O desconfinamento foi sendo feito por fases, que perspetivas tem para esta última fase?
Felizmente este desconfinamento foi gradual e previamente anunciado. Era também nossa intenção vermos calmamente o desconfinamento para as empresas e o comércio e serviços em geral se prepararem e saberem aquilo com que podiam contar. Isso foi a novidade deste segundo desconfinamento e mostrou que está a correr bem, mesmo que quiséssemos que alguns estabelecimentos pudessem ter aberto mais cedo devido à crise em que mergulharam. Foram tempos muito difíceis e muitos estão completamente descapitalizados. Se no primeiro desconfinamento ainda havia algum fundo de maneio, neste não havia.
Este desconfinamento revelou-se prudente e a chegar ao objetivo que era ter toda a economia aberta. Foi também muito bom ver que os resultados epidémicos e de saúde – que é a primeira prioridade e que, no fundo, conduz tudo isto – acabam por estar a correr bem e levam a uma lufada de esperança para que a economia comece a funcionar, que comece a haver clientes nas lojas, que os serviços comecem a funcionar porque isto é tudo uma cadeia que está a ser penalizada. Temos que pensar também nos serviços que são prestados a essas empresas, estas micro e pequenas empresas que contam para a economia e que vão até à produção, que depois acaba por não ter escoamento. Isso leva a situações bastante críticas.
Os setores poderão finalmente começar a recuperar?
Na zona que representamos – Lisboa e Vale do Tejo – é evidente que há setores mais afetados que outros e há zonas de Lisboa mais afetadas que outras. Todas as zonas mais dependentes do turismo, como, inclusive, é a zona histórica da cidade e o centro da cidade, estão muito mais penalizados. Há uma esperança mas, de certa forma, alguma apreensão do que vai acontecer sem o número de turistas. Tem que haver um apelo ao consumo interno e à visita das pessoas à cidade de Lisboa e à zona histórica porque há ainda muito para descobrir, podendo até ser aliada uma visita de compras e cultura para poderem recuperar.
Depois, há setores mais penalizados. A moda ou o calçado, por exemplo, são mais penalizados do que bens de primeiro consumo, como é óbvio. A crise chegou a todos e chegou a todos de uma forma brutal mas há setores que vão ter mais dificuldade em reerguer-se. Têm que se redimensionar e nós, nos nossos associados já temos procura disso e já estamos a apoiar no sentido de se encontrarem soluções para reestruturação, para poderem conseguir sobreviver e conseguirem ter esta nova realidade diferente daquela que foi antes da pandemia.
Que soluções?
Há várias. Desde o nível do trabalho, a reestruturação dos horários dos trabalhadores… há várias soluções. Depende do tipo de empresa, do número de trabalhadores – há muitas variantes que entram em linha de conta com isso. Cada situação é uma situação e nós tentamos apoiar de acordo com o que são as expectativas e as vontades dos próprios empresários, que são muitas vezes divergentes.
É possível fazer contas às perdas que foram registadas desde o início da pandemia?
Estimamos – mas é uma estimativa nossa com base no apoio que demos durante toda este tempo a nível dos nossos associados – que 20%, 30% do tecido empresarial de micro, pequenas e até médias empresas na cidade de Lisboa possam estar afetadas. Algumas delas comprometidas inclusive com a reabertura. Há algumas que já não vão reabrir, se bem que aqui a percentagem é um bocadinho menor porque muitas delas têm expectativa de abrir e ver se conseguem sobreviver. A perda total acho que só vamos saber quando começar a reabertura total e vermos se se conseguem aguentar ou não.
Porque agora ainda continuam com algumas limitações.
Exatamente. Mas não temos dúvidas nenhumas que a cidade de Lisboa vai ser a cidade mais afetada em termos económicos e em termos de recuperação das empresas.
Pela dimensão…
Pela dimensão, porque é a capital, e depois pelo fenómeno que é de pessoas que vinham trabalhar para Lisboa que, neste momento, a grande maioria está em teletrabalho. Ora, estando em teletrabalho também não há a circulação que é necessária para que haja consumo. Sem dúvida nenhuma que aí, a cidade de Lisboa está a ser mais afetada. Se passarmos em algumas ruas, mesmo já nesta fase em que não está totalmente tudo aberto, vemos algumas lojas que de certeza já não vão abrir. Mesmo que isso ainda não esteja completamente definido ou que ainda não se saiba se vão fechar completamente – porque não há dados para isso – mas vemos que já não reabrem. Isso é notório pela cidade.
Alguma vez pensou que o país passasse por uma crise destas? Há quem a compare a uma guerra…
De certa forma, se falarmos em termos de guerra, é quase uma guerra biológica, se pensarmos bem. Acho que ninguém pensava numa situação destas. O ano passado estava a começar muitíssimo bem, acima daquilo que era normal em janeiro e fevereiro que normalmente, para comércio e serviços, são meses fracos. Vêm a seguir a um período de grandes compras e grande consumo que é o Natal. Há sempre uma ligeira descida depois mas no ano passado não.
O ano começou bem e talvez por aí alguns dos empresários se tivessem aguentado dado que esses dois meses foram mais benéficos que o normal. Mas a verdade é que ninguém pensava. Estávamos com uma dinâmica em termos económicos muitíssimo boa aqui na cidade de Lisboa e em termos de turismo estávamos com uma notoriedade muito acima da média. Estávamos a captar os mercados mais impactantes em termos de consumo e em termos de compras, em termos de valor de compra por pessoa… isso dava uma expectativa a todos os empresários completamente diferente daquilo que foi a realidade do último ano. Num ano, praticamente seis meses são fechados…
E os apoios do Governo não foram suficientes?
As intenções foram muito boas mas não foram suficientes por várias razões. Primeiro porque foram muito burocráticas, muito complexas. Todo o processo de candidaturas foi muito complexo. Por outro lado, eram anunciadas medidas que não eram logo abertas e quando se começavam a candidatar, havia ainda pagamentos pendentes. Quando se chega ao fim de um mês para pagar ordenados, para pagar Segurança Social, rendas… E as rendas foram uma parte muito importante. O mercado arrendatário estava muitíssimo alto em Lisboa e o apoio para a renda só começou a existir este ano e só abriu praticamente no início de março. Foi claramente insuficiente.
A Câmara de Lisboa também ajudou.
Houve por parte da Câmara uma iniciativa – o Lisboa Protege, que nós também colaborámos na sua génese –, que foi mais rápido e que foi uma lufada de ar fresco para os empresários do comércio na cidade. Foi muito mais rápido que os apoios governamentais e podia ser cumulativo. Foi uma boa iniciativa e um grande esforço da Câmara em apoiar a cidade e o comércio e economia. Foi a fundo perdido, por isso ainda melhor. Era aquilo que era reclamado a nível central por todo o país.
Mas da parte do Governo faltavam apoios mais estruturais. Estavam bem desenhados. O Apoiar estava bem desenhado, o apoio à renda estava bem desenhado… Só que entre o anúncio e a concretização… Por exemplo, o primeiro anúncio do Apoiar foi, salvo erro, a 8 de dezembro e começou a ter efeitos em fevereiro. Depois fechou e só reabriu passado um mês e meio. E as contas das empresas não se compadecem de aberturas e de fechos, desta instabilidade. A instabilidade de estar fechado e não saber quanto tempo vai estar fechado e o que é que vai fazer. Mas tem que pagar as contas porque se não as pagar não consegue sequer concorrer aos apoios.
É dramático. E estamos a falar de vidas, de pessoas, de famílias. Não podemos esquecer que o nosso tecido empresarial é, maioritariamente, constituído por micro e pequenas empresas, muitas empresas familiares. Mesmo os empregados que têm são praticamente da família, são empregados de longa duração, que estão há muito tempo. Temos uma faixa etária bastante elevada, o que depois tem implicações. Tudo isto leva a situações dramáticas de incerteza, de angústia e de quase não saber o que é que se há de fazer.
Chegam à UACS muitos pedidos de ajuda desesperantes?
Chegam. Muitos mesmo. Alguns até quase sociais. Pessoas, pequenos empresários às vezes já com alguma idade que tinham estabelecimentos até pequenos mas que eram complementos de reforma. Não posso concretizar mas chegaram muitas situações de desespero. Tivemos sempre o apoio, linhas abertas para os nossos associados. E nesta fase achámos que também deveríamos dar algum apoio a não associados, apesar de a nossa prioridade serem os nossos associados. Muitas vezes, o Governo está um bocadinho mais longe dessa realidade e nós estamos mais próximos, estamos no terreno. Tivemos a preocupação de sermos uma força de alerta na prática. Darmos propostas concretas. Algumas foram aceites, outras não, como é natural. Sobretudo tentar que houvesse uma noção da parte do Governo do que é que se passava e o que é que as pessoas sentiam.
Estes problemas económicos são desesperantes e podem trazer outros problemas consigo…
Também. Nós temos uma empresa, temos concorrência, sabemos o que é a concorrência e temos ideias. Se não vamos por um caminho vamos por outro… Mas neste caso não há caminho possível. É estar parado e pensar ‘o que é que eu vou fazer?’, ‘o que é que posso fazer?’, ‘o que vou fazer a seguir?’… E aquilo que nos aparece é uma parede à frente. Em branco, sem nada. Isso é desesperante do ponto de vista comercial. E do ponto de vista pessoal é dramático. É óbvio que, em termos psicológicos, acho que isto abalou toda a população em geral, não só os empresários.
Foram alterações profundas naquilo que é a nossa cultura, naquilo que são os nossos hábitos, a nossa vida e as nossas rotinas diárias. E agora ainda não estamos a adquirir as novas rotinas. Pouco a pouco é que vamos ver quais são as nossas rotinas e até onde é que isto nos leva. Com esperança, como é óbvio. A esperança que não haja mais uma vaga, que não haja mais uma estirpe como já está a acontecer na Índia e que nos mate as esperanças novamente. Mas somos um povo resiliente com uma capacidade de adaptação muitíssimo grande e também com um espírito muito otimista e de muita esperança. Mesmo no meio do desespero.
Mas não aguentaríamos outro confinamento.
Não. Sinceramente não. Com um país com a estrutura que temos em termos económicos e fragilizada, não acho que conseguíssemos aguentar uma quarta vaga.
Lisboa conta(va) com muitos turistas. As lojas têm sentido a falta deles.
Muito. Havia zonas, sobretudo as mais históricas, em que a dependência do turismo era entre os 70% a 90%. Como é óbvio, esses 70% a 90% não se vão substituir por consumo interno na totalidade. Pode ser uma parte mas não na totalidade. Haverá mais turismo interno, como é óbvio, haverá mais visitas porque as fronteiras só agora começam a abrir. De alguma forma evita-se que se façam viagens e todos os governos estão a apelar que as pessoas façam férias no próprio país. Isso vai originar que alguns consumos sejam internos mas não vai substituir os milhares de turistas que passavam todos os dias pela cidade de Lisboa.
As zonas de Lisboa mais dependentes do turismo foram então as mais afetadas.
Sim. A zona mais afetada foi, sem dúvida, a Baixa-Chiado.
Disse que há muitas lojas que não vão abrir. Como é que vê esta situação?
Com bastante pena porque, como sabemos, muitas são ex líbris e aquilo que caracteriza a nossa cidade. E são uma atração para, no futuro – que nós acreditamos que os turistas voltem – possam ser as características mais típicas de Lisboa. Com algum pesar vemos algum comércio a fechar, com bastantes anos de existência. Tentamos ajudar o mais possível mas nem sempre as ajudas são o suficiente para conseguir colmatar aquilo que são as necessidades dos empresários e do comércio.
O fecho destes espaços pode tirar alguma identidade à cidade?
Sim, pode. Porque sabemos que as zonas mais afetadas são a Baixa-Chiado, as zonas mais históricas também mais procuradas em termos turísticos. Quando visitamos uma cidade, nenhum de nós gosta de ir ao centro histórico e ver lojas fechadas e a ruas inteiras sem comércio. Isso não só tira característica como atratividade. É uma preocupação que temos estado a tentar ver junto da Câmara, quais as soluções possíveis para atenuar. Resolver não podemos resolver, só se conseguíssemos meter aqui milhares de pessoas todos os dias. Mas pelo menos colmatar a ver se se consegue que se mantenha alguma caracterização, nomeadamente as lojas com história.
Muitas lojas históricas têm sobrevivido graças à catalogação que trazem consigo. Com a pandemia muitas podem estar comprometidas?
Algumas estão comprometidas. Já fecharam, pelo menos oficialmente, quatro ou cinco. Mas há mais que estão em perigo. Fecharem seria uma pena porque são um património também cultural. São mais que lojas da cidade. Trazem com elas toda uma história e todo um percurso cultural e patrimonial.
Há lojas que estão unicamente viradas para o turismo e Portugal é um país muito dependente deste setor. Essas lojas estão a enfrentar graves problemas…
Estão. Não só lojas como empresas de serviço. Tudo o que é a montante de fornecedores, restaurantes, hotelaria, tudo isso acaba por sofrer. Está tudo em cadeia. E estão a sofrer tanto quanto as lojas que estão dependentes do turismo. Ou mais. Há uma série de setores e sofredores quase anónimos que ninguém se lembra mas que existem. Podemos ver que – e é fácil pensar – um restaurante ou um hotel, por exemplo, consumia frescos todos os dias. Os frescos deixaram de ser consumidos e o resto da população não vai consumir todos os frescos que eram necessários. Não há tantas pessoas e, por isso, não há tanto consumo. Mesmo esses setores sofrem. E depois há aqueles que sofrem por não terem clientes, não estado apenas dependentes de reaberturas. É não terem mesmo clientes porque os clientes deles eram os hotéis, os restaurantes, as próprias lojas… Mas agora estiveram fechadas, vão fornecer quem?
Podemos assistir a muitas mudanças de atividade em nome da sobrevivência?
Claro. Isso é uma das características da dinâmica económica e empresarial: tentam sempre soluções alternativas. Um exemplo disso é que muitas empresas na área de químicos e que forneciam detergentes, por exemplo, viraram-se para o álcool gel e desinfetantes. Vimos empresas têxteis e até algumas atividades comerciais que têm confeção e porta aberta a irem para as máscaras. Há algumas oportunidades – que não dará para reconverter tudo, não há capacidade para isso –, há muitas que vão encontrar soluções a partir desta nova reconversão e desta nova realidade, desta exigência, inclusive de adaptação às novas exigências de consumo.
A tal resiliência que tanto tem caracterizado os portugueses ao longo desta crise.
Exatamente. E sempre com espírito criativo. Somos um povo criativo. E, como tal, às vezes conseguimos ver um negócio onde ainda ninguém tinha visto. Quando há uma dificuldade, todos os nossos empresários tentam uma solução. Nunca ficam à espera. Mas precisam de ser ajudados e de continuar a ser ajudados. É fundamental que os apoios continuem principalmente nesta fase de reabertura para que essa retoma económica aconteça e para que esse tecido empresarial consiga, ao máximo, sobreviver. É muito mais difícil reconstruir do que destruir. Temos que manter este tecido resiliente e empreendedor que temos tido a capacidade de ter mas, para isso, temos que ser ajudados.
As rendas em Lisboa são pouco acessíveis, mesmo nas lojas. Será expectável que possam baixar depois da pandemia?
Temos esperança que isso aconteça. Se bem que, pela experiência não deverá acontecer. Pode ser que nesta pandemia as coisas sejam diferentes. Esperamos que os preços baixem e que a nível imobiliário haja uma quebra na ordem dos 10%, 20%. Mas sabemos, historicamente, normalmente o setor imobiliário nunca baixa muito. Ou seja, fica liberto mas não baixa. O que esperamos é que os proprietários tenham alguma sensibilidade. Que tenham a capacidade de, conforme tem o comércio e os nossos empresários, de uma dinâmica e de uma abertura para se conseguirem acordos e situações capazes de serem ganhadoras para ambas as partes.
No caso da Baixa de Lisboa, corremos o risco de voltar a assistir àquela imagem do início dos anos 2000 em que esta zona estava ao abandono?
Sinceramente corremos. Sabemos que o teletrabalho ainda vai ser obrigatório até ao fim do ano. Se não houver alguma alteração e se não for deixada a liberdade às empresas de considerarem ou não terem pessoas em teletrabalho, as consequências são muito grandes, sobretudo para a zona da Baixa. Muitíssimo grandes, principalmente a nível de sobrevivência. Vamos assistir a muitos fechos. É a zona que vai ter mais fechos, sem dúvida nenhuma. Não vamos ter circulação de pessoas e, como as rendas são muito elevadas, vamos ter muitos imóveis devolutos. Isso seria uma pena porque aumentaria também a insegurança e aumentado a insegurança as pessoas vão circular menos nesses sítios. Isto é tudo uma cadeia. É preciso algum cuidado e alguma atenção especial para ver se se consegue evitar que seja tão grande quanto já foi. Todos nós nos lembramos de ver a Baixa completamente deserta.
É preciso uma promoção da cidade? Os turistas precisam de ganhar confiança…
É preciso uma promoção da cidade até nem só para os turistas, até para nós portugueses. Há uma experiência que ao longo deste último ano é perfeitamente evidente e acho que há uma adaptação clara: todos nós sabemos as regras de segurança e as regras que temos que acautelar para estarmos em segurança e darmos segurança às pessoas. O comércio é exemplar.
Até hoje, não houve uma notícia de um surto proveniente de uma loja. Até de centros comerciais que são zonas onde há uma aglomeração maior, não há qualquer indício. Isto porque existe um cumprimento escrupuloso das regras da DGS. As pessoas têm que se sentir em segurança e é essa segurança que tem que ser transmitida para que as pessoas possam ir e possam fazer os seus consumos. Mesmo mudando de hábitos, que possa haver uma rede de revitalização da economia e que comece a funcionar a nível de consumo, procura e oferta.
As vendas ao postigo não foram suficientes. Esta quarta vaga traz um horário praticamente completo, mais pessoas no interior e nas esplanadas… É uma luz ao fundo do túnel?
É, sem dúvida, uma luz ao fundo do túnel porque podem funcionar em condições já quase normais. Não totalmente normais mas que já asseguram a capacidade de terem pessoas, de terem clientes capazes de fazerem o negócio suficiente para a sobrevivência. São condições completamente diferentes. Sabemos que as pessoas também estão ávidas de poderem sair, de poderem ir ao restaurante… Isso leva também que, ao irem ao restaurante, passam por uma loja e também vão comprar. Há uma interação da economia que normalmente funciona e uma dinâmica de consumo. Essa dinâmica, ao ser reposta, mesmo que o horário seja até às 22h30, já é completamente diferente do que um fim de semana até às 13h.
A Câmara de Lisboa anunciou testagem gratuita para moradores, à qual se juntam os comerciantes. Esta iniciativa ajuda na tal confiança que é necessária?
Traz a confiança e a segurança das pessoas saberem que podem ter acesso sem custos acrescidos de haver um determinado controlo. É muito positivo. Todo o programa Lisboa Protege foi muito bem pensado para a cidade de Lisboa. Não resolve todos os problemas, não é um milagre mas foi muito bem estruturado para ajudar a cidade. Tanto os moradores como os trabalhadores.
Para quando espera uma retoma a 100%?
Na versão otimista, penso que no Natal estaremos a consumir e a fazer compras e a compensar um bocadinho aquilo que foi este ano. E que no verão já não seja tão penalizante como no ano passado. Agora, em termos realistas, com o turismo, com circulação de pessoas para níveis que tínhamos, isso vai demorar mais um bocadinho. Talvez um a dois anos.
Voltaremos a ter Lisboa tal como a conhecíamos antes?
Se calhar com outras novas atrações também. A cidade tem luz, tem vida. Todos gostamos de visitar, fazer compras, viver e passear na rua. Essa Lisboa existe e vai voltar. Mas é preciso que as pessoas consumam no comércio local e ajudem a economia a começar a sua reforma. Somos um povo muito solidário e, entre todos, conseguimos levar isto a bom porto. Foi mais um desafio para olharmos para trás e dizermos: ‘Foi difícil mas conseguimos’.