O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) manifestou esta terça-feira preocupação com os critérios de gestão dos voos da TAP. Em comunicado, o SPAC afirma que estas opções têm causado prejuízos à empresa, uma vez que não permitem rentabilizar voos que historicamente têm taxas de ocupação altas.
"O SPAC vem demonstrar a sua preocupação pelo facto de voos para destinos que historicamente sempre foram operados pela TAP com taxas de ocupação elevadas e com várias frequências diárias, não estarem a ser rentabilizados devidamente, apesar de haver procura, numa altura em que a TAP está necessitada de mercado para recuperar da crise", lê-se no comunicado, que se refere a destinos onde existem comunidades de emigrantes.
Segundo o sindicato, o "abandono destes voos por parte da TAP" está a causar "prejuízo evidente" para a empresa, "com a consequente perda de receitas, aproveitamento de aeronaves e tripulações que se encontram imobilizadas”. O SPAC alerta que as receitas são "vitais" para a companhia aérea e acrescenta que "não encontra (…) justificação para esta política comercial uma vez que existe neste momento mercado de passageiros interessados nestes voos”.
De acordo com o sindicato dos pilotos, companhias como a KLM, a Lufthansa, a Swiss ou a Easyjet têm vindo a aproveitar o facto de a TAP não estar a operar aqueles voos com várias frequências diárias. "Estas companhias estão a operar, por exemplo, a partir da cidade do Porto com aeronaves de elevada capacidade, tendo por vezes recorrido a aviões de longo curso para satisfazer a procura crescente por parte de passageiros", diz a nota. O SPAC dá como exemplo as ligações entre o Porto e Zurique e Genebra, realizadas no dia 19 de dezembro, pelas companhias Swiss e Easyjet, que realizaram 12 ligações "na sua maioria com elevadas taxas de ocupação".
O sindicato considera a gestão de voos da TAP "incompreensível" do ponto de vista comercial e económico e acrescenta que "esta política comercial e de gestão, com cancelamentos sucessivos de voos, vem induzir nos passageiros, mesmo os frequentes, incerteza na hora de reservarem o seu voo levando-os a optarem por outras companhias com uma política comercial consistente”.
Recorde-se que o plano de reestruturação da TAP entregue à Comissão Europeia prevê o despedimento de 500 pilotos, 750 tripulantes de cabina e 750 trabalhadores do pessoal de terra. O plano prevê ainda uma redução transversal de 25% dos salários do restante pessoal que trabalha no Grupo TAP (30% no caso dos órgãos sociais) e a redução da frota para 88 aviões.