Exame dos médicos custa 50 mil ao Estado só em aluguer de cadeiras

Exame dos médicos custa 50 mil ao Estado só em aluguer de cadeiras


Contratos de aluguer de mobiliário para a Prova Nacional de Acesso de 2022 foram publicados esta semana. ACSS justifica com medidas da pandemia. Despesa com mesas maiores e separadores de acrílicos repete-se desde 2020.


A despesa pública com a realização da prova feita pelos médicos para acederem à especialidade aumentou nos últimos anos, com o Estado a gastar mais de 50 mil euros com o aluguer de mobiliário necessário para a realização do exame.

Os contratos para a chamada Prova Nacional de Acesso deste ano, que terá lugar a 23 de novembro, foram publicados esta semana no portal BASE. Mostram uma despesa de 25.525 euros (mais IVA) em aluguer de mobiliário para a realização da PNA no Porto e uma despesa de 19.950 euros (mais IVA) para a realização do exame no Porto.

Se tem havido investimento em mobiliário, esta é uma área em que o Estado opta por alugar, com a despesa a repetir-se todos os anos. 

Questionada pelo Nascer do SOL, a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), que assina os contratos, refere que a PNA se realiza anualmente desde 2019 e envolve cerca de 2.500 proponentes por edição. 

A maioria faz a prova no Porto e em Lisboa, onde os locais escolhidos têm sido a Feira Internacional de Lisboa e, a Norte, o Europarque, em Santa Maria da Feira. E o mobiliário? «Desde 2020, devido à pandemia de COVID-19, houve necessidade de adaptar a organização dos espaços destinados à realização da PNA, de modo a garantir o distanciamento entre pessoas, mesas de maiores dimensões e existência de separadores em acrílico, tendo em vista a minimização do risco e da transmissão da infeção por SARS-CoV-2», justifica o organismo.

«Face ao número de proponentes, a realização da PNA, na sua primeira e seguintes edições, decorre em espaços destinados a eventos de grande dimensão (como a FIL em Lisboa e o Europarque, em Santa Maria da Feira), que não dispõem de mobiliário e outros materiais necessários, sendo indispensável recorrer ao aluguer destes equipamentos», acrescenta.

A ACSS ressalva que os alugueres em causa observam as regras de contratação pública: passaram por um processo de consulta prévia e os contratos estão publicados (o que se confirma, ao contrário do que acontece com os contratos da PCM e de outras instituições públicas). 

A ACSS remeteu o Nascer do SOL para os contratos feitos nos últimos anos. E é aí que se percebe que a despesa aumentou significativamente com a chegada da pandemia, repetindo-se o gasto de 50 mil euros desde 2020 e tendo estes alugueres sido adjudicados às mesmas duas empresas de eventos, uma da zona de Lisboa e outra do Porto. 

Em 2019, antes da pandemia, o aluguer de mesas para a prova, também motivo de dois contratos já a estas duas empresas, tinha custado 22.645 euros (mais IVA), pelo que este será o terceiro ano consecutivo de despesa a dobrar. A ACSS não respondeu sobre se existia mobiliário disponível em instituições públicas para a realização da prova.