A proibição dos saldos está a provocar “pouco movimento ou muito menos movimento do que estava previsto nesta época”. A garantia foi dada pelo presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, em reação à medida do Governo em proibir a realização de saldos até ao dia 9 de janeiro, como parte de um conjunto mais alargado de medidas para controlar a pandemia. “Havia expectativas quer dos consumidores quer dos comerciantes” que não estão a ser correspondidas dadas as novas restrições, o que significa que “há uma grande preocupação neste momento”, disse João Vieira Lopes.
O presidente da confederação disse ainda que “as empresas contavam com este período ainda para impactar os resultados deste ano”, uma vez que não foi ainda possível recuperar do confinamento no início de 2021.
Recorde-se que, de acordo com a nota do Conselho de Ministros, as reduções de preços dos estabelecimentos comerciais estão proibidos entre 25 de dezembro e 9 de janeiro, mas os consumidores vão poder fazer as trocas nas lojas até ao final do próximo mês.
Comerciantes esperam compensações Os comerciantes da região de Lisboa já reagiram e esperam que, após as duas semanas de contenção, o setor venha a ser compensado pela perda de clientes, lamentando que os apoios não sejam proporcionais à atividade. A presidente da União de Associações do Comércio e Serviços da Região de Lisboa e Vale do Tejo (UACS), explicou que as novas medidas de contenção não são “tão restritas” como as adotadas durante os confinamentos, mas, ainda assim, “estão a afetar a atividade”. E Lourdes Fonseca acrescenta: “Está a afetar devido às restrições em termos dos metros quadrados, apesar de não serem tão restritas como no confinamento. Como são só duas semanas não está a afetar tanto quanto o habitual”, disse, frisando que a maior penalização se prende com o facto de algumas lojas já estarem a praticar descontos e promoções.
A responsável recordou ainda que a semana após o Natal era aquela em que “habitualmente, além das trocas, começam as promoções e os saldos, havia um acréscimo grande de comércio”, lembrando que, neste momento, fica “adiado para o próximo ano”, disse à Lusa. E face a esse cenário lamentou que nos apoios governamentais não haja uma “maior proporcionalidade nas medidas”, já que há setores que têm “apoios continuados e outros não, como o comércio em geral”, acrescentando que “devia ser ponderada a continuação de apoios para a subsistência de alguns setores até se conseguir ter a atividade normal”.
Também a Associação de Marcas de Retalho e Restauração (AMRR) considera “incompreensível, ilógica e intrusiva da política comercial das empresas tomada pelo Governo”, lembrando que este este é o período em que “ tradicionalmente essas reduções se verificam de modo mais significativo e para o qual todas as empresas se preparam com várias semanas de antecedência”. Uma situação, que no entender da mesma, “vai causar prejuízos enormes quer às empresas nacionais quer aos consumidores”.
E vais mais longe: “O objetivo de ter menos pessoas nos estabelecimentos é alcançado pela limitação da lotação nas Lojas. Aditar a essa limitação uma decisão de preço traduz-se numa intromissão sem paralelo, passando a caber ao Governo a decisão não apenas de quantas pessoas podem entrar num estabelecimento, mas qual o preço que devem pagar por um determinado produto”.