Turquia e Arménia vão iniciar processo de estabelecimento de relações

Turquia e Arménia vão iniciar processo de estabelecimento de relações


“Os enviados especiais já foram nomeados por ambas as partes, depois de falarmos ao telefone, temos agora de marcar uma data e local para a primeira reunião presencial”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlüt Çavusoglu, numa conferência de imprensa.


Representantes da Turquia e da Arménia vão reunir-se em breve em Moscovo, no primeiro contacto direto entre os Governos dos dois países, no âmbito do processo de estabelecimento de relações diplomáticas, anunciou hoje o Governo turco.

 

"Os enviados especiais já foram nomeados por ambas as partes, depois de falarmos ao telefone, temos agora de marcar uma data e local para a primeira reunião presencial", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlüt Çavusoglu, numa conferência de imprensa.

"Segundo a nossa impressão, pelo que a Arménia pediu, [a reunião] terá lugar em Moscovo", acrescentou Çavusoglu, citado pela agência de notícias espanhola EFE.

Ancara anunciou há 15 dias a intenção de estabelecer relações diplomáticas com Erevan, que foram cortadas em 1993, quando a Arménia, então recentemente independente da União Soviética, ocupou o território do Azerbaijão na guerra de Nagorno-Karabakh (enclave separatista de maioria arménia).

Desde então, as fronteiras entre os dois países, que nunca estabeleceram relações diplomáticas, mantêm-se fechadas.

Em 2009, a Arménia e a Turquia assinaram um acordo para a normalização das relações, mas o documento nunca foi ratificado por Erevan, que abandonou o tratado em 2018.

As relações entre os dois países têm sido tensas, nomeadamente devido à rejeição por parte de Ancara em reconhecer como genocídio o massacre de arménios pelo Império Otomano durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

O número de vítimas mortais varia entre 600 mil e 1,5 milhões.

Vários historiadores consideram tratar-se de um genocídio, assim como vários países, entre os quais os Estados Unidos, a França e a Alemanha.

A Turquia, apesar da queda do Império Otomano em 1920, recusa aceitar o termo genocídio, evocando a guerra civil e a fome extrema como a causa de morte "de entre 300 mil e 500 mil pessoas, arménios e turcos".

Çavusoglu reiterou também hoje que os voos 'charter' diretos para a capital arménia serão agendados em breve.

O ministro turco disse que na primeira reunião, os enviados especiais vão elaborar um roteiro para os dois países avançarem para as relações plenas.

Çavusoglu acrescentou que durante o processo, a Turquia irá coordenar-se estreitamente com o Azerbaijão, aliado de Ancara, que graças ao apoio militar turco recuperou importantes territórios nos confrontos em Nagorno-Karabakh contra a Arménia no outono de 2020.

Nessa guerra, morreram pelo menos 6.500 pessoas e a Arménia foi obrigada a ceder vários territórios ao Azerbaijão, no quadro de um acordo de cessar-fogo mediado pela Rússia.