Rússia. Putin pode anunciar anexação na sexta-feira

Rússia. Putin pode anunciar anexação na sexta-feira


Donetsk, Lugansk, Zaporijjia e Kherson podem passar a integrar a Rússia esta sexta-feira.


No mesmo dia em que terminam os referendos sobre a possível anexação de quatro zonas ucranianas por parte da Rússia, o Ministério da Defesa do Reino Unido avança que o Presidente Vladimir Putin pode anunciar a medida já esta sexta-feira.

É esperado que o líder russo discurse perante o parlamento, esta sexta-feira, e declare a anexação de Donetsk, Lugansk, Zaporijjia e Kherson, o que representa 15% do território ucraniano.

“Os líderes da Rússia quase certamente esperam que qualquer anúncio de adesão seja visto como uma justificativa da ‘operação militar especial’ e consolide o apoio patriótico ao conflito”, disse o ministério da Defesa inglês. “Esta aspiração provavelmente será prejudicada pela crescente consciencialização interna sobre os recentes contratempos no campo de batalha da Rússia e um desconforto significativo sobre a mobilização parcial anunciada na semana passada”.

Os referendos foram convocados pelos parlamentos das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk de forma a ser reconhecida a sua integração na Rússia, ao qual se juntaram as regiões de Kherson e Zaporijjia, parcialmente sob domínio russo.

A decisão foi alvo de grande contestação internacional e será objeto de discussão em reunião no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Numa reunião desta organização na semana passada, António Guterres sublinhou que “qualquer anexação do território de um Estado por outro Estado resultante da ameaça ou uso da força é uma violação da Carta da ONU e do direito internacional”.

As autoridades ucranianas dizem temer que os homens nos territórios recém-ocupados sejam recrutados para combater, tal como aconteceu nas partes do leste da Ucrânia que estão sob ocupação russa desde 2014.

“O Kremlin ordenará provavelmente ao Ministério da Defesa russo que inclua civis ucranianos no território ucraniano ocupado e recentemente anexado no ciclo de recrutamento russo”, disse o Instituto para o Estudo da Guerra, um think-tank norte-americano, na sua avaliação diária sobre a guerra na Ucrânia.

Numa altura em que crescem os receios da mobilização parcial da população, a Geórgia e o Cazaquistão, dois dos países vizinhos da Rússia, confirmaram um aumento acentuado da chegada de russos desde 21 de setembro, quando Moscovo decretou a mobilização.

O Ministério do Interior da Geórgia disse que as chegadas de russos quase duplicaram para cerca de 10.000 por dia após o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, ter anunciado a mobilização de 350.000 reservistas.

Problemas no Nordstream As Autoridades Marítimas da Suécia alertaram para dois “pontos de fuga” no gasoduto Nord Stream 1 em águas suecas e dinamarquesas, após também terem sido detetadas fugas no gasoduto Nord Stream 2.

“As autoridades já foram informadas de que se registam dois pontos de fuga no gasoduto Nord Stream 1, que também não está operacional, mas que contém gás”, disse o ministro dinamarquês para o Clima e a Energia através de um comunicado citado pela agência France Press.

A Comissão Europeia disse que era prematuro especular sobre a causa destas fugas. Opinão diferente têm os russos, que não descartam a sabotagem. 

Dmitry Peskov, o porta-voz do Kremlin, declarou que o seu governo está muito preocupado com a situação e que exige uma investigação imediata, uma vez que se trata de uma questão para a segurança energética de “todo o continente”. 

Apesar de ainda não ser possível confirmar se as fugas se devem a um ataque, as autoridades da Suécia revelaram queforam registadas duas explosões submarinas, “muito provavelmente devido a detonações”, perto dos locais onde foram detetadas fugas nos gasodutos.