcção política na Câmara muito dinâmica.
Porto-Gaia
Se houvesse uma cultura de reformismo permanente e afeição aos sinais do mundo moderno, de há muito que se tinha feito a integração das duas margens do Douro, criando uma cidade-metrópole institucionalizada de nível europeu.
Berço de empresários do mundo, teve a sorte de autarcas como Fernando Gomes no Porto e Luís Menezes em Gaia, que estabeleceram as bases meritórias para grandes polos que são hoje.
Aveiro
A estruturação urbana e paisagística fazem de Aveiro uma terra absolutamente extraordinária, capaz de surpreender para o sonho do turista como do empresário visando condições de entorno tecnológico excepcional. O centro de desenvolvimento da PT/Altice tem nível mundial. Beneficiou durante anos da liderança segura e competente de José Girão Pereira, o fundador da moderna Aveiro e de Ribau Esteves, o competentíssimo actual presidente.
Viseu
É um caso de estudo. Sem comboio por perto, soube constituir-se como centro de um mundo rural e freguesias bastante desenvolvidas e industrializadas. Viseu maximizou a proximidade do IP5 e, depois a A25, que permite lançadeiras logísticas para a Europa. Há homens que identificam cidades e Fernando Ruas é um desses eleitos que soube pensar a cidade como europeu de rasgados horizontes.
Évora
O mais espectacular caso de explosão económica e urbana. Soube conjugar a oportunidade trazida pela Embraer e a atração turística dentro das muralhas. Com o José Ernesto e agora com o Carlos Pinto de Sá como presidentes, Évora atraiu milhares de novos residentes em quinze anos, valorizando-se ainda pela proximidade de Espanha.
Loulé
Faz três dezenas de anos que um jovem presidente de Câmara, José Mendes Bota, semeou os grãos de modernidade e deu o impulso turístico ao concelho que tem Vilamoura como expoente, lançada por Artur Cupertino de Miranda. Desde então chegou o ordenamento urbanístico, a rede de comércio internacional, acentuou-se o cosmopolitismo, Loulé sendo núcleo interior, todavia soube construir a rede de pequenas urbes ribeirinhas, como crescentes destinos internacionais turísticos.
Lisboa-Oeiras-Cascais
A chamada “linha”, mesmo com as carruagens do comboio coloridas de pichagens de mau gosto e degradação, cada uma das cidades de “per si”, está hoje muito longe do que era há vinte anos.
Se é verdade que os “redis lisboetas para bicicletas” a que chamam ciclovias, em ruas estreitas são um exagero e uma inexplicável menos-valia assumida que talvez tenha “condenado” Medina, fica ainda a Lisboa dos autarcas que lançaram as bases para a agradável cidade global em que se tornou e a que Moedas vem transmitindo uma nova perspectiva arejada de valorização pelo investimento e pela decantação da qualidade urbana.
Já Oeiras soube chamar o visionário Isaltino que, fez de uma vila tranquila, uma cidade intensa, pensada, qualitativa, plural, exemplo de mundivisão económico-social averiguada.
Há neste município um não sei quê de “internacionalidade”, onde é possível ter uma coleção de estatuária da poesia (Parque dos Poetas), para logo chegar a ciência e tecnologia exuberante de insígnias empresariais no Tagus Parque.
Está em construção o World Trade Center em Oeiras, (inaugurado por estes dias) como é óbvio… onde mais poderia ser?
Um caso de liderança que marca o nascimento de outro caso de estudo, nas escolas de planeamento urbanístico e desenvolvimento económico.
A criação da escola de Carcavelos foi o clik que faltava a Cascais para integrar natural aptidão turística com a formação de uma academia de valor mundial.
Paulatinamente, desde George d’Argent, passando por António Capucho na cultura, até Carlos Carreiras com notável centralização temática na digitalização, Cascais fecha o eixo com Lisboa, que integra Oeiras e que dará cartas no futuro.
Em conclusão …
Por aqui ficam certezas dado o ponto de irreversibilidade a que chegaram estes núcleos, mas tal não significa que a citação seja exaustiva, ficando muitos outros bons exemplos para nova oportunidade.
(Nota: a Covilhã por enquanto fica ausente na abordagem “et pour cause …”)