Autoridades impõem novas restrições em Pequim após surto em bar

Autoridades impõem novas restrições em Pequim após surto em bar


A muito contagiosa variante Ómicron está a obrigar as autoridades chinesas a impor medidas cada vez mais extremas, para salvaguardar a estratégia de ‘zero casos’, assumida como um triunfo político pelo secretário-geral do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping.


Um distrito de Pequim repôs as aulas 'online' e centenas de bairros foram bloqueados na capital chinesa, face a um novo surto de covid-19 ligado a um bar, enquanto novas restrições foram também impostas em Xangai.

A muito contagiosa variante Ómicron está a obrigar as autoridades chinesas a impor medidas cada vez mais extremas, para salvaguardar a estratégia de 'zero casos', assumida como um triunfo político pelo secretário-geral do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping.

Um consultor português radicado na capital chinesa, que prefere não ser identificado, disse à Lusa que o seu bairro foi bloqueado, pela segunda vez no espaço de menos de um mês, após alguns moradores terem sido considerados contactos diretos de casos confirmados.

O condomínio, situado na zona oeste de Pequim, é composto por 12 prédios e abriga mais de cinco mil pessoas.

Vídeos partilhados com a Lusa mostram um grupo de moradores a pedir explicações às autoridades, que se limitaram a explicar que há muitos jovens no condomínio que frequentam o bar de Pequim associado ao novo surto.

Um total de 166 casos foram vinculados ao bar Heaven Supermarket, próximo do Estádio dos Trabalhadores, onde está concentrada a vida noturna na cidade, depois de uma pessoa infetada ter visitado o local, na quinta-feira.

Destes, 145 eram clientes, enquanto os restantes eram funcionários, ou pessoas com quem os clientes tiveram contacto posteriormente.

Toda a área, juntamente com o complexo comercial de Sanlitun adjacente, foi encerrada até novo aviso.

O surto levou as autoridades do extenso distrito de Chaoyang a repor o ensino 'online'. Os eventos desportivos na cidade também foram suspensos.

Chaoyang ordenou testes diários em massa, com longas filas a formarem-se e tempos de espera muitas vezes superiores a duas horas.

Em Xangai, 502 pessoas foram classificadas como contactos diretos de três casos, diagnosticados em 09 de junho, entre os clientes do Salão de Beleza Red Rose.

Os contactos diretos vêm de 15 distritos da cidade, que tem 25 milhões de pessoas, provocando as primeiras restrições em larga escala, desde que o bloqueio chegou ao fim no início de junho.

Com os testes em massa e as restrições ao movimento a serem novamente impostos, as ruas e supermercados esvaziaram-se novamente este fim de semana.

A não realização do teste dá origem a um código QR amarelo, no aplicativo usado para aceder a todos os locais públicos.

A maioria dos estudantes permanece em casa e todos, exceto alguns restaurantes, estão abertos apenas para entregas. Muitos clientes simplesmente comem e bebem na rua, do lado de fora dos estabelecimentos.

Enquanto 22 milhões de residentes de Xangai foram libertados do bloqueio há quase duas semanas, 220.000 pessoas ainda não podem sair das suas casas, sob uma regra que exige que nenhum caso positivo seja encontrado nos seus complexos residenciais por mais de 10 dias. Outros 600.000 estão em zonas de médio risco, proibidos de saírem dos respetivos complexos residenciais.

Cercas de aço e outras barreiras continuam a bloquear bairros e edifícios de escritórios, levando ao descontentamento e reclamações dos moradores, que permanecem confinados.

A implementação altamente restritiva de bloqueios, juntamente com a falta de informação e má distribuição de alimentos e outros bens básicos, levou a manifestações raramente vistas de raiva e desespero. Em alguns bairros, os moradores confrontaram trabalhadores de saúde e agentes da polícia.

O afrouxamento das restrições levou a um êxodo de residentes, incluindo estrangeiros, que ficaram presos no bloqueio.

Apesar do recente surto, Pequim registou apenas 51 novos casos na segunda-feira, entre os quais 22 são assintomáticos.

A China mantém a sua política de 'zero casos' de covid-19, apesar dos custos económicos e sociais e da Organização Mundial da Saúde (OMS) ter afirmado que a política não é sustentável.