Faltam seis meses para as eleições autárquicas, mas já são conhecidos quase todos os candidatos à Câmara de Lisboa. Há, pelo menos, nove candidatos (nas últimas eleições foram 12). Oito já são conhecidos e o PAN tenciona anunciar em breve o candidato do partido.
A novidade é que o PSD, ao contrário do que aconteceu há quatro anos, aposta num candidato forte com a ambição de vencer e entra na corrida em coligação com os centristas. Outra das novidades é o aparecimento de novas forças políticas como o Chega e a Iniciativa Liberal que podem baralhar as contas dos principais partidos.
Carlos Moedas já deu o tiro de partida para a pré-campanha com o lançamento do primeiro cartaz em Lisboa (ver texto ao lado) e tem a difícil missão de enfrentar Fernando Medina que está à frente da autarquia há seis anos.
Lisboa é governada há quase 15 anos pelos socialistas. António Costa conquistou a Câmara em 2007, depois de um período atribulado que levou à demissão de Carmona Rodrigues e à realização de eleições intercalares.
Em 2013, o agora primeiro-ministro convidou Fernando Medina, que na altura era deputado, para número dois a pensar na possibilidade de sair para liderar o PS. Foi isso que aconteceu e dois anos depois decidiu deixar a câmara para se dedicar em exclusivo ao partido.
Medina assumiu o cargo e candidatou-se pela primeira vez nas últimas autárquicas, em 2017. Perdeu a maioria absoluta, mas ganhou as eleições com 42% dos votos e governou a câmara em coligação com o Bloco de Esquerda.
Os últimos 15 anos foram quase uma tragédia para o PSD em Lisboa. Em 2017, o partido conseguiu pouco mais de 11% dos votos e foi ultrapassado pelo CDS que conquistou o segundo lugar com a candidatura de Assunção Cristas. O_PSD apostava no regresso de Santana Lopes, mas o ex-primeiro-ministro não aceitou entrar na corrida e a candidata acabou por ser Teresa Leal Coelho que fez uma campanha solitária.
PSD e CDS foram separados, mas os dois partidos juntos não conseguiram ultrapassar os 32%. Ou seja, muito longe dos 42% de Fernando Medina.
Em 2013 não foi melhor. António Costa venceu a Câmara com maioria absoluta e a coligação entre o PSD e o CDS, liderada por Fernando Seara, conseguiu apenas 22%. Num entrevista ao SOL, uns anos depois, Seara admitiu que na hora da verdade ficou quase sozinho. “Muitas pessoas do PSD, certamente por mera casualidade, resolveram meter férias em agosto e setembro de 2013 e, portanto, não se quiseram comprometer durante a campanha”.
Os trunfos de Medina e Moedas
Carlos Moedas quer dar a volta aos maus resultados do PSD nas últimas eleições e promete fazer uma campanha “diferente”. Uma das apostas do ex-comissário europeu é unir a direita e envolver os independentes. A tentativa de construir uma grande coligação não foi totalmente bem conseguida com a decisão da Iniciativa Liberal de apresentar um candidato próprio. O acordo com o CDS já está fechado, apesar das divergências internas nos dois partidos por causa dos lugares.
Outro dos trunfos que o social-democrata quer utilizar na campanha para fragilizar o adversário são as promessas não cumpridas de Medina, nomeadamente na área da habitação. No lançamento da candidatura acusou a gestão socialista de não cumprir “muitas promessas que foram feitas”, como “as seis mil casas que foram prometidas” com rendas acessíveis ou os “14 centros de saúde que também foram prometidos e não estão lá, está um”.
O_PS têm outros trunfos para atacar o candidato de direita. A ligação ao Governo da troika, que aplicou duras medidas de austeridade, é uma das críticas que já estão a ser lançadas por alguns socialistas. “Ser o secretário de Estado da troika continua a ser o seu principal currículo político”, escreveu, nas redes sociais, o dirigente e deputado socialista Porfírio Silva, num comentário sobre a ida do candidato ao programa do humorista Ricardo Araújo Pereira.
Medina ainda não entrou em jogo, mas conta com a obra feita e com os apoios sociais distribuídos pelos lisboetas devido à pandemia. Ao contrário do candidato do PSD, Medina não precisa de entrar tão cedo na disputa eleitoral e vai aproveitar os próximos meses para lançar medidas em áreas sensíveis como a habitação para a classe média.