As festas populares e os festivais de música no mês de junho terão provocado 340 mil novos casos de covid-19, entre infeções reportadas e outras que não entraram na contabilidade oficial.
A estimativa é da equipa do Instituto Superior Técnico que faz a monitorização da pandemia e é uma das conclusões de uma primeira análise à sexta vaga de infeções no país. Portugal registou um total de 1.363.000 novos casos, contabilizam, pelo que o impacto dos grandes ajuntamentos do mês de junho em particular em Lisboa e no Porto são ligados a cerca de um quarto dos contágios.
Na análise divulgada pela agência Lusa, os investigadores constatam que a covid-19 foi apontada como causa principal de 2331 mortes nesta sexta vaga – como o i noticiou, muito mais do que há um ano no mesmo período, com uma circulação muito maior do vírus que que atingiu todas as idades, incluindo a população mais idosa e de maior risco, numa altura em que ainda não tinha sido iniciada a terceira dose da vacina.
Sexta vaga com mais diagnósticos do que todo o ano de 2021 Os dados da Direção Geral da Saúde mostram a diferença, mesmo sabendo-se que atualmente são reportados até menos casos do que no passado e haverá por isso um maior diferencial entre as infeções reais e as conhecidas. Olhando para os meses de maio, junho e julho, verifica-se que, no ano passado, tinham sido contabilizados neste período de primavera/verão 142.800 casos de covid-19 e 397 mortes, analisou o i.
Este ano, desde o início de maio e ainda a faltar o balanço destes últimos dias de julho, registam-se 1.294.687 casos (mais do que em todo o ano de 2021) e 2262 mortes. Comparando com o mesmo período de 2021, houve assim pelo menos 10 vezes mais contágios e 6 vezes mais óbitos, analisou o i, num período em que se esperava maior acalmia da doença, algo alterado pelas novas subvariantes da Omicron.
Mas a quebra na taxa de letalidade após a vacinação mantém-se: em 2021, durante todo o ano, registaram-se então pouco mais de um milhão de diagnósticos e 11.989 mortes, quase 10 mil nos primeiros dois meses do ano, quando a vacinação estava a começar.
A equipa do IST, que tem feito o cálculo da taxa de letalidade ao longo da pandemia, salienta que registou uma subida mais acentuada da letalidade em meados de maio, tendo estabilizado depois em valores ligeiramente abaixo de 0,2%, refletindo os efeitos do reforço vacinal, e situa-se atualmente nos 0,17%. Detetaram ainda uma possível correlação com o aumento da letalidade em vagas de calor.
Esta quinta-feira o Governo decidiu prolongar a situação de alerta, mantendo as regras atualmente em vigor, atualmente o uso de máscara obrigatório em transportes públicos, lares e todas as instituições de saúde, bem como, o cumprimento de um isolamento de cinco dias em casos de infeção por covid-19. A ministra da Vieira da Silva admitiu que possam vir a ser necessárias mais medidas no outono/inverno.
Apesar da atual redução significativa do perigo pandémico, a equipa do IST recomendou também o reforço da monitorização a partir do mês de setembro, alertando que “ter excesso de confiança é o risco que Portugal corre”.