Pode ser conhecido como o pulmão do planeta Terra mas, em Manaus – capital do estado do Amazonas, ponto importante próximo da floresta da Amazónia –, as autoridades reportaram a morte de um número indeterminado de vítimas por falta de oxigénio devido à covid-19. O cenário é caótico: pessoas morrem sufocadas em hospitais lotados e perto de entrar em rutura. Médicos que não têm mãos a medir para tantos doentes são obrigados a transportar pacientes nos seus próprios carros, enquanto os cidadãos de Manaus tentam comprar botijas de oxigénio no mercado negro.
As doses de emergência enviadas pela força aérea brasileira não foram suficientes para lidar com as vítimas da capital do Amazonas e o Governo brasileiro viu-se obrigado a apelar à ajuda internacional, pedindo aos Estados Unidos para disponibilizar aviões para ajudar a transportar oxigénio até Manaus. A Venezuela anunciou no sábado que iria enviar um primeiro carregamento de oxigénio para esta cidade.
Entretanto, a forma que o Governo encontrou para salvar pacientes foi enviá-los para hospitais de outros estados brasileiros. Os últimos dados indicam que 235 pacientes já tinham sido transferidos através de aviões da força aérea.
“Fizemos a nossa parte” O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, está a ser fortemente criticado pela forma como lidou com a gestão do colapso sanitário de Manaus e o Governo está a ser acusado de minimizar os alertas recebidos pela capital em relação ao estado da pandemia.
Face a estas acusações de incompetência ao Presidente de extrema-direita, diversos políticos utilizaram as redes sociais para exigirem a destituição de Bolsonaro, através da hashtag #ImpeachmentBolsonaroUrgente, que se tornou viral no Twitter.
“Mais uma prova contundente da responsabilidade do Governo Federal pelas mortes em Manaus. Bolsonaro é um genocida. Rodrigo Maia [presidente da Câmara dos Deputados do Brasil], abra o processo de impeachment! Deixe o povo saber de todos os crimes cometidos por Bolsonaro! Ele deve ir para a cadeia!”, escreveu no Twitter Ciro Gomes, ex-candidato à Presidência do Brasil.
Bolsonaro reagiu e defendeu que o Governo “fez a sua parte” para evitar a crise na capital do Amazonas, que, desde o início da pandemia, registou 223 360 casos de infeção e 5930 mortes. Em maio passado foi obrigado a abrir valas comuns para agilizar os enterros das vítimas da pandemia.
Nova variante No meio deste caos na capital do Amazonas foi detetada uma nova estirpe da covid-19 que, apesar de possuir mutações que estão associadas à “maior transmissão”, escreve o site de notícias brasileiro G1, “ainda não é possível afirmar se é mais transmissível ou não”.
Esta variante possui mutações na proteína spike que podem aumentar ou diminuir a transmissão do vírus. Contudo, segundo estudos citados pelo site brasileiro, pode ser bloqueada pelos anticorpos produzidos pela vacina. No entanto, os investigadores alertam para uma possível mutação naquela proteína que pode provocar um impacto na vacina – chamado escape vacinal – que deve ser detetado rapidamente para que esta seja reajustada conforme as variantes.