O Prémio Nobel da Paz entregue ao primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed Ali, constitui um "enorme embaraço para o Comité Norueguês do Nobel" e "um dano importante para a reputação" do prémio, considerou à Lusa um investigador norueguês.
"O Nobel da Paz entregue a Abiy constitui um enorme embaraço para o Comité do Nobel [norueguês, que decide o Nobel da Paz. Os restantes cinco Nobel são concedidos por instituições suecas], sem dúvida. Constitui um dano importante para a reputação do prémio que ele tenha sido atribuído no ano passado a um líder de uma guerra, ainda por cima, acusado de crimes de guerra generalizados, de crimes contra a humanidade e mesmo de genocídio, como alertaram já organizações não governamentais como o Genocide Watch, e a conselheira especial das Nações Unidas para a Prevenção de Genocídios [Pramila Patten]. Isto é embaraçoso para o Comité do Nobel", considerou em declarações à Lusa Kjetil Tronvoll, professor no departamento de Ciência Política e Relações Internacionais na Bjorknes University College, na Noruega.
Abiy Ahmed enviou o exército federal para Tigray, estado etíope no norte da Etiópia, na fronteira com a Eritreia, para substituir os líderes da TPLF, que vinham a desafiar o governo central há vários meses, por "instituições legítimas" e conduzi-los perante justiça.