Partidos que fazem anúncios como cadeias de supermercados


O maior partido da oposição sabe, porém, que não é essa a perceção da maioria das pessoas e não perdeu tempo a explorar o ponto fraco do adversário. Lado a lado nos cartazes do PSD lê-se: “Austeridade Socialista – CORTE DE MIL MILHÕES permanente para o futuro” e “Justiça Social PSD – NENHUM CORTE nas pensões para o futuro”.


Os primeiros meses da maioria absoluta socialista estão a ser férteis em casos e escorregadelas, mas nenhum atingiu o Governo com tanta força como o travão ao aumento das pensões de reforma. Resumindo em poucas palavras, havia uma fórmula de cálculo dos aumentos das pensões que era indexada à inflação. Mas, assim que essa fórmula de cálculo deixou de dar jeito porque a inflação atingiu valores muito altos, as regras do jogo foram alteradas.

O problema não foi só esse: talvez pior do que o travão em si foi o Governo tentar apresentá-lo como uma benesse. Isso fica claro nos outdoors que os socialistas espalharam pelo país: “Aumento extraordinário das pensões. Juntos seguimos e cumprimos!”.

O maior partido da oposição sabe, porém, que não é essa a perceção da maioria das pessoas e não perdeu tempo a explorar o ponto fraco do adversário. Lado a lado nos cartazes do PSD lê-se: “Austeridade Socialista – CORTE DE MIL MILHÕES permanente para o futuro” e “Justiça Social PSD – NENHUM CORTE nas pensões para o futuro”.

Para começar, é um pouco deprimente vermos os dois maiores partidos a digladiarem-se no domínio público como duas cadeias de supermercados, a ver quem vende mais barato.

Como é óbvio, nenhum Governo devia precisar de gastar dinheiro em publicidade para alardear as suas medidas, por muito virtuosas que sejam (ou melhor, presume-se que é precisamente por não serem tão boas quanto isso que têm de ser defendidas).

Mas o PSD não vai por um caminho muito melhor. Até é possível que os seus cartazes funcionem, porque infelizmente os eleitores continuam a ir muito atrás deste tipo de promessas. Mas, além do tom oportunista e demagógico, a mensagem do PSD peca, sobretudo, por ser mais do mesmo. O PS é que é o especialista na distribuição – de subsídios, de apoios, de aumentos, de dinheiros públicos. Essa política assistencialista, por muitos méritos que possua, tem empurrado o país para a cauda da Europa. 

Os sociais-democratas deviam empenhar-se em fazer diferente. Por exemplo, baixar impostos ou apostar nas empresas que criam riqueza, para, em vez de ser preciso distribuir subsídios aos desfavorecidos, se tirar as pessoas da miséria. É para isso, para fazer diferente, que servem as alternativas. E os cartazes do PSD mostram uma maneira de pensar que se não é igual, pelo menos está no mesmo comprimento de onda que a do Governo.

Partidos que fazem anúncios como cadeias de supermercados


O maior partido da oposição sabe, porém, que não é essa a perceção da maioria das pessoas e não perdeu tempo a explorar o ponto fraco do adversário. Lado a lado nos cartazes do PSD lê-se: “Austeridade Socialista – CORTE DE MIL MILHÕES permanente para o futuro” e “Justiça Social PSD – NENHUM CORTE nas pensões para o futuro”.


Os primeiros meses da maioria absoluta socialista estão a ser férteis em casos e escorregadelas, mas nenhum atingiu o Governo com tanta força como o travão ao aumento das pensões de reforma. Resumindo em poucas palavras, havia uma fórmula de cálculo dos aumentos das pensões que era indexada à inflação. Mas, assim que essa fórmula de cálculo deixou de dar jeito porque a inflação atingiu valores muito altos, as regras do jogo foram alteradas.

O problema não foi só esse: talvez pior do que o travão em si foi o Governo tentar apresentá-lo como uma benesse. Isso fica claro nos outdoors que os socialistas espalharam pelo país: “Aumento extraordinário das pensões. Juntos seguimos e cumprimos!”.

O maior partido da oposição sabe, porém, que não é essa a perceção da maioria das pessoas e não perdeu tempo a explorar o ponto fraco do adversário. Lado a lado nos cartazes do PSD lê-se: “Austeridade Socialista – CORTE DE MIL MILHÕES permanente para o futuro” e “Justiça Social PSD – NENHUM CORTE nas pensões para o futuro”.

Para começar, é um pouco deprimente vermos os dois maiores partidos a digladiarem-se no domínio público como duas cadeias de supermercados, a ver quem vende mais barato.

Como é óbvio, nenhum Governo devia precisar de gastar dinheiro em publicidade para alardear as suas medidas, por muito virtuosas que sejam (ou melhor, presume-se que é precisamente por não serem tão boas quanto isso que têm de ser defendidas).

Mas o PSD não vai por um caminho muito melhor. Até é possível que os seus cartazes funcionem, porque infelizmente os eleitores continuam a ir muito atrás deste tipo de promessas. Mas, além do tom oportunista e demagógico, a mensagem do PSD peca, sobretudo, por ser mais do mesmo. O PS é que é o especialista na distribuição – de subsídios, de apoios, de aumentos, de dinheiros públicos. Essa política assistencialista, por muitos méritos que possua, tem empurrado o país para a cauda da Europa. 

Os sociais-democratas deviam empenhar-se em fazer diferente. Por exemplo, baixar impostos ou apostar nas empresas que criam riqueza, para, em vez de ser preciso distribuir subsídios aos desfavorecidos, se tirar as pessoas da miséria. É para isso, para fazer diferente, que servem as alternativas. E os cartazes do PSD mostram uma maneira de pensar que se não é igual, pelo menos está no mesmo comprimento de onda que a do Governo.