Líder arménio diz que situação na fronteira ameaça soberania do país

Líder arménio diz que situação na fronteira ameaça soberania do país


A Arménia denunciou, em 12 de maio, que um número desconhecido de militares do Azerbaijão cruzou a sua fronteira na região sul de Siunik e entrou 3,5 quilómetros em território arménio.


O primeiro-ministro arménio em funções declarou hoje que a presença de um número indeterminado de tropas do Azerbaijão em território arménio desde a última quarta-feira representa uma ameaça à soberania, estabilidade e integridade territorial do país.

Estamos a enfrentar uma situação de crise que cria uma ameaça à soberania, estabilidade e integridade territorial da Arménia", disse Nikol Pashinyan, numa reunião do Conselho de Segurança do país, transmitida pela rede social Facebook.

A Arménia denunciou, em 12 de maio, que um número desconhecido de militares do Azerbaijão cruzou a sua fronteira na região sul de Siunik e entrou 3,5 quilómetros em território arménio.

Devido à incursão do Azerbaijão, a Arménia solicitou o início de consultas na Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC) e também pediu ajuda militar à Rússia, com a qual tem um acordo de assistência mútua.

Pashinyan disse hoje que alguns grupos militares do Azerbaijão deixaram o território arménio em 14 e 16 de maio, mas a sua retirada parcial não resolveu a situação de crise criada na fronteira.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Azerbaijão classificou a reação dos arménios de "inadequada" ao que chamou de "processos de precisão na fronteira entre o Azerbaijão e a Arménia".

O Presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, disse hoje que a situação na fronteira "é estável" e as tentativas da Arménia de dar uma dimensão internacional aos eventos "são completamente infundadas".

A este respeito, Pashinyan considerou que a Arménia não renuncia à necessidade de especificar a fronteira com o Azerbaijão após a guerra de Nagorno-Karabakh, mas rejeitou que este seja um processo que apenas Yerevan e Baku deveriam realizar.

"Isso não pode acontecer pela simples razão de que Arménia e Azerbaijão não têm relações", observou o político.

Pashinyan insistiu que as questões bilaterais devem ser abordadas com a presença da Rússia no quadro do grupo tripartido, criado com o objetivo de avançar no cumprimento do acordo de cessação das hostilidades assinado em novembro do ano passado.

O reinício das hostilidades entre a Arménia e o Azerbaijão, em setembro de 2020, em torno do enclave do Nagorno-Karabakh, situado em território azeri, mas com maioria de população arménia, provocou cerca de 6.000 mortos.

O cessar-fogo negociado pelo Presidente russo, Vladimir Putin, consagrou a vitória do Azerbaijão, que garantiu importantes ganhos territoriais e permitiu a permanência, agora mais fragilizada, da região independentista do Nagorno-Karabakh.