Lisboa a caminho da hidroconsciência


O Plano Geral de Drenagem vai dotar a cidade de Lisboa com várias infraestruturas de drenagem, indispensáveis não só para minimizar os impactos das cheias e inundações, como permitirá a reutilização destas águas para a rega, a higiene urbana e o combate aos incêndios.


Não tardam as primeiras chuvas depois de um período relativamente seco na cidade de Lisboa. A partir de finais de setembro e durante o mês de outubro, regressam as preocupações com as chuvas torrenciais que se precipitam sobre a cidade, provocando inundações por muitos locais. Ano após ano, as situações de inundação são frequentes, em particular nas zonas baixas e planas da cidade com muitos prejuízos para comerciantes e particulares que assistem, sem nada poderem fazer, aos avanços da água pelas casas e lojas adentro.

Se há quem se queixe que as sarjetas não são desobstruídas atempadamente, outros atribuem responsabilidades à autarquia, que tardou em decidir-se em avançar com a concretização do Plano Geral de Drenagem. Parece que agora é que vão dar início às grandes obras de um Plano aprovado em 2008, revisto em finais de 2014 para atualizar a informação constante do plano de 2008 e com contrato assinado em 2021. Durante todo este tempo, em que já era evidente a necessidade imperativa desta obra, os munícipes de Lisboa foram sendo distraídos com uma nova praça em cada bairro, jardins espontâneos que nasceram da noite para o dia, um eixo central que, sem dúvida, trouxe um pouco da Amazónia até nós, não só pela quantidade de árvores que se multiplicou, bem como, proporcionalmente, diminuíram os estacionamentos para os automóveis e as faixas de circulação para os veículos automóveis, criando engarrafamentos constantes naquela via.

Compreende-se por que razão esta obra não foi considerada uma prioridade para os anteriores executivos municipais: trata-se de um investimento volumoso que não é visível para o eleitor, já que grande parte dos trabalhos ocorrem debaixo dos nossos pés e longe dos nossos olhos. Os seus efeitos também só se manifestarão a longo prazo, mais concretamente, a partir de 2030.

Mas afinal o que é o Plano Geral de Drenagem para a cidade de Lisboa? É um conjunto de obras que permitirão dotar a cidade com várias infraestruturas de drenagem estruturantes, indispensáveis não só para minimizar os impactos sociais e ambientais das cheias e inundações, ao existir um controlo planeado das águas pluviais, bem como permitirá a reutilização destas águas para outras atividades que não careçam de água potável, como a rega, a higiene urbana e o combate aos incêndios.

Estamos a referir-nos a um investimento inicialmente previsto para 250 milhões de euros, sendo que metade deste valor é financiado pelo Banco Europeu de Investimento. 

Serão construídos dois túneis: um com 4,6 km que vai desde Monsanto a Santa Apolónia e que estará concluído no prazo de um ano após o início de trabalhos; e um segundo túnel, de menor comprimento (1,6 km), entre Chelas e o Beato, com a duração de 4 meses de trabalhos. O quadro cronológico indica que a primeira escavação será o túnel de Monsanto – Santa Apolónia, cujos trabalhos se iniciam em dezembro deste ano. A conclusão de ambos os túneis está apontada para fevereiro do 2025, assim não aconteça nenhum percalço à tuneladora Oli. É verdade, a tuneladora foi batizada, tal é a sua importância e dimensão. Mede 130 metros de comprimento, a cabeça de corte tem quase 7 metros de diâmetro e avança cerca de 10 metros por dia. Uma máquina de peso para uma obra de grande envergadura.

Uma outra boa notícia para os lisboetas é que até 2025, o município estima poupar 3 milhões de metros cúbicos de água potável, de acordo com o Plano Estratégico de Reutilização de Água de Lisboa, ao acabar com a utilização de água potável na rega dos espaços verdes da cidade, substituindo-a por águas residuais tratadas. Este projeto já está em marcha na zona do Parque das Nações Norte, com a Fábrica de Água de Beirolas a ser a primeira estação de tratamento de águas residuais do país licenciada para produzir água destinada a ser reutilizada. Mais tarde, a Beirolas juntar-se-ão as fábricas de água de Chelas e de Alcântara, permitindo uma cobertura total do concelho.

O consumo anual de água potável em Lisboa cifra-se nos 55 milhões de metros cúbicos, sendo que 3,9 milhões são da responsabilidade da autarquia. Destes 7% do consumo total da cidade, ¾ são gastos que a autarquia tem em consumos não potáveis (rega, lavagem de ruas e outros), pelo que esta poupança significará cerca de 75% do consumo atual.

Tanto a primeira situação como a segunda são dois bons exemplos de que a autarquia está empenhada em promover a hidroconsciência e de que necessita que os seus munícipes também se tornem mais hidroconscientes, perante um bem que cada vez tem mais valor: a água.

Escreve quinzenalmente

Lisboa a caminho da hidroconsciência


O Plano Geral de Drenagem vai dotar a cidade de Lisboa com várias infraestruturas de drenagem, indispensáveis não só para minimizar os impactos das cheias e inundações, como permitirá a reutilização destas águas para a rega, a higiene urbana e o combate aos incêndios.


Não tardam as primeiras chuvas depois de um período relativamente seco na cidade de Lisboa. A partir de finais de setembro e durante o mês de outubro, regressam as preocupações com as chuvas torrenciais que se precipitam sobre a cidade, provocando inundações por muitos locais. Ano após ano, as situações de inundação são frequentes, em particular nas zonas baixas e planas da cidade com muitos prejuízos para comerciantes e particulares que assistem, sem nada poderem fazer, aos avanços da água pelas casas e lojas adentro.

Se há quem se queixe que as sarjetas não são desobstruídas atempadamente, outros atribuem responsabilidades à autarquia, que tardou em decidir-se em avançar com a concretização do Plano Geral de Drenagem. Parece que agora é que vão dar início às grandes obras de um Plano aprovado em 2008, revisto em finais de 2014 para atualizar a informação constante do plano de 2008 e com contrato assinado em 2021. Durante todo este tempo, em que já era evidente a necessidade imperativa desta obra, os munícipes de Lisboa foram sendo distraídos com uma nova praça em cada bairro, jardins espontâneos que nasceram da noite para o dia, um eixo central que, sem dúvida, trouxe um pouco da Amazónia até nós, não só pela quantidade de árvores que se multiplicou, bem como, proporcionalmente, diminuíram os estacionamentos para os automóveis e as faixas de circulação para os veículos automóveis, criando engarrafamentos constantes naquela via.

Compreende-se por que razão esta obra não foi considerada uma prioridade para os anteriores executivos municipais: trata-se de um investimento volumoso que não é visível para o eleitor, já que grande parte dos trabalhos ocorrem debaixo dos nossos pés e longe dos nossos olhos. Os seus efeitos também só se manifestarão a longo prazo, mais concretamente, a partir de 2030.

Mas afinal o que é o Plano Geral de Drenagem para a cidade de Lisboa? É um conjunto de obras que permitirão dotar a cidade com várias infraestruturas de drenagem estruturantes, indispensáveis não só para minimizar os impactos sociais e ambientais das cheias e inundações, ao existir um controlo planeado das águas pluviais, bem como permitirá a reutilização destas águas para outras atividades que não careçam de água potável, como a rega, a higiene urbana e o combate aos incêndios.

Estamos a referir-nos a um investimento inicialmente previsto para 250 milhões de euros, sendo que metade deste valor é financiado pelo Banco Europeu de Investimento. 

Serão construídos dois túneis: um com 4,6 km que vai desde Monsanto a Santa Apolónia e que estará concluído no prazo de um ano após o início de trabalhos; e um segundo túnel, de menor comprimento (1,6 km), entre Chelas e o Beato, com a duração de 4 meses de trabalhos. O quadro cronológico indica que a primeira escavação será o túnel de Monsanto – Santa Apolónia, cujos trabalhos se iniciam em dezembro deste ano. A conclusão de ambos os túneis está apontada para fevereiro do 2025, assim não aconteça nenhum percalço à tuneladora Oli. É verdade, a tuneladora foi batizada, tal é a sua importância e dimensão. Mede 130 metros de comprimento, a cabeça de corte tem quase 7 metros de diâmetro e avança cerca de 10 metros por dia. Uma máquina de peso para uma obra de grande envergadura.

Uma outra boa notícia para os lisboetas é que até 2025, o município estima poupar 3 milhões de metros cúbicos de água potável, de acordo com o Plano Estratégico de Reutilização de Água de Lisboa, ao acabar com a utilização de água potável na rega dos espaços verdes da cidade, substituindo-a por águas residuais tratadas. Este projeto já está em marcha na zona do Parque das Nações Norte, com a Fábrica de Água de Beirolas a ser a primeira estação de tratamento de águas residuais do país licenciada para produzir água destinada a ser reutilizada. Mais tarde, a Beirolas juntar-se-ão as fábricas de água de Chelas e de Alcântara, permitindo uma cobertura total do concelho.

O consumo anual de água potável em Lisboa cifra-se nos 55 milhões de metros cúbicos, sendo que 3,9 milhões são da responsabilidade da autarquia. Destes 7% do consumo total da cidade, ¾ são gastos que a autarquia tem em consumos não potáveis (rega, lavagem de ruas e outros), pelo que esta poupança significará cerca de 75% do consumo atual.

Tanto a primeira situação como a segunda são dois bons exemplos de que a autarquia está empenhada em promover a hidroconsciência e de que necessita que os seus munícipes também se tornem mais hidroconscientes, perante um bem que cada vez tem mais valor: a água.

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