BdP. Moratórias foram alvo de quase 400 reclamações

BdP. Moratórias foram alvo de quase 400 reclamações


Regulador recebeu quase 10 mil reclamações nos primeiros seis meses do ano. Ainda assim, representa uma queda de 1,9% face a 2020.


O Banco de Portugal recebeu 388 reclamações de clientes bancários até ao final de junho devido à implementação das moratórias de crédito e de outras medidas de mitigação da pandemia. Neste período, a entidade liderada por Mário Centeno e na sequência da análise de reclamações, foram instaurados cinco processos de contraordenação a cinco instituições, relacionados com as moratórias de crédito. 

“O Banco de Portugal continuou a acompanhar a implementação das medidas extraordinárias adotadas para apoiar as famílias e as empresas no contexto da pandemia da covid”, acrescentando quem, nessa altura, beneficiavam de medidas de apoio previstas nas moratórias 381,4 mil contratos de crédito, abrangendo 292,6 mil devedores e um montante global de crédito de 36 801 milhões de euros. O peso dos empréstimos em moratória no montante total de crédito concedido aos particulares era de 11,3%. 

Feitas as contas, o regulador recebeu 9646 reclamações de clientes bancários contra instituições supervisionadas acerca de matérias sujeitas à sua supervisão. A média mensal de reclamações entradas caiu 1,9% quando comparada com a média mensal de 2020. Esta redução é, sobretudo, explicada pela quebra nas reclamações relacionadas com a implementação das moratórias de crédito adotadas no contexto da pandemia; sem estas matérias, a média mensal de reclamações entradas teria crescido 3,3%. Na sequência das ações de fiscalização e da análise de reclamações contra as instituições supervisionadas, foram emitidas 822 determinações específicas e recomendações, dirigidas a 117 instituições, e instaurados 57 processos de contraordenação contra 23 instituições. No entanto, os contratos abrangidos por moratórias de crédito diminuíram durante o primeiro semestre em resultado da cessação das moratórias privadas. 

O regulador disse ainda que “com o objetivo de fiscalizar a divulgação da possibilidade de resgatar planos de poupança-reforma, poupança-educação e poupança-reforma/educação sem penalizações conduziu ações de inspeção às 98 instituições por si supervisionadas que comercializavam estes planos. Para corrigir as desconformidades detetadas nestas ações, emitiu 286 determinações específicas e recomendações, dirigidas a 97 instituições”, revelou na sinopse de atividades de supervisão comportamental referentes ao primeiro semestre. 

Crédito analisado

O Banco de Portugal revelou também que continuou a dar prioridade à fiscalização da conta de serviços mínimos bancários. E fiscalizou junto das 100 instituições que comercializavam este tipo de conta, as respetivas práticas de divulgação e comercialização desta conta. Além disso, analisou as práticas de comercialização do crédito aos consumidores – com destaque para o crédito comercializado através de canais digitais – e, no âmbito do crédito à habitação e hipotecário, as práticas de cobrança de juros e de outros encargos em caso de mora. “Foram conduzidas ações de inspeção a duas instituições para analisar as práticas de comercialização de crédito pessoal, cartões de crédito, linhas de crédito e facilidades de descoberto;  a 80 instituições para avaliar as práticas de comercialização de crédito pessoal e de cartões de crédito nos canais digitais; e a 99 instituições para verificar as práticas de cobrança de juros e de outros encargos em caso de mora, no âmbito do crédito à habitação”, salientou.

Durante os primeiros seis meses do ano forma fiscalizados 8207 suportes de publicidade a produtos e serviços bancários e de publicidade institucional, mais 13% do que no segundo semestre do ano passado. “O aumento dos suportes difundidos pelas instituições é sobretudo explicado pelo crescimento dos suportes em formato digital, divulgados nos sítios na internet, redes sociais e mailings. Dos suportes analisados após a respetiva divulgação, 4,6% apresentavam irregularidades. As campanhas multiproduto foram as que registaram o rácio de incumprimento mais elevado (21,9%)”, acrescentou.

No final do primeiro semestre de 2021, encontravam-se registados 5257 intermediários de crédito, mais 3,5% do que no final de 2020. Na supervisão desta atividade, o Banco de Portugal fiscalizou 40 suportes publicitários, na sequência do que instaurou 14 processos de contraordenação. Realizou também ações de inspeção a 43 entidades, na sequência das quais emitiu 135 determinações específicas dirigidas a 43 intermediários de crédito.

Foram analisadas 48 reclamações apresentadas por clientes bancários, dando origem à instauração de quatro processos de contraordenação e à emissão de uma determinação específica. Neste período foram ainda instaurados seis processos de contraordenação por incumprimento das normas de alteração ao registo.