O Presidente francês, Emmanuel Macron, foi hoje ao encontro de cristãos numa igreja em reconstrução em Mossul, pretendo demonstrar o seu "respeito a todas as comunidades iraquianas" nesta cidade devastada pelo grupo extremista do Estado Islâmico (EI).
No segundo e último dia da sua visita ao Iraque, o Presidente francês declarou hoje "reconhecer a importância de Mossul", a segunda maior cidade do Iraque.
Macron exortou ainda aos iraquianos a "trabalharem juntos", durante um discurso na Nossa Senhora da Hora, uma igreja católica fortemente danificada a partir de 2003 e que a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) está a reabilitar.
A França, que financia escolas cristãs francófonas na região, diz querer proteger os cristãos do Oriente, mas também todas as minorias.
"Vamos trazer de volta um consulado e escolas" para Mossul, anunciou Macron.
Esta cidade predominantemente muçulmana sunita e a planície de Nínive já foram lugares importantes do cristianismo. Entretanto, a violência que eclodiu depois de 2003 e da ocupação de um terço do Iraque pelo EI entre 2014 e 2017 empurrou a maioria dos cristãos para o exílio.
São agora apenas 400 mil no país, contra 1,5 milhão em 2003, antes da invasão norte-americana. Muitos daqueles que seguiram o caminho do exílio hesitam em voltar para casa.
Mossul ainda carrega as marcas da luta entre o EI e as tropas iraquianas apoiadas pela coligação internacional.
A reconstrução da cidade "é muito lenta", disse Macron.
No sábado, Macron participou numa cimeira em Bagdade, em grande parte dedicada à luta contra o terrorismo e ao impacto da captura de Cabul pelos talibãs no Afeganistão.
A França permanecerá no Iraque "enquanto o Iraque pedir" e "quaisquer que sejam as escolhas norte-americanas", prometeu no sábado durante a cimeira regional em Bagdade.
"Esta mensagem é civilizacional, mas também geopolítica. Não haverá equilíbrio no Iraque se não houver respeito pelas suas comunidades", disse o Presidente francês.
Com a intenção de tratar todas as religiões iraquianas com igualdade, o chefe de Estado francês foi na noite de sábado ao santuário xiita de Kadhimiya, em Bagdade, na companhia do primeiro-ministro iraquiano, Mustafa al-Kadhimi.
Esta visita é "a primeira de um Presidente francês", sublinhou.
Hoje, depois da igreja de Mossul, Emmanuel Macron deve ir ao local onde estava localizada a emblemática mesquita sunita Al-Nouri, destruída pelo EI. Foi neste local que Abu Bakr Al-Baghdadi proclamou em 2014 o estabelecimento de um "califado" liderado pelo grupo Estado Islâmico.
A UNESCO está a organizar um vasto projeto de reconstrução desta mesquita, incluindo o seu famoso minarete inclinado.
A mesquita e a igreja visitadas pelo chefe de Estado em Mossul fazem parte dos três projetos de reconstrução pilotados pela UNESCO e financiados pelos Emirados Árabes Unidos, no valor de 50 milhões de dólares.
"É verdade que há poucos cristãos em Mossul, mas alguns estão a voltar e devem ser criadas as condições para reviver a cidade, com a sua diversidade", explicou a UNESCO, que incluiu a cidade velha na lista indicativa do património mundial.
Emmanuel Macron terá ainda hoje um encontro com jovens iraquianos, incluindo empresários e estudantes, na Universidade de Mossul.
Em seguida, Macron passará a tarde em Erbil, capital da região autónoma do Curdistão iraquiano.
Depois de uma visita às forças especiais francesas em Camp Grenier, irá encontrar-se com o Presidente curdo Netchirvan Barzani, bem como o seu antecessor, Massoud Barzani.
O Presidente francês vai encontrar-se também com a família de um curdo morto pelo EI, para homenagear a luta dos curdos contra este grupo extremista.