Chega, autárquicas e o ponto de viragem


Mas as autárquica de 2021 não serão apenas mais umas eleições autárquicas. Creio que serão o início do ponto de viragem político que há muito já se aguarda e que significará a real demonstração de que o país está farto do caminho até aqui trilhado. 


Fruto de contínuas escolhas erradas e de um paradigma governativo que há muito deixou de conseguir responder aos anseios e necessidades da população portuguesa, tem-se vindo a acentuar, sobretudo nas últimas duas décadas, um progressivo afastamento da sociedade civil face à política central.

No entanto, da mesma forma que esta circunstância se verifica, as eleições autárquicas continuam a ser o sufrágio político que mais atenua o anterior afastamento, atendendo à proximidade de cada pessoa com a política da sua terra ou região, e do envolvimento nas listas que a ele se submetem.

Mas as autárquica de 2021 não serão apenas mais umas eleições autárquicas. Creio que serão o início do ponto de viragem político que há muito já se aguarda e que significará a real demonstração de que o país está farto do caminho até aqui trilhado. 

É certo que consoante o partido político em causa, assim divergem as dificuldades e expectativas adstritas. O Partido Socialista tudo fará para manter as autarquias que tem, sendo mais ou menos líquido que conseguirá manter algumas com relativa tranquilidade. Portanto, o seu desafio mais que crescer, será aguentar-se, ainda que um mau resultado possa ditar a precipitação da queda de António Costa tal como aconteceu com Guterres.

O PSD encontra-se sem alma e é, de todos os partidos, aquele que mais joga a pele. Aliás, quer o partido, quer o seu próprio presidente, que de resto já veio aclarar que um resultado inferior ao das autárquicas anteriores traria consequências até para a sua própria liderança. 

Claro que Rui Rio só o disse porque sabe que depois da miséria de resultado que Teresa Leal Coelho obteve em Lisboa há quatro anos, até o Pato Donald conseguiria um melhor resultado, restando apenas saber se conseguirá ou não recuperar alguma autarquia importante, circunstância que não se afigura provável.

O Bloco de Esquerda parte para estas autárquicas mais para cumprir calendário do que para solidificar um qualquer patamar político. Em mais de duas décadas de existência, apenas conseguiu em tempos uma câmara municipal, vereações foram escassas, e mesmo a mais sonante, Robles em Lisboa, ditaram para quem dele duvidasse, um descrédito político local há muito anunciado. 

O PCP tem na manutenção das câmaras que lidera, o seu maior desafio. E aqui tocar-se-á a política local com a política central. Tocar-se-á naquela que é a relação entre comunistas e socialistas.

Se o PCP não perder terreno para o PS, certamente poderá continuar a apoiar António Costa na Assembleia da República, deixando passar os seus orçamentos do Estado, ainda que tente esconder o enfado com que o faz. 
No entanto, se perder câmaras para o PS, certamente não poderá fazer o mesmo jogo novamente. Seria perder em dois tabuleiros, coisa que não é viável para a sobrevivência do PCP.

Do CDS, PAN e IL não se espera absolutamente nada pela simples razão de que não representam coisa nenhuma. O primeiro manter-se-á ligado às máquinas apenas por intercessão do PSD, os outros dois que Deus Nosso Senhor lhes acuda, que a miséria é franciscana.

Por fim, a grande expectativa destas eleições autárquicas será o Chega. E na verdade, pese embora seja suspeito para falar, o Chega é o partido que mais tranquilo vai a estas eleições. 

São as suas primeiras autárquicas, o que significa que não haverá mau resultado possível. Bastaria ao Chega eleger apenas um mandato algures no país para que já fosse uma vitória, mas afigura-se certo que elegerá muito mais um pouco por todo o país, podendo mesmo discutir a vitória em várias câmaras, juntas de freguesia e assembleias municipais do Ribatejo, Alentejo e Algarve.

O que se verificará depois das eleições autárquicas será uma realidade nunca antes vista em que o Chega será o principal player autárquico, não tanto, sobretudo pelas maiorias que roubará. E aí, será curioso ver quais os jogos políticos locais realizados para impedir o crescimento exponencial do Chega.

Essa tentativa será, a partir de setembro, também a nível local, uma mera miragem da manutenção da realidade política actual, por muito que a muitos doa e outros não queiram que se verifique. Os dados estão lançados. Let the games begin.

Chega, autárquicas e o ponto de viragem


Mas as autárquica de 2021 não serão apenas mais umas eleições autárquicas. Creio que serão o início do ponto de viragem político que há muito já se aguarda e que significará a real demonstração de que o país está farto do caminho até aqui trilhado. 


Fruto de contínuas escolhas erradas e de um paradigma governativo que há muito deixou de conseguir responder aos anseios e necessidades da população portuguesa, tem-se vindo a acentuar, sobretudo nas últimas duas décadas, um progressivo afastamento da sociedade civil face à política central.

No entanto, da mesma forma que esta circunstância se verifica, as eleições autárquicas continuam a ser o sufrágio político que mais atenua o anterior afastamento, atendendo à proximidade de cada pessoa com a política da sua terra ou região, e do envolvimento nas listas que a ele se submetem.

Mas as autárquica de 2021 não serão apenas mais umas eleições autárquicas. Creio que serão o início do ponto de viragem político que há muito já se aguarda e que significará a real demonstração de que o país está farto do caminho até aqui trilhado. 

É certo que consoante o partido político em causa, assim divergem as dificuldades e expectativas adstritas. O Partido Socialista tudo fará para manter as autarquias que tem, sendo mais ou menos líquido que conseguirá manter algumas com relativa tranquilidade. Portanto, o seu desafio mais que crescer, será aguentar-se, ainda que um mau resultado possa ditar a precipitação da queda de António Costa tal como aconteceu com Guterres.

O PSD encontra-se sem alma e é, de todos os partidos, aquele que mais joga a pele. Aliás, quer o partido, quer o seu próprio presidente, que de resto já veio aclarar que um resultado inferior ao das autárquicas anteriores traria consequências até para a sua própria liderança. 

Claro que Rui Rio só o disse porque sabe que depois da miséria de resultado que Teresa Leal Coelho obteve em Lisboa há quatro anos, até o Pato Donald conseguiria um melhor resultado, restando apenas saber se conseguirá ou não recuperar alguma autarquia importante, circunstância que não se afigura provável.

O Bloco de Esquerda parte para estas autárquicas mais para cumprir calendário do que para solidificar um qualquer patamar político. Em mais de duas décadas de existência, apenas conseguiu em tempos uma câmara municipal, vereações foram escassas, e mesmo a mais sonante, Robles em Lisboa, ditaram para quem dele duvidasse, um descrédito político local há muito anunciado. 

O PCP tem na manutenção das câmaras que lidera, o seu maior desafio. E aqui tocar-se-á a política local com a política central. Tocar-se-á naquela que é a relação entre comunistas e socialistas.

Se o PCP não perder terreno para o PS, certamente poderá continuar a apoiar António Costa na Assembleia da República, deixando passar os seus orçamentos do Estado, ainda que tente esconder o enfado com que o faz. 
No entanto, se perder câmaras para o PS, certamente não poderá fazer o mesmo jogo novamente. Seria perder em dois tabuleiros, coisa que não é viável para a sobrevivência do PCP.

Do CDS, PAN e IL não se espera absolutamente nada pela simples razão de que não representam coisa nenhuma. O primeiro manter-se-á ligado às máquinas apenas por intercessão do PSD, os outros dois que Deus Nosso Senhor lhes acuda, que a miséria é franciscana.

Por fim, a grande expectativa destas eleições autárquicas será o Chega. E na verdade, pese embora seja suspeito para falar, o Chega é o partido que mais tranquilo vai a estas eleições. 

São as suas primeiras autárquicas, o que significa que não haverá mau resultado possível. Bastaria ao Chega eleger apenas um mandato algures no país para que já fosse uma vitória, mas afigura-se certo que elegerá muito mais um pouco por todo o país, podendo mesmo discutir a vitória em várias câmaras, juntas de freguesia e assembleias municipais do Ribatejo, Alentejo e Algarve.

O que se verificará depois das eleições autárquicas será uma realidade nunca antes vista em que o Chega será o principal player autárquico, não tanto, sobretudo pelas maiorias que roubará. E aí, será curioso ver quais os jogos políticos locais realizados para impedir o crescimento exponencial do Chega.

Essa tentativa será, a partir de setembro, também a nível local, uma mera miragem da manutenção da realidade política actual, por muito que a muitos doa e outros não queiram que se verifique. Os dados estão lançados. Let the games begin.