Depois da hora marcada, devido à chuva intensa que cai em Londres, Liz Truss começou o seu primeiro discurso, como primeira-ministra do Reino Unido, a prestar homenagem a Boris Johnson, dizendo que “a História vê-lo-á como um primeiro-ministro extremamente consequente”. "O que torna o Reino Unido grande é a nossa crença fundamental na liberdade, no empreendimento e no jogo limpo", afirmou, reconhecendo, porém, as consequências da pandemia e da invasão da Ucrânia pela Rússia.
Relativamente a esta problemática, tal como o Nascer do SOL e o i já tinham avançado, a Rússia reagiu à eleição de Truss afirmando que as relações com o Reino Unido não irão melhorar, tendo em conta as declarações que a candidata eleita fez enquanto ministra dos Negócios Estrangeiros sobre a guerra na Ucrânia. "A julgar pelas declarações de Truss, proferidas quando ainda era ministra dos Negócios Estrangeiros (…), podemos dizer, com grande certeza, que não devemos esperar mudanças para melhor", apontou Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, citado pela agência de notícias oficial russa TASS, esta terça-feira. É de lembrar que Liz Truss é conhecida pelo “posição dura” em relação à Rússia de Putin, uma vez que a considera como um "país agressor", devido à invasão da Ucrânia, em curso desde 24 de fevereiro.
A partir do número 10 da Downing Street, primeira-ministra recém-eleita explicou que “transformará a Grã-Bretanha numa nação com aspirações”, prometendo empregos com salários mais elevados e ruas mais seguras. “Vou agir hoje, e agir todos os dias, para que isso aconteça”, asseverou a dirigente, enfatizando o relacionamento do país com os seus parceiros globais. “Não podemos ter segurança em casa sem ter segurança no exterior”, observou.
O crescimento da economia, a resposta à crise energética e a melhoria do Serviço Nacional de Saúde são as suas três principais prioridades. “Farei com que a Grã-Bretanha volte a funcionar”, indicou, prometendo um plano económico de corte de impostos que tem em conta, em primeira instância, o “crescimento liderado pelos negócios”. Recorde-se que, ao longo da campanha eleitoral, Truss prometeu cortar impostos para se tornar líder dos 'tories', apesar de o seu rival e ex-chanceler Rishi Sunak ter alertado a população para o alegado facto de os seus planos alimentarem a inflação.
A dirigente espera conseguir "garantir que as pessoas não enfrentam contas de energia inacessíveis”, adiantando que existirão “ações nesta semana para lidar com as contas de energia”. Os britânicos enfrentaram enormes picos nas suas faturas, no decorrer destes nove meses do ano, e o Partido Trabalhista, da oposição, pediu ao governo que congele as tarifas até a próxima primavera e crie um imposto, até então inesperado, sobre as empresas de gás. E o serviço de saúde, que está a enfrentar uma crise de recursos humanos – à semelhança de Portugal – que deixou muitas pessoas sem consultas e tratamentos, completa a agenda de Truss, sendo que esta espera que “as pessoas possam obter consultas médicas e o serviço do NHS de que precisam”. “Vamos colocar o nosso serviço de saúde numa base firme”, constatou.
Depois de ter aprofundado as suas três principais prioridades, a nova primeira-ministra britânica declarou: "Estou confiante de que juntos podemos enfrentar a tempestade". "Não devemos assustar-nos com os desafios que enfrentamos. Por mais forte que a tempestade possa ser, sei que o povo britânico é mais forte", frisou. "O nosso país foi construído por pessoas que fazem as coisas", continuou. "Temos enormes reservas de talento, energia e determinação. Podemos reconstruir o nosso país e tornarmo-nos na Grã-Bretanha moderna e brilhante que todos sabem que podemos ser".
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