A novíssima tentativa totalitária


A remessa de partidos à direita do CDS para os arquivos dos postergados do regime retiraria por longos anos qualquer veleidade de a direita voltar ao poder. O PS seria então e finalmente, uma espécie de Partido Institucional ao estilo mexicano.


Uma nova tentativa de condicionamento político está proposta aos portugueses, tal como aconteceu até 1974: antes dessa data, a linha vermelha situava-se no “socialismo” e tudo o que dele emanava; desde 2015 que ao branqueamento da extrema-esquerda e integração no arco governativo, se sucede a tentativa de impor à direita a exclusão de novas realidades partidárias, presentes e futuras, taxadas de “extrema-direita”.

A ideia seria a seguinte: o PSD e o CDS estariam assim condicionados a qualquer veleidade coligante com o Chega, por via de resultados a sair das próximas eleições.

Ora, uma democracia vale pela capacidade de acolher todos os que de forma tranquila e sem violência, entram no diálogo político sufragado pelo povo.

O tema chegou ao Congresso socialista que se realiza este fim de semana e, pela voz de vários intervenientes, designadamente o autarca de Lisboa, mereceu projecção mediática.

Que se invoca para tal? Nada, absolutamente nada de relevante a não ser a carga que se tem como óbvia de que à direita do CDS, tudo deve estar fora do sistema, percebe-se bem porquê como aqui se explica … 

Já à esquerda a soma de desastres históricos pelo mundo fora na chegada ao poder das ideologias que subjazem a estes partidos e a própria história depois do 25 de Abril não seriam suficientes para pôr em causa a “normalização” e enquadramento no arco governativo, permitindo desta forma e com a maior naturalidade, a subsistência de um governo minoritário sem qualquer preocupação de a breve trecho obter base majoritária.

Percebe-se o caso estrutural português.

O perfil eleitoral desde 1976, com a excepção das vitórias de Cavaco Silva, Francisco Sá-Carneiro e Pedro Passos Coelho, sempre apresentou resultados em que a soma do PS mais a extrema-esquerda, alcançariam maioria absoluta.

Assim sendo, a remessa de partidos à direita do CDS para os arquivos dos postergados do regime, retiraria por longos anos, qualquer veleidade de a direita voltar ao poder.

É disto que se trata.

Isto é, o PS seria então e finalmente, uma espécie de Partido Institucional ao estilo mexicano, que governaria por decénios assente na inclusão extremista com a bênção do próprio PS, qual anjo de prevenção equilibrador em momentos de relação com a União Europeia e instituições internacionais como a NATO, de que o PCP e o BE são ferozes opositores.

Teríamos então por longo prazo, a negociata ora com o PCP ora com o BE, para salvaguarda da manutenção no poder, como praxis assente na gestão do país, coisa que, aliás, já leva cinco anos de testagem com os resultados que se conhecem.

Vive-se hoje uma aparente ilusão distributiva, com carga fiscal indirecta que só nos impostos sob combustíveis projecta para as empresas e famílias mais de 3 mil milhões de impostos; carga fiscal sob o trabalho e o capital, com consequências na colocação do país como pouco atrativo para o investimento estrangeiro e a pouco e pouco a redução da classe média, sujeita de restrições e aspirações reduzidas no contexto da matriz europeia; crescimento do peso do Estado que p.e. com a introdução das 35 horas de trabalho semanal, já obrigou à admissão de dezenas de milhares de novos funcionários públicos, onde a “digitalização” obrigava a uma profunda redução.

No final, a perda de competitividade alcançada até 1995 e a queda de Portugal nos rankings do desenvolvimento europeu, onde as novas democracias emergentes que partiram depois para a integração no bloco europeu da UE tomaram o nosso lugar, é o resultado desta renúncia política do PS ao consenso reformador, não com as perspectivas de partidos da arqueologia do século passado, mas com aqueles que significam as novas realidades deste novo milénio.

Voltemos então ao Congresso do PS.

Hoje ouviu-se no Congresso esta declaração de Medina, o autarca português que mandou para Moscovo e Caracas os nomes dos homens e mulheres que por uma vez protestaram à porta da Câmara de Lisboa: “o maior partido da oposição está disponível para fazer coligações com a extrema-direita. Está em causa a sua legitimação nestas eleições (autárquicas)”.

Ora o Governo do país é suportado pela extrema esquerda do PCP e do BE.

Na Câmara de Lisboa idem aspas, aspas.

Alguém que se permite comiciar acerca de realidades futuras sobre “alianças” à direita, num quadro de prática de alianças de toda a esquerda, com partidos apodrecidos eticamente e sem ponta de autoridade política, que defendem regimes ultra sanguinários em Caracas, Havana ou Cabul, só pode ser um disfarçado neófito erguido a funções públicas, num quadro de lotaria eleitoral de circunstância.

Vale o que vale esta tentativa de condicionamento politico recreado de outras épocas, mas ao fim e ao cabo, mostra o que está em causa nas eleições de setembro, para lá das obras e distribuição de subsídios de ultima hora.

Jurista

A novíssima tentativa totalitária


A remessa de partidos à direita do CDS para os arquivos dos postergados do regime retiraria por longos anos qualquer veleidade de a direita voltar ao poder. O PS seria então e finalmente, uma espécie de Partido Institucional ao estilo mexicano.


Uma nova tentativa de condicionamento político está proposta aos portugueses, tal como aconteceu até 1974: antes dessa data, a linha vermelha situava-se no “socialismo” e tudo o que dele emanava; desde 2015 que ao branqueamento da extrema-esquerda e integração no arco governativo, se sucede a tentativa de impor à direita a exclusão de novas realidades partidárias, presentes e futuras, taxadas de “extrema-direita”.

A ideia seria a seguinte: o PSD e o CDS estariam assim condicionados a qualquer veleidade coligante com o Chega, por via de resultados a sair das próximas eleições.

Ora, uma democracia vale pela capacidade de acolher todos os que de forma tranquila e sem violência, entram no diálogo político sufragado pelo povo.

O tema chegou ao Congresso socialista que se realiza este fim de semana e, pela voz de vários intervenientes, designadamente o autarca de Lisboa, mereceu projecção mediática.

Que se invoca para tal? Nada, absolutamente nada de relevante a não ser a carga que se tem como óbvia de que à direita do CDS, tudo deve estar fora do sistema, percebe-se bem porquê como aqui se explica … 

Já à esquerda a soma de desastres históricos pelo mundo fora na chegada ao poder das ideologias que subjazem a estes partidos e a própria história depois do 25 de Abril não seriam suficientes para pôr em causa a “normalização” e enquadramento no arco governativo, permitindo desta forma e com a maior naturalidade, a subsistência de um governo minoritário sem qualquer preocupação de a breve trecho obter base majoritária.

Percebe-se o caso estrutural português.

O perfil eleitoral desde 1976, com a excepção das vitórias de Cavaco Silva, Francisco Sá-Carneiro e Pedro Passos Coelho, sempre apresentou resultados em que a soma do PS mais a extrema-esquerda, alcançariam maioria absoluta.

Assim sendo, a remessa de partidos à direita do CDS para os arquivos dos postergados do regime, retiraria por longos anos, qualquer veleidade de a direita voltar ao poder.

É disto que se trata.

Isto é, o PS seria então e finalmente, uma espécie de Partido Institucional ao estilo mexicano, que governaria por decénios assente na inclusão extremista com a bênção do próprio PS, qual anjo de prevenção equilibrador em momentos de relação com a União Europeia e instituições internacionais como a NATO, de que o PCP e o BE são ferozes opositores.

Teríamos então por longo prazo, a negociata ora com o PCP ora com o BE, para salvaguarda da manutenção no poder, como praxis assente na gestão do país, coisa que, aliás, já leva cinco anos de testagem com os resultados que se conhecem.

Vive-se hoje uma aparente ilusão distributiva, com carga fiscal indirecta que só nos impostos sob combustíveis projecta para as empresas e famílias mais de 3 mil milhões de impostos; carga fiscal sob o trabalho e o capital, com consequências na colocação do país como pouco atrativo para o investimento estrangeiro e a pouco e pouco a redução da classe média, sujeita de restrições e aspirações reduzidas no contexto da matriz europeia; crescimento do peso do Estado que p.e. com a introdução das 35 horas de trabalho semanal, já obrigou à admissão de dezenas de milhares de novos funcionários públicos, onde a “digitalização” obrigava a uma profunda redução.

No final, a perda de competitividade alcançada até 1995 e a queda de Portugal nos rankings do desenvolvimento europeu, onde as novas democracias emergentes que partiram depois para a integração no bloco europeu da UE tomaram o nosso lugar, é o resultado desta renúncia política do PS ao consenso reformador, não com as perspectivas de partidos da arqueologia do século passado, mas com aqueles que significam as novas realidades deste novo milénio.

Voltemos então ao Congresso do PS.

Hoje ouviu-se no Congresso esta declaração de Medina, o autarca português que mandou para Moscovo e Caracas os nomes dos homens e mulheres que por uma vez protestaram à porta da Câmara de Lisboa: “o maior partido da oposição está disponível para fazer coligações com a extrema-direita. Está em causa a sua legitimação nestas eleições (autárquicas)”.

Ora o Governo do país é suportado pela extrema esquerda do PCP e do BE.

Na Câmara de Lisboa idem aspas, aspas.

Alguém que se permite comiciar acerca de realidades futuras sobre “alianças” à direita, num quadro de prática de alianças de toda a esquerda, com partidos apodrecidos eticamente e sem ponta de autoridade política, que defendem regimes ultra sanguinários em Caracas, Havana ou Cabul, só pode ser um disfarçado neófito erguido a funções públicas, num quadro de lotaria eleitoral de circunstância.

Vale o que vale esta tentativa de condicionamento politico recreado de outras épocas, mas ao fim e ao cabo, mostra o que está em causa nas eleições de setembro, para lá das obras e distribuição de subsídios de ultima hora.

Jurista