Esquerda: Falta de diálogo e de ‘farsa’

Esquerda: Falta de diálogo e de ‘farsa’


Da esquerda à direita as críticas não se fizeram poupar. Falta de resposta às necessidades dos portugueses foi dos argumentos mais ouvidos.


Enquanto Fernando Medina acena com um novo ciclo de governação, os partidos de esquerda que apoiavam o anterior Governo não pouparam críticas à atuação do Executivo, acusando-o de falta de diálogo e de ‘farsa’. O PCP destaca a «distância entre este e os orçamentos anteriores», com Paula Santos a garantir que foi graças à insistência dos comunistas partido que foram alcançados vários avanços nos últimos anos.

No entender do PCP, o documento não valoriza salários pensões e trabalhadores e que a maioria absoluta do partido Socialista «não vai servir para dar resposta» aos problemas do país, o que mostra que o «diálogo da maioria absoluta é uma farsa».

E vai mais longe ao considerar que os socialista são responsáveis «por um corte de facto nos salários e nas pensões, pela especulação e empobrecimento que se abate» sobre a população, ao recusar, um «aumento extraordinário de todas as pensões em 5,3% e no mínimo de 20 euros, a criação de uma rede pública de creches e o alargamento da gratuidade, ou a fixação de preços na alimentação, combustíveis, eletricidade e gás». A deputada não hesita: «A retórica do Orçamento mais à esquerda de sempre, mais não é do que uma piada».

Argumentos semelhantes usados pelo Bloco de Esquerda ao defender que o OE 2022 «passa ao lado dos problemas estruturais» do país e a sua discussão em maio «permitia adequá-lo à realidade destes últimos meses». De acordo com Catarina Martins, o PS desperdiçou essa oportunidade e que este é o Orçamento do Estado do ‘afinal não’, destacando a falta de recursos em várias áreas como a Educação e a Justiça.

A líder bloquista chama ainda a atenção para a inflação e para o aumento do preço dos bens. «Ninguém se engane nas contas: a receita fiscal vai aumentar com a inflação» e que «afinal não melhora os rendimentos, afinal não protege o Estado Social, afinal não há diálogo na maioria absoluta. Nada nos surpreende».

Catarina Martins justificou ainda o voto contra, quer na generalidade quer agora na votação final global, com a recusa do partido «ser cúmplice de um orçamento de quebra de salários e pensões, num país de emprego precário e baixos salários, com serviços públicos a degradarem-se».

A responsável lamentou ainda o facto de o Governo ter optado por «deixar à solta quem faz milhões a especular» por recusar controlar as margens de lucro que «originam a inflação», dando os exemplos dos Governos do Reino Unido e da Itália que avançaram com a taxação dos lucros excessivos.

Também o deputado único do Livre deu nota negativa ao documento, defendendo que «para um país diferente é preciso uma política diferente, nomeadamente à esquerda, e para isso serve uma esquerda libertária, ecológica e europeísta como a que o Livre representa».

Direita também não poupa 

 O líder parlamentar do PSD lamentou todo este processo, ao afirmar que o país mergulhou «num processo de empobrecimento relativo sem fim à vista».

Mota Pinto considerou que este é «um Orçamento que não serve Portugal nem os portugueses», defendendo que quase todas as propostas do PSD tenham sido rejeitadas «sem justificação e por mero capricho», incluindo as que considera reproduzir «literalmente promessas feitas pelo próprio Partido Socialista há poucos meses».

Já André Ventura afirmou que este é «o Orçamento que não conseguiu dar às famílias, mas que conseguiu dar aos mesmos de sempre», referindo-se aos empresários e CEO das empresas portuguesas, enquanto o Iniciativa Liberal garantiu que «o mundo mudou», acrescentando que «há algo que não mudou: um Orçamento em que o Governo continua a demonstrar falta de visão e falta de confiança nas empresas e nas pessoas».